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ELENA MACKENZIE

— Suzie... eu... — gaguejei sem reação. — Como assim?

— Elena, o que foi? — Vinnie perguntou após ver como fiquei com essa notícia, e eu levantei minha mão em forma de dizer que já falaria com ele.

— Disseram que foi acidente de carro — ela deu uma pausa antes de continuar. — Mas eu duvido, seu pai andava muito tenso desde o dia que foi atrás de você.

— Então quer dizer que você tem dúvidas se foi mesmo um acidente de carro? — Perguntei, falhando minha voz.

— Tem muita coisa que eu tenho dúvidas sobre essa morte, Elena — ela soltou um suspiro, com o tom de voz visivelmente triste. — O enterro vai ser hoje mesmo e... eu sei que vocês não se davam muito bem, mas se quiser vir, vou te receber aqui em casa — mudou de assunto e quando terminou de dizer, prendi meu lábio inferior entre os dentes, sem saber o que dizer. — Eu espero que você venha... pelo menos por mim — praticamente sussurrou as últimas palavras.

— Eu te ligo de volta — disse por fim. — Suzie... obrigada por me avisar. Fica bem — finalizei.

— Elena... o que aconteceu? — Vinnie perguntou assim que eu desliguei a chamada.

Olhei para ele e com a voz pesada, ainda sem reação com a notícia que acabei de receber, disse: — Meu pai morreu.

No instante que disse isso, Vinnie pareceu que viu um fantasma.

— Quê?

— Suzie disse que foi acidente de carro, mas também não tem certeza, já que ele estava estranho desde o dia que veio atrás de mim — expliquei a mesma coisa que Suzie havia me contado, e Vinnie, prestava com muita atenção.

— E agora? — Ele perguntou, quebrando o silêncio que estava prestes a dominar o pequeno carro do loiro à minha frente.

— Ela disse que o enterro é hoje, e se eu quisesse ir, me receberia em sua casa.

— Você vai? — Perguntou.

— Eu não tenho dinheiro para a passagem... — revelei, soltando um suspiro. — E eu iria pela Suzie... porque por ele...

— Elena... não fala isso.

Eu não conseguia sentir por uma perda de alguém que sequer se importou comigo.

Michael nunca esteve presente na minha vida, e naquele momento essa morte não estava fazendo diferença alguma em minha vida, além do impacto de como recebi essa notícia.

Eu não sabia se me sentia mal por isso ou me culpava por dizer essas coisas sobre meu próprio pai, naquela altura que as coisas estavam.

— Aliás, queria conversar com ela pessoalmente sobre isso — mudei de assunto.

— Tudo bem, eu compro as passagens e nós vamos juntos. Ainda hoje — propôs, ainda com seus músculos mais tensos que o normal.

— Não queria te causar problemas com isso e muito menos que você gastasse comigo.

— Elena, deixa disso. Eu quero ajudar.

— Tudo bem... vou ligar para a Suzie enquanto isso — suspirei fundo e Vinnie afirmou com a cabeça, se ajeitando no banco e enfim dando partida ao meu apartamento.

Peguei meu celular e apenas apertei no número de Suzie, que já estava nos recentes, e a mesma, não demorou para atender.

— Oi, Suzie — disse assim que a mesma atendeu a ligação.

— Oi, Elena — senti tristeza em sua voz.

Suzie foi a única namorada de meu pai, que eu gostei. Ela cuidava de mim e de Kevin, e teve respeito pela gente e pela nossa mãe, coisa que meu próprio pai nunca teve.

— Eu irei ir sim até Los Angeles. Eu e Vinnie — anunciei.

— Será ótimo. Temos coisas para conversar, que não dá para falar por telefone — suspirou fundo — E aliás, quem é Vinnie? — Perguntou.

Olhei para Vinnie, que dirigia com muita atenção e segurava firme no volante, e por um segundo, passou pela minha cabeça o que nós éramos.

Minha relação com Vinnie era bem mais do que apenas amigos, e eu só fui perceber isso, agora.

— Eu vou te apresentá-lo quando chegarmos —disse rapidamente, sentindo os olhos de Vinnie pesar sobre mim.

— Então tudo bem. Me avise quando estiver chegando — disse antes de enfim finalizar a chamada.

Coloquei meu celular de volta onde estava e senti quando a mão pesada de Vinnie acariciou minha coxa, fazendo-me olhar para seu rosto.

(...)

Depois de Vinnie ter comprado as passagens, nós arrumamos as malas e fomos direto ao aeroporto, e nada me fazia tirar da cabeça o quanto ele estava disposto a me ajudar naquele momento.

Eu também estava tão pensativa ainda sobre como iria apresentá-lo para Suzie.

— E aí, vai ir na janela? — perguntou, com a mão apoiada no banco da frente.

— Vou — respondi, passando na frente do loiro e me sentando logo em seguida.

Ele também se sentou ao meu lado e se acomodou, percebendo que eu estava um pouco nervosa sobre tudo o que estava acontecendo.

— Vinnie — chamei, tornando a me olhar. — O que nós somos? Suzie hoje me perguntou quem era você, e eu não fazia a mínima ideia de como te apresentar, já que eu tenho certeza, que nossa relação vai bem mais do que apenas "amigos".

— Nós somos o que você quiser, linda — ele sorriu levemente. — Eu gosto de como não temos nada, mas ao mesmo tempo, temos tudo.

— Então a gente não é nada?

— Não é bem assim — ele mordeu seu lábio inferior antes de continuar. — Eu acho que já te disse o quão eu amo cada pedaço de você — ergueu a sobrancelha. — Principalmente a bunda.

— Se não falasse algo assim, seria estranho — comentei, soltando uma risada baixa.

— Olha, eu serei o que quiser que eu seja... até porque, eu amo estar com você e o Vinnie de alguns meses atrás não iria admitir isso — ele olhava para os meus olhos com atenção, e nada o faria quebrar aquele contato visual. — Acho que você é a minha única pessoa favorita desse mundo, e eu poderia passar o resto da minha vida com você.

Ele também era a minha a minha única pessoa favorita desse mundo. E eu poderia ter certeza que se existisse uma outra vida depois dessa, eu sempre escolheria passar com ele.

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