Lar, doce lar - Bucky Barnes

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Bucky liga para Steve Rogers e finalmente conta cada detalhe das coisas que estão o preocupando há dias. A princípio, parece que está traindo Andrew por contar sobre as poucas horas que fica no apartamento e os possíveis segredos que guarda, é um tipo de culpa que começa a perceber que está se acostumando a sentir.

Donna, que o acolheu em seu apartamento, finge prestar atenção nos gatos que brincam no canto da sala, sorrindo para o pequeno filhote que salta de um lado para o outro. Ela não perguntou nada desde que entraram, oferecendo um lugar provisório para ele ficar até Andrew voltar, o que demora mais do que o esperado.

– Andrew já voltou? – Steve pergunta, sua preocupação evidente em sua voz como se temesse que Nick Fury delatasse Andrew. Não é improvável, apesar de que existe a opção de Andrew fazer um acordo para se livrar de Bucky e agora mesmo uma equipe da SHIELD pode estar rondando o prédio para prendê-lo.

Se não fosse por Steve, Bucky já teria fugido do apartamento e estaria no terceiro trem para o mais longe possível. Entretanto, Steve afirmou que Andrew jamais os deixariam na mão, que, apesar de nunca ter dito voz alta de que lado estava, ele não poderia enganá-los nem traí-los, não importa quais seriam as consequências.

Bucky tem suas dúvidas e por isso não consegue ficar parado.

– Claro que não. Steve, se eu sair agora posso ter tempo... – Bucky começa seu discurso pela quarta vez, angustiado com o quão firme é a opinião de Steve em relação a Andrew ser completamente confiável.

– Com licença. – a voz baixa de Donna faz Bucky afastar o celular do ouvido, o pressionando no ombro ao se virar para a olhar a senhora que está parada com uma bandeja nas mãos, um sorriso gentil envolvendo seus lábios. – Desculpe atrapalhar, mas você não gostaria de um chá? – Ela estende a bandeja, mostrando o perfeito conjunto de xícaras e bule de porcelana branca com adornos dourados. Parece algo terrivelmente caro para ser usado, Bucky provavelmente recusaria, mas seu nervosismo formiga cada centímetro de sua pele e a voz de Steve está começando a irritá-lo.

– Steve, tenho que ir, conversamos mais tarde. – ele desliga o celular sem esperar por uma resposta e o joga no bolso da jaqueta. – Obrigado. – Bucky aceita uma xícara de chá, observando quando o rosto de Donna se ilumina.

– Você é o adorável amigo de Andrew, certo? Eu o vi certo dia. – Pode ser impressão de Bucky, mas Donna tem a voz mais calma e alegre que um dia ouviu. Ela parece cantar, como se tivesse saído diretamente de um musical. Há um sotaque elegante que acompanha suas palavras, talvez seja francês, ele não tem certeza. – Por que não se senta?

Ela oferece o lugar no sofá, deixando a bandeja na mesinha de centro antes de sentar na poltrona azul que é enorme e tem pelos de gato por toda a parte. Bucky faz o que é pedido, apesar de ainda cada átomo de ser se remexer de ansiedade pela mera possibilidade de agentes da SHIELD entrarem no apartamento e o prenderem.

– Sabe, eu nunca vi Andrew trazer um amigo para seu apartamento. – Donna conta, seus olhos parecem encantados com Bucky, brilhando de animação como se nunca tivesse visto alguém parecido com ele. – Na verdade, é difícil dizer a última vez que alguém o procurou. Essas últimas semanas foram realmente incomuns, tantas pessoas indo ao seu apartamento.

Bucky não sabia o que dizer quanto a isso, então apenas ficou olhando para o chá.

– Vocês dois têm um relacionamento? – A pergunta é tão de repente que Bucky fica feliz por não estar bebendo chá, porque caso contrário teria engasgado. – Quando eu vi você, era cedo demais e ninguém havia passado pela recepção. Imagino que tenha dormido lá, como sempre. Andrew nunca teve um relacionamento sério, exceto por aquele garoto corredor... – A última parte foi praticamente sussurrada, mas Bucky a escuta e ergue as sobrancelhas em surpresa.