Lar, doce lar - Bucky Barnes

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O prédio em que Andrew morava fica em uma cidade esquecida em Washington, onde a facilidade para se locomover de trem permitia que qualquer um ingressasse em uma faculdade e fosse para a universidade de Washington em menos de duas horas. Durante anos da vida de Andrew, ele teve essa rotina confortável e agradável, andando de trem todos os dias para ir à faculdade e trabalhando, fazendo terapia e passando as tardes de domingo com Donna quando a faculdade não o atolava de trabalhos. Era uma vida boa, Andrew amava aquela vida e nunca imaginou que a trocaria por alguma coisa. Tony tentou o convencer a morar em Nova York tantas vezes, ofereceu de tudo, porém Andrew se negou porque havia alguma coisa em morar longe da agitada cidade de heróis que acabava por reconforta-lo.

Olhando para a fachada do prédio de quatro andares, Andrew sente seu coração aquecer com as memórias e meio que deseja poder voltar a morar lá. Claro, ele sabe que é só um pensamento intrusivo e não há nada nesse mundo que realmente o faça querer voltar para essa vida. Bem, não depois da reunião com o presidente dos Estados Unidos.

A Arqueira definitivamente tentou incriminar Bucky Barnes e Sam Wilson por um de seus atentados, Andrew conseguiu provar isso e ainda recebeu uma confissão em palavras de Barão Zemo, que contou cada detalhe de seu plano e suas motivações. Claro, isso só fez o presidente perceber que Bucky não era culpado por aquelas mortes, não diretamente. As coisas eram mais complicadas que isso, porém nenhuma autoridade poderia prender Barnes caso o visse na rua. Com essa exigência digitalizada e assinada pelo presidente, Andrew jurou trabalhar por mais cinco anos para o governo e ser oficialmente o herói dos Estados Unidos. Essa exigência do presidente quase o pegou de surpresa, mas na noite anterior Beatrice Esposito informou que isso poderia acontecer após a repercussão que o atentado ao clube recebeu e a maneira como as pessoas tratavam Andrew como um herói mais adorado do que o Capitão América e qualquer outro Vingador.

Com quinze anos de sua vida prometidos em uma folha de papel e uma assinatura idiota, Andrew não tem mais a chance de ficar com o apartamento porque Donna ligou semana passada e avisou que estaria vendendo o prédio. A dor que se instalou no coração de Andrew foi real, tão real quanto seus ataques de pânico que teve durante as últimas duas semanas desde que voltou do México. Ele voltou para a terapia, recebeu conselhos de sua psicóloga e acabou percebendo que Laila Cooper o assombraria por anos até que Andrew se convencesse de que ela realmente poderia ter causado um dano irreparável em sua equipe caso não recebesse nenhum tipo de repreensão.

Isaac Malenty para ao seu lado, inclinando levemente a cabeça para o lado como se quisesse lembrar de cada detalhe do prédio.

– Por que você não compra o prédio? – Malenty sugere casualmente, enfiando as mãos nos bolsos da calça de moletom com a mesma calma que tem quando lê as principais notícias do dia nas manhãs de sábado.

Andrew ri, acreditando que Isaac está brincando com ele, porém quando olha para Malenty, ele percebe que está falando sério e isso o assusta. Claro, ele sabe que tem dinheiro para comprar cinco companhias aéreas se quisesse, porque o salário que recebe dos setenta países permite que ele tenha uma vida de luxos desnecessários e fúteis. Porém, o que ele faria com um prédio de quatro andares? Seria somente para agradar sua memória e suas lembranças? Ele não consegue fazer isso.

No entanto, Isaac continua casual com a sugestão que levantou.

– Estou falando sério. – continua, olhando para os comércios ao redor com um interesse engraçado. – Esse é um ótimo bairro, em uma cidade que ninguém se importa em saber o nome. Você pode vir para cá nas férias, ser uma pessoa normal durante algumas semanas e depois voltar para aquele complexo idiota. Pense bem.

– Malenty, esse prédio tem quatro andares. O que eu faria com os outros apartamentos? Não tenho a intenção de vendê-los, isso meio que quebraria a privacidade. – Andrew diz, embora a sugestão esteja coçando a sua mente.