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Bucky reconhece o fato de não merecer perdão.

Tudo o que fez, as coisas que submeteu as pessoas passarem e sofrerem, o atormentava diariamente. E ele sabia que não poderia mudar o passado, não tinha capacidade de compensar todo o sofrimento que causou. Essa dura realidade de sofrimento que fez com as pessoas, o assombra no meio da noite.

Acorda com o suor ensopando seu cabelo, o coração martelando furiosamente contra seu peito enquanto raciocina que o sangue em suas mãos não era nada a não ser uma ilusão de sua mente. Ele sente um nó na garganta, piscando os olhos para se acostumar à escuridão, tentando se lembrar onde estava.

Os vasos de flor suspensos no teto e a estante ao lado da cama é o suficiente para lembrá-lo de como foi parar no último lugar que deveria estar. Estar ali, na casa de Andrew Stark, é a coisa mais estúpida que se fez desde a briga no aeroporto. Ele tem muitos arrependimentos na vida, sabe que nunca conseguirá balancear o peso do sofrimento com boas ações, mas de todos seus erros, estar ali não é tão ruim. Mesmo que seja inconsequente de sua parte ter aceitado.

Steve insistiu que aquele apartamento em um prédio de cinco andares era o lugar mais seguro no momento, apesar de Bucky duvidar, ele acreditou em Steve, estando a favor de parar de fugir por um tempo. O lugar era confortável, pequeno para duas pessoas viverem ali sem esbarrar uma na outra, dificilmente é provável acreditar que um Stark morasse ali. Não há televisão nem computador, os livros são o maior entretenimento. Bucky ainda espera por uma cilada, a porta ser arrombada e agentes da SHIELD entrarem ali, e Andrew ser o causador de tudo isso. É o mínimo que ele merece por ter causado tanto sofrimento, ele matou os avós de Andrew, e ainda assim o Stark estava disposto a acolhê-lo.

Não fazia sentido.

Steve havia explicado a ele que Andrew era diferente de Tony Stark, o jovem era mais gentil do que qualquer outra pessoa que Steve já conheceu. Ele estava pronto para qualquer pedido que Steve fizesse e, mesmo que fosse contra, se acreditasse que era uma coisa boa, faria sem maiores contradições. Aparentemente, ele era o protegido de Natasha Romanoff. E, desde o tratado de Sokovia, a equipe nunca esteve tão dividida e confusa, cada um em uma parte do mundo, o que fazia Andrew se sentir deslocado. Palavras de Rogers.

Bucky treme quando empurra a coberta para o lado, se esforçando para ser o mais silencioso possível ao se levantar da cama. Está pronto para procurar alguma coisa na cozinha, porém se detém ao perceber que o sofá está vazio, a manta jogada de qualquer jeito no chão.

A porta do banheiro está aberta, sem nenhum sinal de alguém lá dentro.

Bucky atravessa a cama até o balcão da cozinha em poucos passos, avaliando a possibilidade de haver um Andrew desmaiado. Porém ele pensa que deve estar exagerando, Andrew pode ter saído no meio da noite por razões pessoais. Não é da sua conta de qualquer maneira.

Entretanto, indo contra tudo que Barnes esperava encontrar, Andrew está escondido atrás do balcão, com as pernas cruzadas e as costas encostadas em um dos armários do lado do fogão, a mão segurando frouxamente uma garrafa de vinho. Embora esteja escuro e a pouca iluminação que ilumina o apartamento vem de fora, através das cortinas, dos postes de luz que cessam a escuridão nas ruas afora, é possível notar o quão abatido Andrew está.

Seus olhos estão perdidos num canto qualquer da parede acima dos armários, os lábios entreabertos e o braço jogado de qualquer jeito ao lado do corpo. Seus cabelos nunca estiveram tão bagunçados e o cansaço era nítido em seus olhos. Demora um pouco até que Andrew ergue os olhos para encarar Bucky, lentamente registrando o homem em pé.

– Oh! – Andrew se força a soar surpreso, mas soa tão mentiroso, de maneira dramática, que Bucky percebe que ele está bêbado. – Olá, Barnes. – cumprimenta de qualquer maneira, voltando sua atenção para cima, os armários suspensos não recebendo iluminação o suficiente para Bucky perceber de primeira o que conquista a atenção de Stark. Ele vira a garrafa de vinho na boca, dando um longo gole antes de limpar a boca com as costas da mão. – Junte-se a mim. – convida, meio idiota para alguém que parece tão abatido e indica para se sentar ao seu lado.

Lar, doce lar - Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora