16

1.9K 201 10
                                    

(Capítulo não revisado)


1 ano e 3 meses atrás


O sangue é um mero detalhe por baixo das unhas de Andrew, está seco e provavelmente em algumas horas estará acumulando mais sujeira para se reunir ao calor tenebroso das luvas de couro. O sol é o plano de fundo, raios quentes queimando as costas e o pescoço do Stark, suas roupas em camadas e com mais tecido do que o indicado o lembram o motivo de estar ali. E a arma em suas mãos tem um peso familiar, a bala disparada ainda faz os dedos formigarem e a sensação dos ossos tremendo é meramente ilusória, seus olhos, no entanto, estão mais interessados na área de aterrissagem dos aviões do que com a pistola.

Andrew reconhece que indicar a Steve Rogers onde encontrar o quinjet não havia sido uma das suas melhores decisões, porém, quando ele vê Rogers e metade dos Vingadores ao seu lado, ele se convence de que fez o certo. Em algum lugar no fundo de sua mente, Stark força a esquecer as razões de se juntar a eles e lutar pelo o que acredita, porque é o que Steve faria, é o que ele fez. Porém, Andrew sempre foi covarde e sabia disso, desde que morava no casarão, ele era considerado um garoto covarde e com medo de tudo e todos. As coisas continuam sendo as mesmas.

Ele considera retirar as luvas e encarar suas decisões anteriores, não foram as melhores, mas definitivamente foram necessárias. Há quem discorde, há quem diga que Andrew é igualzinho a Tony Stark e sua arrogância escondida atrás dos milhares de dólares que doa para instituições podem ser uma prova disso, porém, Steve Rogers acredita nele e de alguma maneira isso o faz se sentir mais digno. Andrew sabe que é arrogante de sua parte pensar que pode ficar de fora dessa luta a favor de querer que todos o vejam da mesma maneira, que todos continuem gostando dele, mas isso não o torna menos covarde.

– Ouvi os rumores sobre você, mas eu quis ver de perto. – Uma voz feminina desperta Andrew do seu ciclo de culpa constante e enlouquecedor e, apesar disso, ele não oferece nenhum único sinal de reconhecimento de que ouviu a mulher. Ela, no entanto, continua sem se abalar pela indiferença do Stark: – O corvo... O garoto que anda lado a lado da morte, estou impressionada.

Embaixo deles, Steve Rogers e Tony Stark discutem.

– Você atirou em sua própria cabeça. – A mulher parece impressionada, animada até com a possibilidade de Andrew Stark ter atirado na própria cabeça e ainda assim continuar vivo como se nada tivesse acontecido. – Deixe-me ver. – Ela se aproxima, Andrew permanece sentado com as pernas balançando no ar. A mulher agacha ao lado dele e pressiona dois dedos em seu queixo, erguendo para cima para observar melhor a marca de sangue seco em sua têmpora. – Uau! Isso é incrível.

– Afinal, quem é você? – Andrew pergunta, colocando a arma ao seu lado para conseguir apoiar as mãos no parapeito e virar para olhar a mulher.

A mulher de pele negra, cabelo cacheado que bate na metade das costas e olhar confiante parece muito alguém que Andrew conhece. Ele não sabe qual dos Vingadores mais se parece com ela, mas ele sabe quem não se parece. Bruce Banner nunca conseguiria exalar aquela alta confiança nem se tentasse, ele era gentil demais e muito ciente do Hulk dentro dele e talvez isso o impedisse. Essa mulher tem a postura de uma líder, provavelmente a lábia de uma também, Andrew não duvida disso.

Assim que seus olhos correm por ela, Andrew volta sua atenção para a luta que acontece abaixo deles e quase pega a pequena coragem em seu peito e a transforma em algo a mais para conseguir descer até lá e lutar ao lado de Steve Rogers. Para Andrew, nunca foi um segredo em quem ele acreditava, jamais um mistério os princípios que o transformaram na pessoa que é hoje. Porém para toda a sua família, que é composta por heróis, todos buscaram saber quem ele escolheria. Steve ou Tony. Era como um maldito clip da Taylor Swift, um divórcio terrível e Andrew quase conseguia ouvir a música tocando no fundo de sua mente.

Lar, doce lar - Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora