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Esperando do lado de fora do complexo dos Vingadores, Andrew leva o cigarro aos lábios e dá uma tragada, respirando a fumaça antes de a deixar escapar. O som da chuva o conforta de certa maneira, há algo familiar nas gotas de água que caem do céu e provavelmente o levam de volta ao minúsculo apartamento, onde suas plantas continuam a morar lá e depois de tanto tempo podem ser consideradas mais da Donna do que de Andrew. Ela prometeu a ele que cuidaria das plantas, garantindo que nenhuma morresse em sua ausência.

A grama se estende por quilômetros ao redor do complexo até alcançar a floresta, uma pista abre caminho para a entrada do complexo onde um carro preto surge no meio das árvores e acelera através da pista. Andrew observa, segurando o guarda-chuva com uma mão enquanto com a outra ele segura o cigarro.

O carro estaciona na frente de Andrew, a porta abre e Isaac dispara para fora do carro com uma velocidade que deixa Stark desnorteado, soltando o guarda-chuva e o cigarro ao sentir os braços envolverem seu corpo. Ele estabiliza o peso do próprio corpo e o de Malenty, segurando Isaac com força, indiferente à chuva que os atinge.

A relação deles nunca foi carinhosa, não como Alexander e Andrew eram, mas, de alguma forma, era mais complexa e intensa do que com qualquer outra pessoa. Andrew sentia mais necessidade em estar por perto de Isaac, mas não necessariamente querendo tocá-lo ou precisando disso. Palavras não eram a especialidade deles, porém olhares e breve comunicações silenciosas forneciam uma melhor explicação para a relação deles. O máximo de toque que eles faziam era fazer suaves círculos nas costas, procurando acalmar o outro e é exatamente o que Andrew faz ao sentir Isaac tremer de frio, vestido com somente uma camisa e uma calça.

Isaac está descalço, os pés afundados na grama molhada, o corpo tremendo sob os braços de Andrew.

– Ei, respire. – Andrew aconselha, passando a mão pelas costas de Isaac em pequenos círculos. – O que aconteceu?

– Laila não é a Arqueira. – Isaac se afasta, mantendo as mãos nos ombros de Andrew, como se temesse perdê-lo de vista.

Andrew só se dá conta do quão destruído Isaac Malenty está quando seus olhos se acostumam à chuva e então ele vê o corte que atravessa o rosto de Isaac, profundo e cruel com sangue secando nas bordas. Há outro corte que quebra os lábios e um hematoma roxo que surgiu na maçã esquerda do rosto de Isaac. Algo dentro de Andrew se parte com a visão de Isaac tão ferido, cacos de vidro parecem atingir seu peito e, de repente, ele se vê desesperado para garantir que Malenty fique bem.

– E-ela não é... Você precisa acreditar em mim.

E porra, ele acredita.

Andrew desconfia que acreditaria em qualquer coisa que Isaac dissesse, realmente disposto a dar ouvidos para Malenty. O desespero em sua voz, no entanto, é o suficiente para convencer Andrew, mesmo que ele tenha ouvido Sam e Bucky tentando convencê-lo de que Laila Cooper era a Arqueira e até mesmo considerando a possibilidade.

– Eu acredito. – diz, oferecendo toda a sinceridade que pode disponibilizar para acalmar Isaac. Rapidamente, vendo a maneira que Isaac está tremendo, Andrew retira o casaco preto que está vestindo e passa pelos ombros de Isaac. – Vista, está congelando aqui fora.

Malenty parece não ouvi-lo, seus olhos estão disparando para todos os lados e o pânico o atinge quando olha para cima, como se visse um fantasma na janela. Andrew segue o olhar dele, mas não encontra nada além da janela de seu quarto.

Colocando-se na frente de Isaac, Andrew o força a manter a atenção nele.

– Ei, fale comigo, Isaac. – pede, passando o braço de Isaac pela manga do casaco antes de fazer a mesma coisa com o outro braço. Isaac não percebe o que está acontecendo, está muito desesperado para prestar atenção em Andrew subindo o zíper do casaco até estar acolhido no calor. – Onde você esteve nos últimos dias, hein? Eu fiquei preocupado.

Lar, doce lar - Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora