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Lorelai tinha os olhos mais incríveis que Andrew já viu, eram roxos e ficavam intensos sob a luz da lua. Os cabelos dela eram longos, ondulados e tingidos de preto de modo que destacava sua pele pálida e os olhos roxos. Apesar de sua aparência incomum, Lorelai era confiante o suficiente para ocultar o quão inseguro Andrew estava na época.

Diferente do que todos pensavam, Lorelai e Andrew não gostavam um do outro de forma romântica, longe disso. Eles sempre foram mais como irmãos, se conheceram na casa provisória de Andrew, ela era filha única e seus pais resolveram encontrar uma companhia para ela dentro de um orfanato. Se deram bem, a princípio parecia tudo perfeito demais.

Andrew gostava daquela vida, sem crianças gritando e sem o terrível apelido o perseguindo. Ele estava pensando em ligar para a diretora do orfanato e se vangloriar de não ter havido nenhuma morte, que, na verdade, o azar estava relacionado ao orfanato. No entanto, no fim de semana, os pais de Lorelai foram para a igreja de manhã e quando voltaram, um caminhão colidiu contra o carro deles. Quando a ambulância chegou, eles já estavam mortos.

– Mamãe estava certa. – Lorelai disse certa noite. Eles estavam deitados na cama, embaixo das cobertas, com medo da assistente social aparecer na manhã seguinte e os levarem para um orfanato. – Aquele corvo nas suas costas... Ele indica algo, não é? Você sempre terá a morte o seguindo.

Andrew não respondeu naquela noite.

No dia seguinte, a assistente social não bateu na porta, mas Tony Stark apareceu lá com dois advogados e um teste de DNA.

Lorelai superou a culpa que tentou colocar nos ombros de Andrew, escolhendo acreditar que era a dor do luto ter a feito dizer aquelas palavras ao invés de aceitar a verdade como ela era. Ela não estava errada, Andrew sabia disso.

Andrew se encolhe nas cobertas, sentindo-se febril nessa manhã fria, apesar de saber que a culpa de sua gripe está totalmente ligada à chuva que enfrentou no dia anterior. O colchão de ar é mais confortável que o sofá, embora nem se compare com a sua cama onde Bucky Barnes dorme nos últimos dias. Ele não teve coragem de expulsar Barnes de sua cama, permitindo que ele ficasse lá até seu último dia.

– Você não vai levantar? – Bucky pergunta, o cheiro de ovos faz Andrew se questionar se deve ou não levantar para checar o bem-estar de suas panelas.

Ele até tenta se levantar, porém a dor que acompanha seus movimentos faz com que Andrew caia pesadamente na cama, afundando no travesseiro. Sua cabeça lateja de dor, a fraqueza que sente é o suficiente para fazer com que Stark desista de ir para a faculdade e cancele mais uma reunião que tinha a noite.

– Você está bem? – Bucky pergunta, a preocupação se revelando em sua voz conforme ele se aproxima do colchão inflável de Andrew.

Andrew se encolhe mais nas cobertas, dando as costas para Bucky.

– Andrew. – Bucky agacha ao lado de Andrew, lentamente aproximando como se temesse assustá-lo. Andrew, entretanto, não se afasta quando sente a palma da mão de Bucky pressionar contra sua testa. – Você está com febre.

Isso explica a insuportável dor de cabeça que Andrew sente e ao possível enjoo que revira seu estômago. Talvez não tenha sido uma boa ideia esquecer o guarda-chuva no apartamento, as consequências surgem agora e Andrew as odeia.

– Vem, levanta. – Bucky pede, levantando-se e esperando que Andrew faça o mesmo. O que, é claro, não acontece.

Andrew mal se move, encolhendo-se mais nas cobertas até que seja uma bolinha rodeada pelas cobertas.

Bucky respira fundo antes de envolver o braço ao redor dos ombros de Andrew, fazendo com que ele resmungue audivelmente quando sente ser levado do conforto de suas cobertas. Apesar dos protestos de Stark, Bucky segura abaixo de seus joelhos e o leva para a cama. A cama de verdade, aquela que Andrew abdicou em favor de dar o conforto a Bucky.

Lar, doce lar - Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora