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(Capítulo não revisado)

Uma vez, Lorelai disse a Andrew que o maior defeito dele era ser apaixonado por pessoas. A princípio, ele acreditou que era uma piada que não havia entendido, provavelmente perdeu algum filme com uma referência. Com o tempo, a frase pairou sobre ele como se o fantasma de Lorelai o vigiasse, era desconfortante. Demorou um tempo até que Donna falasse algo parecido a ele, a diferença é que ela explicou.

– Oh, querido, ser apaixonado pelas pessoas não é um problema. – Donna garantiu a ele, oferecendo uma xícara de chá. – É quase como se fosse apaixonado pela vida, porque, afinal, o que são os seres humanos além de seres repletos de vida? Eles amam, decepcionam, se sentem miseráveis, choram, sentem cada sentimento intensamente, e isso é porque eles vivem. Você só é apaixonado pelas pessoas, isso não é necessariamente romântico. Tenho certeza, Andrew, que você é o ser mais compreensivo e empático que tive o prazer de conhecer. – Ela sorriu carinhosamente, um olhar materno em seus olhos que fez Andrew se sentir acolhido.

Ele não sabia dizer se ficou feliz com isso, ser apaixonado pelas pessoas soa tão lamentável principalmente pela quantidade de falhas que pode conter em um ser humano. Porém, se ele pensasse melhor sobre o assunto, ele se daria conta das segundas chances que ofereceu a sua equipe, aos infinitos elogios que falou a Laila Cooper na tentativa de fazê-la se sentir melhor após o México. Claro, ele sabia que ela errou, porém Laila reconheceu esse erro e parecia se sentir culpada por isso, ele não precisava que ela se afundasse em uma culpa que poderia ser facilmente substituída por uma sensação de conforto de que havia chance de ser alguém melhor. Também havia as várias vezes em que ele protegeu Anne Annenberg dos crimes que ela cometeu, os furtos nas lojas, as apostas, o porte ilegal de arma em países onde ela não tinha licença, e, claro, ele a defendeu mesmo quando sabia que ela estava sendo babaca. Mas ele não queria condenar ninguém de sua equipe porque sabia o peso das segundas chances, Andrew, portanto, não estava disposto a julgar seus companheiros.

Andrew acaba entrando nessa linha de pensamento quando acorda de um sonho com Lorelai, os olhos violetas deixando uma marca memorável em sua mente. A saudade o incomoda mais do que ele se permite admitir, as lembranças de Lorelai e sua amizade foram a melhor coisa que aconteceu antes de Tony Stark, talvez a única boa lembrança da época em que ele ainda transitava entre lares.

O som de algo quebrando o desconecta do passado, o fazendo se sobressaltar no colchão, olhando com os olhos arregalados para a cozinha, onde Sam resmungava um palavrão enquanto reunia os pedaços do prato.

– Está tudo bem aí, Sam? – Andrew pergunta.

– Está tudo bem. – Garante, levantando do chão com os pedaços dos cacos na mão. – O café da manhã está quase pronto. – diz, sorrindo para Andrew como se ele realmente estivesse feliz que Andrew estava passando os últimos dias das férias com eles. Andrew não esperava que Natasha ficasse genuinamente feliz em vê-lo, talvez a saudade não fosse a palavra que ele usaria para descrever o que Natasha sentia ao vê-lo, mas felicidade estranhamente se encaixava bem. – Acorde Barnes. – pede, jogando os cacos de porcelana no lixo.

Andrew olha para baixo, Bucky dorme com o rosto escondido nas almofadas que roubaram do sofá que Sam havia oferecido a Andrew para passar a noite. O colchão que Sam colocou no chão era para Barnes, que no meio da noite o arrastou até o sofá em que Andrew estava deitado, dormindo com o braço erguido, a mão segurando a de Stark como se fosse incapaz de passar uma noite sem tocá-lo. No meio da madrugada, Andrew continuou acordado, ouvindo os murmúrios de Bucky que se contorcia no colchão com um pesadelo o assombrando. Lentamente, ele levantou do sofá e puxou a coberta para o colchão, abraçando os dois travesseiros contra o corpo antes de se espremer entre o corpo de Bucky e a lateral do sofá. Bucky abriu um olho, observou Andrew se acomodar no colchão e voltou a dormir. Nenhum pesadelo o perseguiu novamente.

Lar, doce lar - Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora