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(Capítulo não revisado, desculpa qualquer erro)


Andrew cambaleia para dentro da cabine minúscula do banheiro, esquecendo de trancar a porta, preocupado com o lugar que Annenberg escondeu os cigarros e as garrafas de vodka. Ele a conhece, sabe que a sua criatividade não é a das melhores e que previsivelmente uma aposta sobre o tempo que ele pode ficar sóbrio está correndo pela equipe. A única pessoa que pode ter se recusado a oferecer dinheiro nessa aposta é Alexander Esposito, o único integrante da equipe que conhece os limites de uma aposta.

Na verdade, ele não ficou tão decepcionado com a equipe quanto imaginou que ficaria com a hipótese deles pensarem tão pouco dele. Ele reconhece o fato de ter um péssimo relacionamento com bebidas alcoólicas e o excessivo consumo de cigarros, uma vez ou outra recorrendo a drogas pesadas, não era o tipo de coisa que ele gostava de lembrar e a negação tornava-se um recurso usado com frequência. Sua própria equipe apostar sobre seu estado frágil e miserável não o preocupa tanto quanto deveria, ele mesmo estaria oferecendo dez dólares mais tarde em contribuição.

Faltam vinte minutos para o avião pousar e Andrew sente que seu corpo inteiro está queimando em chamas, o calor que sobe por sua espinha e umedece sua camiseta é o suficiente para fazê-lo querer tirar a roupa. Suas mãos tremem violentamente enquanto revira o armário, procurando pelo maço de cigarros. Ele não se considera um viciado – a negação sendo utilizada como recurso –, durante anos até o ano de sua formatura da faculdade ele foi razoável e consciente no consumo de álcool, talvez quando alguma coisa particularmente dolorosa acontecia ele tinha o direito de dar uns deslizes, porém ele se convenceu de que todo mundo fazia isso.

Andrew não percebe quando a porta é aberta, está feliz demais ao encontrar o maço de cigarro dentro de um rolo de papel higiênico no fundo do armário. Só resta o isqueiro, porém Andrew coloca o cigarro nos lábios somente para sentir a sensação, vasculhando o armário para garantir que não deixou nada para trás.

– Andrew! – Mãos fortes o puxam para cima com facilidade, obrigando Andrew a ficar em pé. O cigarro cai de seus lábios e Andrew se esforça para não cair de joelhos para pegá-lo do chão, ao invés de se humilhar por um cigarro, ele encara Bucky nos olhos e quase estremece sob o olhar sério. – O que diabos aconteceu com você, afinal?

Empurrando Barnes bruscamente para trás, Andrew percebe que não tem espaço para criar uma distância entre eles e acaba encostado na parede. Apesar disso, ele cruza os braços em frente ao corpo e fuzila Bucky com os olhos com uma falsa raiva. Seus sentimentos nunca estiveram tão confusos, o suor praticamente encharca a sua camiseta e o tecido grudado em sua pele causa uma estranha sensação desconfortável que o faz desejar arrancá-la.

– Saia daqui, Barnes! – Apesar de seu tom de voz firme, Andrew percebe que soa mais como uma súplica do que como uma ordem.

Ele odeia que Bucky o veja desta maneira, odeia que tenha chegado a esse estado e se odeia principalmente por estar tão desesperado para ter um cigarro nos lábios. Não é uma questão vício, só não há nada nesse mundo que seja capaz de ter o mesmo efeito sobre o Stark, não existe nada que possa fazê-lo esquecer do seu constante medo de altura e tecnologia. No momento, ele precisa enfrentar esses dois medos e somente estando bêbado e chapado isso seria possível.

Com a voz mais trêmula, Andrew diz:

– E-eu n-não consigo ficar dentro desse avião! Meus pensamentos estão constantemente me lembrando dos vários metros de distância que estou do chão, das chances que tenho de morrer... E não parar de pensar! – Andrew respira fundo, enfim pensamento melhor.

Ele sabe que Barnes não o deixará tão facilmente, porque Barnes não entende o que está acontecendo com Andrew e não vai entender. Andrew também não entenderia, se alguém da sua equipe estivesse tão desesperado quanto ele, talvez ele também fosse ignorante quanto ao assunto. Ele se lembra quando viu Anne perder todo o dinheiro em um cassino, ele não entendeu na época, mas a adrenalina dilatou os olhos da Annenberg e a fez continuar apostar até que só restasse si mesma para colocar em jogo.

Lar, doce lar - Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora