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(Capítulo não revisado, último capítulo)


Há uma cama de casal no chão de madeira do quarto de Andrew, uma pilha de livros substituem o que deveria ser uma mesinha que apoia um abajur simples e que custou menos de cinco dólares. As roupas estão jogadas dentro de bolsas de academia que foram abandonadas no chão há meses, sendo lembradas apenas quando Andrew as vasculha à procura de peças para vestir em ocasiões meramente superficiais e que requerem de uma atenção a mais. Embaixo do colchão há uma tábua solta, Andrew empurra o colchão e enfia a mão dentro do assoalho para se certificar de a arma que Anne deu a ele continua lá, e quando garante que está em segurança, ele coloca o colchão de volta no lugar e se senta em cima dos pés.

O silêncio entre ele e Sam é quase incômodo, como se dois estranhos tivessem sido deixados sozinhos pela pessoa que conheciam em comum e agora são obrigados a puxar assunto. Nem Andrew tão pouco Sam estão animados em conversar, apesar de Wilson aparecer na sala de estar e ser avidamente ignorado por Anne, que saiu da sala sem oferecer uma única palavra, ele não explicou o porquê de ter decidido conversar agora.

Andrew alcança a tigela de ovos mexidos que deixou no chão, cutucando com o garfo a mostarda que colocou por cima antes de levar a boca. Ele sabe que está sendo observado, reconhece a curiosidade de Sam e as perguntas que saltam de seus olhos enquanto encara o cômodo à procura de coisas caras e uma televisão digna de estar em uma sala de cinema. Quando não encontra nada de interessante, Sam suspira e finalmente quebra o silêncio.

– Bucky me disse que você ia jantar com Stark. – Sam conta, caminhando em direção a cama.

Cutucando os ovos com o garfo, Andrew observa pelo canto de olho Sam olhar com dúvida para a cama e lentamente se sentar, as pernas espalhadas para frente e os braços apoiados nos joelhos, os dedos raspando na madeira como se procurasse por tábuas soltas.

– Eu ainda vou jantar, só estou me preparando para as inúmeras perguntas que ele irá me fazer. – Andrew dá uma garfada nos ovos e leva a boca, mastigando calmamente antes de dizer: – Imagino que você tenha a mesma intenção. – Quando Sam acena, Andrew sorri. – Pois bem, faça suas perguntas.

– Steve está orgulhoso de você. – Sam revela, parecendo igualmente orgulhoso ao encarar Andrew. Essa constante onde de aprovação que Andrew vem recebendo sempre acaba por surpreendê-lo, são elogios e pessoas dizendo que ele fez o certo, em cada situação alguém o elogia. Bucky está orgulhoso porque Andrew conseguiu que os crimes dele e dos Vingadores fossem ignorados pelo governo. Steve está orgulhoso por ter cumprido com a promessa de proteger Barnes. Tony está feliz porque acredita que Andrew fez algo bom, salvando o país e as pessoas. Porém, Anthony não estaria orgulhoso se soubesse que Andrew só aceitou estar na situação atual por causa de Steve, e Rogers não ficaria feliz se soubesse que Andrew só continuou a lutar pela liberdade de Bucky porque foi idiota o suficiente para gostar dele mais do que deveria. No fim, esse ciclo de culpa sempre acaba aprisionando Andrew. – Ele disse que você conseguiu um acordo para todos serem absolvidos dos crimes. Como você conseguiu isso?

– Pisquei meus olhos para o presidente. – O sarcasmo cai melhor em sua voz agora que ele sabe que ninguém além de Isaac Malenty e Beatrice Esposito sabem sobre os verdadeiros termos, porém percebe que entrou nessa teia de segredos de novo e está dúvida se deve a verdade a Bucky tanto quanto deve a Steve Rogers.

– Estou falando sério, Andrew. – Sam diz, seriamente, encarando Andrew que se esforça para olhar para a tigela de ovos mexidos. – Você deixou que todos pensassem que você era um traidor, que fez tudo pelo dinheiro e a fama... Por que?

Rindo sem qualquer humor em sua voz, Andrew ergue a cabeça e encara Sam.

– Se você me perguntasse o motivo de cada decisão que tomei nesses últimos meses, eu realmente não saberia te responder. – confessa, de repente se sentindo mais cansado do que qualquer outro dia na semana. Ele deve a verdade a Sam da mesma maneira que precisa ser sincero com Steve, porém, se ele fizesse isso, talvez fosse mais difícil olhar para Tony sabendo que ele era o único que não sabia da verdade. – Assinei o tratado para ficar mais próximo do presidente e qualquer autoridade que representa poder no país, dessa maneira eu poderia persuadi-los a ver os Vingadores como pessoas e não só armas. Claro, quando fiz isso, permiti que eles me vissem como arma. De dez anos, eu ofereci quinze anos de trabalho para o governo sem férias.

Lar, doce lar - Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora