Capítulo 3

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Marcel

O Edward gritava. O Harry respondia. Sentia a minha cabeça a estalar como se milhares de cristais se partissem com cada palavra pronunciada.

Basicamente essa era a situação do momento. Não queria ouvir, mas não podia deixar de o fazer enquanto agarrava no Harry para que não se atirasse para cima do Edward que se encontrava sentado e coxo no sofá. Esta situação fazia-me lembrar a de há cinco anos atrás, quando o Edward tinha acabado de sair do hospital e o seu comportamento era uma réplica melhorada do atual.

Há algum tempo que já não discutiam assim, não sabia como reagir sequer. Via-me dividido entre dois de mim. Um que dizia que os deixasse lutar e que não me metesse e outro que gritava para os separar.

A situação estava em chamas.

-Odeio-te. - murmurou Harry apertando a mandíbula como se dessa maneira conseguisse que toda a raiva ficasse contida num ponto. - Odeio-te tanto que podes morrer de fome sem que eu me importe.

-Claro que não! - respondeu o outro. - No teu mundo só há espaço para ti. És um egoísta de merda que só sabe pensar no que lhe convém a ele e depois fingir-se de vítima até o conseguir. É assim que funciona a tua vida. Não te mete nojo?

O Harry fez força contra mim mas consegui impedi-lo com uma força que só parecia ter em momentos destes.

-Pelo menos não sou um traidor nem me meto com a namorada do meu irmão!  - a voz do Harry ressoou por toda a divisão e até juro que pude ouvir o eco dela enquanto segurava o Harry com mais força . - És um cabrão. Nunca te vou perdoar, sabes?

O Edward revirou os olhos ainda mantendo o olhar sério e agarrou num cigarro já que, pelo que parecia, agora tinha começado a fumar. Levou-o aos seus lábios e acendeu-o.

-A voz hipócrita falou. - murmurou Edward uma vez que soltou o fumo do cigarro, o qual se espaireceu pelo ar como se de arte se tratasse. - Eu estava com ela quando estava internado no hospital e tu aproveitaste-te de que sabias que ela ainda gostava de ti e que faria tudo o que tu disseses para a foder e tirar-ma. - fez uma pausa. - Acho que somos iguais, não?

-Isso nem sequer se compara. Tu estavas a aproveitar-te de que tínhamos acabado para te atirares a ela. - respondeu Harry.

-Vai à merda!

-Odeio-te! Ouviste?

-Anda, odeia-me. Não me importa uma puta merda o que tu faças em relação a mim. - o Edward voltou a dar uma baforada. - Para mim não és mais do que pedaço de merda no meio da estrada.

O Edward deixou escapar o ar por entre os seus lábios e inclinou a cabeça para trás. O Harry, como se de um robô programado para cumprir a sua missão se tratasse, fez força contra mim, dando-me uma cotovelada e livrando-se de mim.

-Harry, deixa-o. - avisei agarrando-lhe no braço.

O Edward soltou um riso irónico e o Harry virou-se para fazer contacto com os meus olhos. Não estava para brincadeiras, o meu irmão estava prestes a arder em ódio e não queria vê-lo estalar.

-Não, Marcel. - murmurou apertando a mandíbula . - Não aguento mais.

Suspirei e inclinei-me para olhar para o Edward, o qual deixava ver no seu rosto tudo o contrário do que se via no do Harry. Havia cinismo nos seus olhos, estava a manipular a situação e a fazer com que todas as muralhas internas do Harry caíssem para o destruir por dentro. Parecia mau, mas sabia que não o era, apenas estava mal.

-Não quero que discutam e muito menos no teu estado. Ignora-o. - voltei a olhar para o Harry.

-Fodi a tua namorada. - o riso do Edward saiu disparado pelo quarto.

Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora