Capítulo 17

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Estávamos prestes a chegar a casa dos meus pais; a que alguma vez tinha sido minha. A casa que me tinha visto crescer, a que me tinha visto jogar às escondidas com o Luke. A que me tinha visto chorar e me tinha ensinado a ser forte. A que foi a minha prisão mas também o meu lar.

Estava nervosa, aliás, sentia os nervos a atormentarem-me e sobrecarregarem-me enquanto o Harry dormia ao meu lado. No final ambos tínhamos adormecido, mas eu já tinha acordado quando entrámos na cidade. Afinal, a minha mentalidade de que tudo iria correr bem estava a começar a atraiçoar-me. Não era assim tão fácil como eu pensava ou queria que fosse. Talvez não estivesse preparada para isto; o  pânico invadiu-me e quase me faltou tempo para dirigir a minha atenção ao taxista.

-Desculpe, acho que é melhor levar-nos a um hotel. Pode ser?

Não queria ir para casa.

O senhor aceitou.

-Algo económico ou de luxo?

-De luxo.

Depois assentiu e suspirei um pouco mais tranquila. Não tinha de me hospedar em casa da minha mãe; por isso esta era uma alternativa muito mais agradável e simples. Pelo menos assim eu e o Harry teríamos privacidade.

Quando chegámos ao hotel, o Harry continuava a dormir. Ao pé do edifício, onde o táxi se encontrava parado, podia assegurar que o luminoso lugar teria uma ambientação modernista no seu interior. Paguei ao taxista e depois encarreguei-me de acordar o Harry.

-Harry, bebé, chegámos. - sussurrei no seu ouvido e acariciei-lhe o rosto. O seu sono era leve, por isso, sem demorar demasiado, o Harry acordou.

-Estamos em casa dos teus pais? - perguntou atordoado.

-Não, num hotel.

-Oh... - murmurou para si mesmo sacudindo o cabelo com atordoamento.

Dediquei-lhe um sorriso e depois saímos do táxi para entrarmos no hotel. Não queria imaginar como seria o dia seguinte.

Tal como tinha imaginado, o hotel era um lugar enorme e luminoso, obviamente ambientado com um aspeto modernista. Dois sofás do lado direito da entrada e outros dois do lado esquerdo, enfeitados ao seu redor por uns vasos de flores e uma ou outra vela na mesinha que havia entre eles. No centro e no final da divisão encontrava-se a receção e ao seu lado os elevadores e as escadas.

O Harry trouxe as malas atrás de mim, não porque eu lhe tenha pedido, mas por seu próprio empenho. Deixei-o fazê-lo, às vezes era melhor não contrariar os homens quando se tratava de cavalheirismo. Pedi um quarto e depois subimos até ele.

O nosso quarto era o 249, situado no final do corredor direito do segundo andar. O Harry olhava dum lado para o outro com espanto, enquanto eu deslizava por aí com total tranquilidade e pouco entusiasmo.

-Este sítio é espantoso. - admirou de boca aberta passando a mão por um aquário que cruzava dum lado ao outro do corredor pela zona central da parede. - Olha este peixe, parece o Stilly.

Elevei uma sobrancelha.

-Stilly? - perguntei com diversão. - Quem é o Stilly?

-O antigo peixe do Marcel, lembras-te de quando o seu quarto se queimou e o peixe também?

Comecei a rir lembrando-me do momento.

-É verdade, o Edward pôs uma lata de atum no aquário.

-Exato. - concluiu.

Introduzi o cartão no espaço que havia na porta e automaticamente abriu-se. Avancei e procurei o interruptor às apalpadelas; o Harry continuava a atrás de mim e, ao ver que não o encontrava, encontrou-o por mim. Uma vez que as luzes estiveram acesas, pude comprovar que o quarto tinha algo de espetacular sem chegar a ser demasiado, mesmo que para o Harry fosse o paraíso.

Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora