Harry
-Vem cá, Sophia. - a sua mãe chamou-a. A menina correu para os seus braços com um sorriso na cara para depois se atirar para cima da mulher num abraço.
Era linda. Ambas o eram.
A Sophia tinha os meus olhos e os lábios da Bella. Tinha as pestanas compridas com as quais pestanejava até me deixar estupefacto. Também tinha força de vontade suficiente para ter uma personalidade forte para a sua idade.
Disse o seu nome; o das duas. Mas nem uma palavra saiu dos meus lábios.
Abri os olhos, aquele sonho parecia ter como objetivo acabar com a minha sanidade. A luz do quarto tornava-se mais escura por segundos para depois me deixar ver leves sombras na penumbra. Levantei-me e, sem saber muito bem o que estava a fazer, agarrei na minha guitarra depois de me vestir. Os meus pés colaram-se aos pés da cama desfeita e imaginei o corpo da Bella a descansar em paz no colchão, mesmo antes de me aperceber de que tinha desaparecido da minha mente. Pela janela conseguia ver tons de escuridão e estrelas enquanto que pequenos pontos de luz provinham da rua se olhavas por ela. Eram três da manhã, mas o sono tinha-se incorporado e saído do meu corpo como se tivesse planeado fazer isso durante décadas. Lavei a cara e murmurei uma palavra estúpida enquanto saía da casa de banho e seguidamente sair de casa para me perder pela cidade que me tinha visto nascer, crescer, apaixonar-me e falhar na tentativa.
O vento soprava como se de uma pequena brisa se tratasse naquela madrugada de junho. Faltavam uns dias para os exames finais mas todas as minhas suspeitas apontavam para o facto de não estar preparado para isso.
A voz da pequena voltou a aparecer na minha mente. Depois a da Bella e finalmente a maneira em que os meus olhos se abriam e despertavam para a crua realidade. Depois de voltar a sonhar, acordei nas ruas vigilantes londrinas.
Não sei quanto tempo se tinha passado, nem sei para onde ia nem como tinha chegado àquelas escadas ao lado do rio. Mas, de qualquer maneira, cantei aí sozinho, no meio da noite e da solidão que a escuridão me transmitia e inspirava. Senti como eu era o único que importava e deslizei os meus dedos pelas cordas da minha única amiga.
Não pensei nela, não pensei em ninguém.
Pensei na maneira em que o sol costumava dar-me os bons dias. Pensei em como tudo se tornava colorido se parasse para observar cada detalhe da vida. Era eu, eu pintava tudo de cinzento para não poder alcançar nada nem avançar.
Levantei-me às sete da manhã. Caminhei até à editora discográfica mais próximo, deixando que a cegueira do meu ataque de valentia falasse por mim e pelos meus atos. Se me esquecesse do mundo e da dor e lutasse pelo sonho que, se o chegasse a cumprir, ninguém poderia tirar-mo, seria meu.
Em qualquer outra ocasião teria fugido e pensado que era uma loucura, mas não o fiz. Sentei-me na porta, comportando-me como um rapaz digno e cheio de valentia. E toquei.
Wait 'til you're announced
We've not yet lost all our graces
The hounds will stay in chains
Look upon Your Greatness and she'll send the call out
(Send the call out)
Call all the ladies out
They're in their finery
A hundred jewels on throats
A hundred jewels between teeth
Now bring my boys in
Their skin in craters like the moon
The moon we love like a brother, while he glows through the room
Dancin' around the lies we tell
Dancin' around big eyes as well
Even the comatose they don't dance and tell
We live in cities you'll never see on screen
Not very pretty, but we sure know how to run things
Living in ruins of a palace within my dreams
And you know, we're on each other's team
I'm kind of over getting told to throw my hands up in the air, so there
So all the cups got broke shards beneath our feet but it wasn't my fault
And everyone's competing for a love they won't receive
'Cause what this palace wants is release
Não acabei a canção. O meu olhar perdido na parede branca alargou-se ao ouvir umas palmas de elogio e a voz de alguém desconhecido.
-Isso foi incrível, rapaz. - admirou e de seguida o meu corpo fez um impulso para levantar-se.
-A-A sério? - sabia que a minha voz soava insegura e nervosa, mas não podia evitá-lo.
-Olha, isto é precipitado, mas... Passa por aqui na próxima quinta-feira e pergunta pelo Robbie. - a sua voz, apesar de ser grave, remarcava o seu aspeto amigável.
A minha testa franziu-se, mas isso não impediu que num abrir e fechar de olhos eu estivesse a assentir.
-Sim. - tentei que a minha voz não parecesse mais impaciente do que o suposto, mas nem sequer sei se consegui disfarçar. - Claro. - assenti com a cabeça. - Estarei aqui.
-Está bem. - disse com aceitação enquanto fez um som com a língua com admiração. - Ando há algum tempo a trabalhar aqui e posso assegurar-te que nunca tinha vindo ninguém à nossa porta. Estou realmente surpreendido.
Não sabia o que dizer, nem o que fazer. Supunha-se que um obrigado seria o mais adequado para esta situação, mas havia uma vozinha que me sussurrava que esse comentário não seria o ideal.
-Obrigado. - disse e os meus joelhos começaram a tremer.
-Vem na quinta-feira. Vamos gravar uma demo. - declarou com a mesma felicidade com que alguém diria 'bom dia'. E inclusive com a mesma facilidade com que alguém falaria sobre o tempo do dia de hoje.
-Aqui estarei.
Os meus olhos arderam durante uns segundos e senti o impulso de lançar alguma exclamação de felicidade enquanto a alegria se dissipava por todas as partes de mim. Mordi o lábio concentrando toda a minha atenção nesse ponto para não perder a serenidade ante a pessoa que estava destinada a mudar a minha vida, ou a dar-me a oportunidade que sempre tinha procurado.
-Não sei como lhe agradecer.
-Não o faças, rapaz. Agora, se me dás licença, tenho um acordo por fechar. - murmurou com ânimo.
-Sim, senhor, não o faço perder mais tempo. - cada palavra que saía dos meus lábios estava muito mais perto de ser um grito de felicidade.
Depois de tudo, era verdade. Os sonhos só são sonhos até que os tornas realidade, até que os procuras, tocas à porta e os obrigas a levar-te com eles e ser parte do que sempre sonhaste. Há que procurá-los, já que eles não te apareceriam na porta.
Por primeira vez na vida, apercebi-me que seguir os meus sonhos e alcançá-los era a única coisa que conseguiria fazer-me feliz. Para sempre.
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Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)
FanfictionQuarto livro da coleção "Os Trigémeos Styles". 4/5