Prólogo

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A Sophia continuou a olhar para ela e a Bella levou a menina ao ombro.

-A minha mãe cantava para mim cada noite antes de dormir. - começou a dizer.- Nunca mo disse, até ao dia em que veio ver a Sophia ao hospital quando nasceu. Lembraste de quando me ligava? - assenti. - Levei uma grande decepção ao saber que apenas queria que lhe desse uma camisola sua que eu tinha levado. Há vezes em que as pessoas nunca mudam, sabes?

-Eu sei. - disse. - Olha para a Gemma. Continua com o Lucas e vão-se casar. Parece que gostam mesmo um do outro, mas continuo sem gostar dele.

Bella fez uma careta.

-Eu continuo a odiá-lo. - declarou ela.

A Bella nunca chegou a dar-se bem com o Lucas. No entanto não era algo que me estranhasse, mas não ia começar a pensar num problema que não tinha remendo, por isso olhei para a Bella que agora embalava a Sophia tentando adormecê-la enquanto sussurrava coisas em voz muito baixa. Era linda. Ambas eram. Observei-as durante um longo tempo perguntando-me o que tinha feito eu para as ganhar. Seria eu especial? Não sabia, mas a única coisa que me importava é que estava mais feliz que nunca.

Sonhos.

Todos sabemos o que são, certo?

Cientificamente, é um estado fisiológico de auto-regulação de um organismo. Mas a isso temos que acrescentar o facto de que o ser humano imagina coisas. Coisas que não viveu, ou talvez sim. Coisas que deseja, ou que não. Podem ser qualquer coisa?

Mas, como definir os sonhos?

Às vezes tentava, mas não gostava de perder tempo a tentar para não chegar a lado nenhum. Simplesmente porque os sonhos são abstratos.

E como definir o abstrato?

Não sabia.

Talvez o Edward soubesse. Talvez o Marcel. Mas eu não era eles.

Dei meia volta sobre mim mesmo e franzi a testa ao não ver a rapariga de cabelo castanho e sorriso alegre abraçada a mim. Abri os olhos e girei o meu corpo com a intenção de a procurar e encontrei-a. Estava de costas para mim, abraçada a si mesma enquanto o seu corpo deixava sair respirações tranquilas e regulares ao mesmo tempo. O seu cabelo comprido estava espalhado pela almofada e o cobertor branco que nos cobria.

Inclinei a cabeça e o meu olhar deparou-se com o relógio que marcava as três da manhã. Ainda não tinham passado nem duas horas desde que tínhamos vindo do terraço. Duas horas desde que tínhamos feito amor.

Suspirei e na minha mente repetiu-se o sonho que recentemente tinha viajado pela minha mente enquanto dormia. Essa menina; Sophia. Era a segunda vez que me aparecia em sonhos e que a Bella era sua mãe. No entanto com a diferença de que, neste último, todas as minhas dúvidas não tinham sido meio resolvidas, mas resolvidas de todo. Porquê?

Não entendia.

Era assim tão grande o meu desejo de solucionar as coisas? Até ao ponto de me fazer sonhar?

Não tinha lógica, mas ao mesmo tempo era a coisa mais lógica que alguma vez tinha passado pela minha mente.

Mexi-me até ao corpo da rapariga e encaixei-o no meu, passando o meu braço pela sua cintura. O cheiro do seu cabelo invadiu as minhas fossas nasais. Fechei os olhos, deixando que o momento parasse juntamente com o tempo que parecia detido.

Centrei a minha atenção nela para me esquecer do iminente sonho. Pensei no seu sorriso e no seu riso. Nos seus beijos e abraços. Em como franzia a testa quando se chateava. Em...

Bufei. Não funcionava. E já tinha três perguntas por responder.

Primeira: Porque é que, quando sonhava, achava que era Harry Edward Styles?

Segunda: Porque é que sonhava que havia uma rapariga na porta de minha casa que me queria matar para depois acordar dentro do meu próprio sonho?

Terceira: Quem era a Sophia realmente?

Bufei de novo. Não fazia sentido. Nada fazia há tanto tempo que nem sequer pensava em procurar a razão para isso.

Deixei um pequeno beijo molhado no espaço onde o ombro e o pescoço da rapariga se uniam e, quase automaticamente, a minha cabeça ficou encaixada no lugar. Não conseguia acreditar que a tivesse para mim. Nem no quanto me tinha custado consegui-la. Há uns meses, ninguém teria especulado que eu, Harry Styles, estaria tão apaixonado por uma rapariga até ao ponto de lutar por ela contra os meus irmãos.

Suspirei.

Os meus irmãos.

Semicerrei os olhos à procura de razões.

O Edward estava mal. Correção: O Edward estava terrivelmente mal.

Parecia que o seu único objetivo na vida era ir do sofá para a cama, comer, desenhar e dormir. Esse era o esquema da vida do Edward, onde tinha que acrescentar os olhares de lado, os silêncios incómodos, os insultos desprezíveis e os gritos repentinos. Sempre fechado, não só em casa mas em si mesmo. Deveria preocupar-me mas, depois de tudo, não conseguia fazê-lo. Ele e eu nem sequer falávamos e era assim que ia deixar as coisas. Atraiçoou-me como não se deveria atraiçoar um irmão e eu não conseguia perdoá-lo, tal como ele nem sequer tinha vindo falar comigo para aclarar as coisas. A única coisa que queria era a Bella e não lha ia dar.

O Marcel continuava em Paris, pelo qual não me tinha que preocupar. Mas tinha mais do que a certeza de que, quando voltasse, não deixaria outra vez a Bella em paz e a desculpa do "É a minha melhor amiga" fazia com que o meu sangue fervesse a temperaturas tão altas que qualquer um explodiria de ciúmes.

Acariciei o cabelo da rapariga e ela mexeu-se. Deu uma volta sobre si mesma e a sua cabeça ficou apoiada no meu peito com os seus braços a rodear-me. Por um momento, apercebi-me de que parecia uma menina à procura de refúgio. Então tremeu e apertou-me com mais força. Estava a ter um pesadelo, por isso embalei-a nos meus braços e sussurrei no seu ouvido:

-Ei, já está. Está tudo bem meu amor. Estou aqui.

Ela não parecia acalmar-se e franziu a testa quando a sua cara se tornou pálida.

-Não, Lucas. Outra vez não. - gemeu. Não era um gemido de prazer, mas de dor. O que se estava a passar? Porquê estaria a sonhar com o Lucas?

-Bebé, acorda.

-Não, não quero. Não me toques. - desta vez soluçou. Os seus olhos apertaram-se e as lágrimas começaram a sair como rios pelas suas bochechas.

Agarrei-lhe pelo queixo e elevei a sua cabeça para que olhasse para mim, mesmo que continuasse a dormir.

-Bella, anda lá, acorda. Bella.

Beijei os seus lábios tentando assim chamar a sua atenção, mas estava tão dentro do seu sonho que, quando acordou, tinham passado minutos. Os seus olhos estavam semiabertos, vermelhos e molhados. Apertou-me com força sem dizer nada e apenas deu lugar ao choro.

-Shh... Já passou. Não chores. - sussurrei.

Ela assentiu, no entanto não parou de o fazer.

Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora