Capítulo 18

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-Edward, preciso que me ouças.

Grace.

Girei sobre mim mesmo por impulso e afastei-a de mim. Uma chama encarregou-se de recorrer todo o meu corpo com o seu tato e a confusão cegou-me por completo. A rapariga observava-me com decisão mas era o ódio o que me impedia de pensar com claridade. Queria-a longe mas, ao mesmo tempo, no seu olhar podia ver um pouco de nostalgia que apenas eu conseguia captar; mais uma imaginação. Senti o amor que alguma vez tive por ela, uma lembrança que gostaria de apagar à face da Terra.

Reagi de seguida.

-Vai à merda, cabra. Não vou ouvir nada que venha de ti. - virei-me para abrir a porta de minha casa. Não queria falar nada com ela, sabia que acabaria em gritos e com vontade de a matar. Filha duma grande puta.

-Pelo amor de Deus, Eddie. - sussurrou fingindo voz débil, tal como sempre fazia para me convencer de algo. Digamos que a chantagem emocional era o seu forte.

-Para ti não sou Eddie, percebes? - gritei.

Empurrou-me e apertei os punhos mantendo a minha filosofia de não ser agressivo com uma mulher. Engoliu em seco com o que parecia ser angustia e depois suspirou fingindo ter desistido. Agora fazia-se de coitadinha, não tinha pena nenhuma dela. Agarrou-me no braço mas de seguida afastei-a com um movimento brusco enquanto tentava respirar com tranquilidade.

-Sei que achas que sou uma filha da puta. - voltou a agarrar-me, obrigando-me a olhar para ela. Os seus cabelos já não eram curtos pelos ombros como há anos atrás eram, agora estavam ondulados e compridos, acariciando os seus braços. Continuava a ser linda, inclusive mais do que antes.

Pestanejou enquanto continuava a tentar persuadir-me, mas não conseguia. Tinha estado muito mal para que agora pretendesse solucionar tudo com persuasões estúpidas.

-Não acho, és mesmo. Por isso sai do meio, cabra de merda. Não quero saber nada de ti. 

-Quero a Cassie. - declarou.

-Não percebeste no outro dia? A Cassie não é nada teu! Podes esquecer-te dela como te esqueceste do quanto eu gostava de ti quando foste a maior cabra do mundo.

-Não sabes o que aconteceu.

-Puseste-me um belo par de cornos.

-Não o fiz.

-Disse que não quero ouvir nada que venha dos teus lábios. Não quero nenhuma puta explicação de nada porque eu tenho a minha vida e tu a tua. A minha vida é com a Cassie e com mais pessoas que não te interessam e a tua... - fiz uma pausa olhando para ela com desprezo. - A tua nem sequer me interessa.

-A Cassie é minha filha, não me podes proibir de a ver.

-A custódia da Cassie é minha. É minha filha.

-Isso é o que tu achas. - cruzou os braços mas fingiu uma careta de choro.

Que caralho?

-Quê? Olha, se foste cabra o suficiente para me dar uma filha que não é minha, juro que te denuncio e ainda fico com a menina. Precisas dum puto psiquiatra, sabes?

-Eu sou a sua mãe!

-Quero lá saber se és a sua mãe. Para ter uma mãe como tu é melhor nem ter nenhuma.

-Fui para a cama com o Harry. Fiquei grávida e fui-me embora. Não sei quem é o pai. - soluçou. Sim, pode parecer irónico o facto de dizer algo assim com um choro exagerado cinco anos mais tarde. - Foi um erro. Eu amava-te; amo-te.

Fiquei mudo e não pelo facto de que me "amasse", mas pelas suas palavras sobre o Harry.

-Quê? - sussurrei.

Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora