Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)

Capítulo 23

Bella

-Bella, devias jantar. - aconselhou o meu primo que estava sentado ao meu lado vestido unicamente com umas calças largas. Algo muito próprio dele.

-Não tenho fome. - respondi abraçando-me a mim mesma pelos joelhos.

-Mas... Podes ficar mal disposta. Anda, mas tens que comer. - disse estendendo-me uma fatia de pizza. Rejeitei a oferta com uma careta.

-Não.

Suspirei e dei meia volta sobre o sofá. Não tinha vontade de nada, nem de pensar, nem de sentir, nem de passar tempo com ninguém. Sentia-me como uma real idiota. O tempo passava e o Luke jantava pizza no sofá ao meu lado enquanto mudava de canal rapidamente.

-Vais parar de mudar de canal? - perguntei com algum aborrecimento nada escondido no meu tom de voz. O rapaz suspirou mordendo um pouco o seu lábio.

-Bella, pára com isso, está bem? Às vezes a vida é lixada, as coisas são lixadas. Estar assim não soluciona nada.

Sabia que tinha razão, mas a sua postura ante o meu comportamento chateava-me. Estava mal, desolada. Eu sabia disso. E então? Sabia que deveria fazer algo para melhorar o meu estado de ânimo, mas não queria. Merecia sentir-me assim e o meu primo não entendia. Levantei-me do sofá com alguma resignação pisando os meus calcanhares.

Dirigi-me à cozinha para buscar um copo de água. Agarrei na garrafa que estava no frigorífico, cortei uma pedaço de limão, já que gostava do ligeiro sabor a limão que ficava na água depois e busquei um copo no armário superior direito. Abri a garrafa e franzi a testa quando ouvi como a porta da entrada se abria. Não dei muita importância às vozes confusas que se ouviam de fundo, misturadas com as da televisão e tornando assim impossível a identificação dos donos delas devido à mania que o meu primo tinha de subir muito o volume da televisão. Coloquei o limão no copo e depois a água. Com uma colher espalmei um pouco o limão para deixar escapar o seu sabor e depois bebi.

Quando acabei de beber a água, as vozes continuavam a falar ao longe. A televisão estava ainda com mais volume e o meu olhar divisou a pequena caixa de chás e infusões; se não ia comer nada decente, precisava de algum líquido com sabor que deslizasse pela minha garganta para subir o meu ânimo. Abri a caixinha e observei as opções que havia: infusão de baunilha, infusão de rosas, de chocolate e menta, de citrinos e, por último, de frutos vermelhos. Quanto a chás, havia preto, branco e vermelho. Escolhi a infusão de rosas e preparei-a antes de sair da cozinha com a chávena nas mãos.

Em alguma ocasião tinha pensado em ligar à minha mãe, já que de repente sentia a necessidade de não a perder também. Depois de tudo, era a minha mãe, mas a sua idiotice e comportamento fazia com que essa chamada não se realizasse nunca.

O meu olhar estava fixo no chão, podia-se dizer que a minha mente contava em silêncio os azulejos para se manter ocupada em algo. Mas isso não fazia com que os meus pensamentos pudessem ignorar a maneira em que traçava os planos quanto aos meus estudos. Que faria agora? Voltar a Londres? Transferir os meus estudos para aqui? Ou ser forte e não deixar que os problemas me superassem?

Pensar nos trigémeos agora só me magoava, mas de qualquer maneira algo em mim sentia a falta deles, mesmo que fosse um pouco. Depois, esse pouquinho revelava-se e lamentava-se de alguma vez ter pisado o chão dessa casa.

Quando elevei o olhar, senti que algo se detinha e depois me empurrava com força.

-Edward. - pronunciei o seu nome ainda sem entender como reagir à situação a partir de agora. Que fazia aqui? Porque é que tinha vindo? E como?

Estava de pé à minha frente, com o seu olhar mostrando-se um pouco temeroso sem deixar a sua característica expressão de seriedade. Uma camisa preta acariciava os seus braços e torso e umas calças rotas da mesma cor faziam o mesmo com as suas pernas. As suas tatuagens estavam à vista devido aos poucos botões da camisa desapertados na parte superior, e de novo senti como os nervos se apoderavam de mim. Pânico. Não estava preparada para ver um trigémeo.