Bella
A minha atenção viajou de um lado ao outro da chegada de voos do aeroporto. O lugar estava quase vazio enquanto os meus braços se encarregavam de me abraçar a mim mesma por causa do frio que tinha. Tinha estado uma semana com gripe e ainda não tinha recuperado de todo, pelo que notava como todo o meu corpo fervia por dentro e como a minha garganta irritada pedia para ser curada. Definitivamente tinha sido uma má ideia - mesmo que muito romântica - fazer amor no terraço. O Harry, para sua sorte, não se tinha engripado mas mesmo assim estava chateado pela minha gripe já que o impedia de me beijar por medo ao contágio. Coisa que até era engraçada quando fazia beicinho ou brincava com o assunto. Como uma das vezes em que fez brilhar uma das suas poucas luzes quando disse: "Põe um preservativo na boca, assim não me contagias. É para não transmitir doenças, não é?"
Sim, o meu namorado era um idiota.
Procurei com o olhar o voo proveniente de Paris. E, como costuma acontecer sempre, li todos por primeira vez sem encontrar o necessário, mas na segunda vez encontrei-o justamente no meio dos ecrãs enormes. Chegava às onze e meia, justamente em cinco minutos. Calculei que demoraria uns vinte minutos até ver o Marcel, já que enquanto carregava as malas e o resto demoraria um pouco. Por isso sentei-me numa das cadeiras brancas situadas justamente à frente da zona de chegada e esperei por ele.
A razão pela qual o Marcel voltava?
O Edward.
Esse rapaz tinha-me preocupada até não mais poder. Inclusive tinha tentado tirar o gesso para ver a cicatriz, mesmo que obviamente não o tivesse deixado. Estava descontrolado. Triste. Mal-humorado. Fechado no seu próprio mundo no qual não havia lugar para mais ninguém para além dele. Apenas comia ou falava. Ia do seu quarto para a televisão e vice-versa. Todos os dias. A todas as horas. Realmente não era algo que se pudesse classificar como normal. Outro dos problemas era que dormia muito. Passava o dia a dormir e ainda assim dizia que tinha sono e voltava a adormecer. Nalguma ocasião tinha chegado a estar acordado apenas duas horas por dia. Duas horas.
Tirei o telemóvel quando tocou com um aviso duma nova mensagem e de seguida desbloqueei-o para ver uma nova mensagem do Harry.
"Encontrei um bar em que fazem audições à noite, é assim do tipo boémio. Disseram-me para trazer a guitarra esta noite e , se correr bem, contratam-me para atuar durante os fins-de-semana. Não é impressionante?!"
Sorri.
Há uns dias que o rapaz andava empenhado em procurar trabalho. Não encontrava a lógica da sua repentina obsessão com encontrar trabalho já que desde que o conhecia não tinha mostrado nenhum interesse nisso, mas de qualquer maneira apoiava-o ao máximo nisso e alegrava-me de que tivesse encontrado esse lugar, mesmo que ainda não tivesse nada claro.
"Boa! Isso é ótimo! Tenho a certeza que te vão contratar, amor."
"Espero bem que sim." - respondeu de volta quase de imediato.
"Vais ver que sim."
"Se me contratarem levo-te a jantar nalgum sítio, queres?"
"Não é preciso que gastes dinheiro."
"Mas eu quero convidar a minha namorada para jantar..."
Suspirei e sorri ao mesmo tempo.
"Bem, como queiras!"
"Amo-te"
"Amo-te mais"
A minha atenção estava tão fixada no telemóvel que nem sequer me apercebi quando alguém se sentou ao meu lado e começou a pôr a mão no meu ecrã tocando em todo o lado e provocando que o aparelho ficasse maluco.
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Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)
Fiksi PenggemarQuarto livro da coleção "Os Trigémeos Styles". 4/5