Os seus lábios mexeram-se com suavidade sobre os meus, provando-os com lentidão. Fechei os olhos quando apoiou uma das suas mãos na minha bochecha antes de intensificar o beijo, não com paixão e luxúria, mas com lentidão e suavidade. Era como se estivesse a pedir-me permissão para me fazer sentir bem duma maneira tão doce, tentando ganhar a minha confiança.
Temi.
Os seus lábios separaram-se dos meus e por uns segundos ouvi como o meu coração batia muitíssimo mais rápido do que alguma vez tinha feito. O que se estava a passar?
Apanhei ar procurando uma escapatória para as minhas perguntas e, como uma completa rapariga de filme ou romance faria, abri os lábios para me desculpar e ir à casa de banho ante o seu olhar intenso e curioso que nunca perdia esse toque de indiferença tão própria dele.
-Merda. - murmurei quando entrei na casa de banho e tranquei a porta. Apoiei-me na parede e o meu olhar fixou-se no teto.
"Lottie, preciso da tua ajuda"
Enviei uma mensagem à minha amiga, sentindo-me um pouco mal pela situação. Ela tinha acabado de ter uma filha e aquilo deveria ser o centro da sua atenção naquele momento, e eu estava a perguntar-lhe sobre problemas amorosos.
"Que se passa?" respondeu.
"É o Edward."
"O Edward?"
"O Harry enganou-me para não vir ao funeral, acabei com ele e vim para Edimburgo para me afastar disso tudo. O Edward apareceu ontem na porta do apartamento do meu primo. Beijei-o e... não sei o que sinto."
"Espera, já te ligo."
"Ok."
Demorou apenas uns segundos em fazê-lo, os quais eu usei para passar a mão pelos meus lábios e tocar-lhes com suavidade. Ainda sentia o toque do Edward. Havia alguma tristeza na situação; o Harry nunca me tinha tratado tão docemente e com tanto respeito.
-Conta-me. - disse a minha amiga uma vez que atendi a chamada.
-Preciso de ajuda.
-Mas porque é que o beijaste?
-Por uma aposta, mas esse não é o principal problema.
-Ama-lo?
-Não.
-E então?
-Temo que o chegue a fazer. É muito doce comigo.
E temia-o. Sabia que, agora mesmo, o meu estado emocional estava prestes a partir-se pela fina corda que o agarrava, mais do que alguma vez tinha estado.
-Não queres voltar a apaixonar-te.
-Não. E muito menos agora que acabei de sair duma relação. Olho-lhe nos olhos e às vezes gostaria que fosse o Harry, mesmo que agora me aperceba de que não quero isso. Apenas... não sou tão forte como gostaria. Vou magoá-lo e ele vai magoar-me. - suspirei.
-Quem não arrisca não petisca. - disse. - E se isso tudo aconteceu por uma razão? E se realmente o correto para ti sempre fosse o Edward e não o Harry? Tu não sabes isso, Bella.
-Eu sei, eu sei. Tens razão. Mas e se não gosto mesmo dele e for apenas uma maneira inconsciente de substituir o Harry?
-Se assim for a relação durará bem pouco. Não teria nenhum futuro, Bella, sei que não és parva e sabes diferenciar o que sentes pelo Harry e pelo Edward.
-Odeio o Harry, mas ainda o amo.
-É normal. O que sentes pelo Edward?
-Gosto dele e faz-me sentir bem. Atravessou todo o país só para não me perder.
-É impossível não te apaixonares por algo assim.
-A não ser que continues apaixonada por um idiota e estejas a tentar esquecê-lo.
-Ainda melhor! Vai com o Edward! Sabes muito bem que ele gosta de ti e assim esqueces-te do Harry. É simples.
-Mas são irmãos.
-E então? Ninguém tem culpa desse parentesco familiar e se um rapaz espera e luta por ti como o Edward, eu acho que merece uma oportunidade pelo seu esforço, deixando de lado que seja irmão de quem é. É injusto para ele que o rejeites por culpa do seu irmão. O que é que o Edward fez? Nada. Foi o Harry, não ele. O coitado não merece levar com uma culpa que não é sua. E a sério que acho que está louco por ti. Estive dois meses a passar todas as manhãs com ele e acho que já sei mais ou menos como ele é.
-Eu sei, Lottie, eu sei. Mas e se depois vier o Harry? O que farei quando vir o Harry e eu estiver com o seu irmão?
-Bella, e se correr tudo bem e o Edward acabar por ser o pai dos teus filhos? Imagina isso por um pouco. Renunciarias a isso?
-Não.
-Então acho que já tens a resposta que querias. - disse com ternura.
Mordi o meu lábio antes de suspirar. Tinha razão, sabia que tinha, mas nada era tão fácil como parecia e aquilo era uma dessas coisas.
-Bella? Estás bem, putinha?
A voz do Edward chamou-me desde a parte de fora da pequena casa de banho. Suspirei de novo.
-O Edward está a chamar-me, depois falamos.
-Está bem. - disse agora um pouco mais seca.
-Já agora parabéns, tenho a certeza de que a menina é linda, tal como os seus pais.
-Obrigada. - disse agora muito mais animada. - Anda, agora vai ter com o teu rapaz.
-Não é o meu rapaz.
-Bem, o que quer que seja. - riu e desliguei a chamada quando o Edward chamou pela segunda vez.
-Já vou, Eddie! - disse antes de destrancar a porta e abri-la.
A sua testa estava franzida, os seus olhos viam-me de cima a baixo e sabia que algo dentro deles estava a maquinar com muita força.
-Estás bem? - perguntou.
-Muito bem. - respondi dedicando-lhe um sorriso.
-Ainda bem. - disse antes de murmurar nervoso. - Uhm... Bem, já paguei a conta. Queres ir comprar um gelado e depois ir ao cinema?
Sorri.
-Adoraria. - disse.
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Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)
FanficQuarto livro da coleção "Os Trigémeos Styles". 4/5