Capítulo 27

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Os seus lábios mexeram-se com suavidade sobre os meus, provando-os com lentidão. Fechei os olhos quando apoiou uma das suas mãos na minha bochecha antes de intensificar o beijo, não com paixão e luxúria, mas com lentidão e suavidade. Era como se estivesse a pedir-me permissão para me fazer sentir bem duma maneira tão doce, tentando ganhar a minha confiança.

Temi.

Os seus lábios separaram-se dos meus e por uns segundos ouvi como o meu coração batia muitíssimo mais rápido do que alguma vez tinha feito. O que se estava a passar?

Apanhei ar procurando uma escapatória para as minhas perguntas e, como uma completa rapariga de filme ou romance faria, abri os lábios para me desculpar e ir à casa de banho ante o seu olhar intenso e curioso que nunca perdia esse toque de indiferença tão própria dele.

-Merda. - murmurei quando entrei na casa de banho e tranquei a porta. Apoiei-me na parede e o meu olhar fixou-se no teto.

"Lottie, preciso da tua ajuda"

Enviei uma mensagem à minha amiga, sentindo-me um pouco mal pela situação. Ela tinha acabado de ter uma filha e aquilo deveria ser o centro da sua atenção naquele momento, e eu estava a perguntar-lhe sobre problemas amorosos.

"Que se passa?" respondeu.

"É o Edward."

"O Edward?"

"O Harry enganou-me para não vir ao funeral, acabei com ele e vim para Edimburgo para me afastar disso tudo. O Edward apareceu ontem na porta do apartamento do meu primo. Beijei-o e... não sei o que sinto."

"Espera, já te ligo."

"Ok."

Demorou apenas uns segundos em fazê-lo, os quais eu usei para passar a mão pelos meus lábios e tocar-lhes com suavidade. Ainda sentia o toque do Edward. Havia alguma tristeza na situação; o Harry nunca me tinha tratado tão docemente e com tanto respeito.

-Conta-me. - disse a minha amiga uma vez que atendi a chamada.

-Preciso de ajuda.

-Mas porque é que o beijaste?

-Por uma aposta, mas esse não é o principal problema.

-Ama-lo?

-Não.

-E então?

-Temo que o chegue a fazer. É muito doce comigo.

E temia-o. Sabia que, agora mesmo, o meu estado emocional estava prestes a partir-se pela fina corda que o agarrava, mais do que alguma vez tinha estado.

-Não queres voltar a apaixonar-te.

-Não. E muito menos agora que acabei de sair duma relação. Olho-lhe nos olhos e às vezes gostaria que fosse o Harry, mesmo que agora me aperceba de que não quero isso. Apenas... não sou tão forte como gostaria. Vou magoá-lo e ele vai magoar-me. - suspirei.

-Quem não arrisca não petisca. - disse. - E se isso tudo aconteceu por uma razão? E se realmente o correto para ti sempre fosse o Edward e não o Harry? Tu não sabes isso, Bella.

-Eu sei, eu sei. Tens razão. Mas e se não gosto mesmo dele e for apenas uma maneira inconsciente de substituir o Harry?

-Se assim for a relação durará bem pouco. Não teria nenhum futuro, Bella, sei que não és parva e sabes diferenciar o que sentes pelo Harry e pelo Edward.

-Odeio o Harry, mas ainda o amo.

-É normal. O que sentes pelo Edward?

-Gosto dele e faz-me sentir bem. Atravessou todo o país só para não me perder.

-É impossível não te apaixonares por algo assim.

-A não ser que continues apaixonada por um idiota e estejas a tentar esquecê-lo.

-Ainda melhor! Vai com o Edward! Sabes muito bem que ele gosta de ti e assim esqueces-te do Harry. É simples.

-Mas são irmãos.

-E então? Ninguém tem culpa desse parentesco familiar e se um rapaz espera e luta por ti como o Edward, eu acho que merece uma oportunidade pelo seu esforço, deixando de lado que seja irmão de quem é. É injusto para ele que o rejeites por culpa do seu irmão. O que é que o Edward fez? Nada. Foi o Harry, não ele. O coitado não merece levar com uma culpa que não é sua. E a sério que acho que está louco por ti. Estive dois meses a passar todas as manhãs com ele e acho que já sei mais ou menos como ele é.

-Eu sei, Lottie, eu sei. Mas e se depois vier o Harry? O que farei quando vir o Harry e eu estiver com o seu irmão?

-Bella, e se correr tudo bem e o Edward acabar por ser o pai dos teus filhos? Imagina isso por um pouco. Renunciarias a isso?

-Não.

-Então acho que já tens a resposta que querias. - disse com ternura.

Mordi o meu lábio antes de suspirar. Tinha razão, sabia que tinha, mas nada era tão fácil como parecia e aquilo era uma dessas coisas.

-Bella? Estás bem, putinha?

A voz do Edward chamou-me desde a parte de fora da pequena casa de banho. Suspirei de novo.

-O Edward está a chamar-me, depois falamos.

-Está bem. - disse agora um pouco mais seca.

-Já agora parabéns, tenho a certeza de que a menina é linda, tal como os seus pais.

-Obrigada. - disse agora muito mais animada. - Anda, agora vai ter com o teu rapaz.

-Não é o meu rapaz.

-Bem, o que quer que seja. - riu e desliguei a chamada quando o Edward chamou pela segunda vez. 

-Já vou, Eddie! - disse antes de destrancar a porta e abri-la.

A sua testa estava franzida, os seus olhos viam-me de cima a baixo e sabia que algo dentro deles estava a maquinar com muita força.

-Estás bem? - perguntou.

-Muito bem. - respondi dedicando-lhe um sorriso.

-Ainda bem. - disse antes de murmurar nervoso. - Uhm... Bem, já paguei a conta. Queres ir comprar um gelado e depois ir ao cinema?

Sorri.

-Adoraria. - disse.

Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora