Edward
A chamada demorou em ser atendida. Durante esse pequeno espaço de tempo dediquei todos os meus esforços em manter a calma, respirar pausadamente e tentar que a minha voz não soasse mais afogada do que devia. A Cassie jogava no chão com as suas bonecas e eu caminhava com dificuldade de um lado para o outro da sala. Estava na hora de dizer à minha mãe sobre a Cassie. Era o grande momento.
-Sim? - a voz da minha mãe soou despreocupada. Tinha falado com o Marcel na noite anterior e ele tinha-me dito que os nossos pais tinham intenção de voltar a casa em pouco tempo. Até que enfim!
-Mãe. - suspirei jogando com as minhas próprias unhas.
-Eddie, filho. Como estás? - perguntou com essa doçura unicamente sua.
-Muito bem, mãe. - respondi e sentei-me numa das cadeiras apanhando ar. - Mas tenho de te dizer uma coisa.
-O quê? - perguntou deixando que as suas palavras se suavizassem.
Notei como as minhas mãos suavam e como a minha mente se tornava numa confusão com as palavras que tinha tentando ordenar anteriormente para o meu pequeno discurso.
-Bem... Uhm... - a Cassie olhou para mim e dedicou-me um sorriso infantil enquanto eu jurava que até ela poderia ver o meu nervosismo. Depois levou a sua atenção ao cabelo da sua boneca. - Vou-te dizer rápido, estou a ficar nervoso.
-De certeza que estás bem? - perguntou desta vez com alguma preocupação.
-S... Sim, mãe... É só que... - as palavras não saíam. Tinha medo do que a minha mãe me pudesse dizer.
-Que...?
-És avó. - soltei de rompante fechando os olhos com força como se estivesse à espera duma chapada da sua parte. Coisa estúpida, sendo que ela nem sequer estava aqui.
-Quê?!
-Sim... Uhm... Lembras-te da Grace?
-Essa cabra? - exclamou com desprezo. - Por favor não me digas que voltaste a vê-la e estás com ela porque me vai dar um enfarte.
-Não estou com ela.
-Deixaste-a grávida?
-Uhm... Bem... Na verdade foi há uns anos.
-Não, Edward, não. És demasiado jovem para um filho!
-Que queres que faça, mãe? Até que está crescidinha, olha, ela vai-te dizer olá. - afastei o telemóvel do meu ouvido. - Cassie, diz olá à avó.
A Cassie obedeceu com tranquilidade.
-Olá, avó. Chamo-me Cassandra mas o papá Eddie não gosta do meu nome por isso chamam-me Cassie.
Puta menina, tem que dizer sempre essa frase de "O meu papá Eddie não gosta do meu nome". As pessoas vão pensar que sou um mau pai.
Voltei a levar o meu telemóvel à minha orelha.
-Que menina tão fofa! - exclamou a minha mãe. - Não consigo assimilá-lo. Ai meu Deus! Manda-me fotos dela. Mas conta-me primeiro como foi.
-Depois envio-te, é tão gira quanto eu.
-Que filho tão convencido que eu tenho.
-Bem mãe, o que aconteceu foi que a Grace a abandonou na porta da minha casa com uma nota.
-Que filha da...
-Na nota dizia que não a queria porque era parecida comigo.
-Sempre soube que essa rapariga era uma hipócrita.
-E bem, deu-me a custódia e agora mando eu e a Grace que vá apanhar no cu.
-Edward, fala bem, que a menina vai aprender coisas más. - ralhou comigo.
-Desculpa. - desculpei-me com um risinho mesmo que ainda notasse cócegas nervosas na minha barriga.
-Estás bem com isto?
-Sim. É um pouco difícil, mas nada que não se possa fazer.
-Tem em conta que já não és apenas tu, mas que agora são dois e os dois são da tua responsabilidade.
Suspirei.
-Eu sei, mãe.
-Vou voltar para Londres. Vou ajudar-te, sim?
-Não é necessário, mãe. Eu consigo sozinho.
-Não, não consegues. Pretendes deixar de estudar?
-Não sei. Mas já estive a pensar, tenho de estar aí para a Cassie e, claro, não tenho onde a deixar e não posso pagar-lhe um infantário porque agora não estou a trabalhar por causa da lesão.
-Eu e o teu pai vamos voltar para Londres, podes estar tranquilo. Eu tomo conta dela enquanto tu vais às aulas e trabalhas. Precisas de estudos para poder dar o melhor a essa menina, sabes disso, certo?
-Sim, sei.
-Vais ver que tudo vai correr bem. - encorajou-me.
-Papá, eu conheço a avó? - perguntou-me a Cassie ainda sem eu ter desligado a chamada.
-Não a conheces, Cassie. - respondi à menina e depois à minha mãe. - Espero bem que sim, mãe.
-A tua mãe gosta de ti, papá? - perguntou de novo.
-O que é que ela está a dizer? - perguntou a minha mãe.
-Nada, ignora porque só me dá vontade de ir buscar a Grace e atirá-la por uma ponte. Não podia ser mais filha da puta. - manifestei sem pensar e antes aperceber-me de que a Cassie estava a chorar baba e ranho.
-Edward... - começou a minha mãe. - Fala com ela, amanhã estarei aí, sim?
-Está bem.
-Adoro-te, pequeno.
-E eu a ti, mãe.
Desliguei a chamada e atirei o telemóvel para nenhuma parte em concreto. Levantei-me e aproximei-me da menina, peguei-lhe em braços e caminhei até ao sofá. Sentei-me com ela no meu colo e depois suspirei.
-Cassie, o que se passa? - sabia bem o que se passava, mas queria que ela mo dissesse.
-A minha mãe não gosta de mim e todas as mães gostam dos seus filhos mas a minha não. - soluçou e baixou a cabeça abraçando-se a si mesma.
Abracei-a. Cada vez que isto acontecia o meu coração partia-se em mil pedaços. Realmente esta era a menina dos meus olhos; era a minha filha e não gostava de a ver chorar por coisas assim. Por culpa da sua puta mãe. Suspirei e não sei porquê, mas também chorei.
-Cassie, bebé. - expressei com doçura. Não estava habituado a falar com ela assim, mas essa ia ser a única maneira de fazer com que a pequena se sentisse bem. - Eu gosto de ti, sim? Eu gosto de ti por mim e pela tua mãe juntos e vais ter de te conformar comigo. Sei que sou um asneirento, um frio e um parvo, mas gosto muitíssimo de ti, sim? E se a tua mãe não gosta de ti, eu gostarei de ti por ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)
FanfictionQuarto livro da coleção "Os Trigémeos Styles". 4/5