Capítulo 15

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Edward

A chamada demorou em ser atendida. Durante esse pequeno espaço de tempo dediquei todos os meus esforços em manter a calma, respirar pausadamente e tentar que a minha voz não soasse mais afogada do que devia. A Cassie jogava no chão com as suas bonecas e eu caminhava com dificuldade de um lado para o outro da sala. Estava na hora de dizer à minha mãe sobre a Cassie. Era o grande momento.

-Sim? - a voz da minha mãe soou despreocupada. Tinha falado com o Marcel na noite anterior e ele tinha-me dito que os nossos pais tinham intenção de voltar a casa em pouco tempo. Até que enfim!

-Mãe. - suspirei jogando com as minhas próprias unhas.

-Eddie, filho. Como estás? - perguntou com essa doçura unicamente sua.

-Muito bem, mãe. - respondi e sentei-me numa das cadeiras apanhando ar. - Mas tenho de te dizer uma coisa.

-O quê? - perguntou deixando que as suas palavras se suavizassem.

Notei como as minhas mãos suavam e como a minha mente se tornava numa confusão com as palavras que tinha tentando ordenar anteriormente para o meu pequeno discurso.

-Bem... Uhm... - a Cassie olhou para mim e dedicou-me um sorriso infantil enquanto eu jurava que até ela poderia ver o meu nervosismo. Depois levou a sua atenção ao cabelo da sua boneca. - Vou-te dizer rápido, estou a ficar nervoso.

-De certeza que estás bem? - perguntou desta vez com alguma preocupação.

-S... Sim, mãe... É só que... - as palavras não saíam. Tinha medo do que a minha mãe me pudesse dizer.

-Que...?

-És avó. - soltei de rompante fechando os olhos com força como se estivesse à espera duma chapada da sua parte. Coisa estúpida, sendo que ela nem sequer estava aqui.

-Quê?!

-Sim... Uhm... Lembras-te da Grace?

-Essa cabra? - exclamou com desprezo. - Por favor não me digas que voltaste a vê-la e estás com ela porque me vai dar um enfarte.

-Não estou com ela.

-Deixaste-a grávida?

-Uhm... Bem... Na verdade foi há uns anos.

-Não, Edward, não. És demasiado jovem para um filho!

-Que queres que faça, mãe? Até que está crescidinha, olha, ela vai-te dizer olá. - afastei o telemóvel do meu ouvido. - Cassie, diz olá à avó.

A Cassie obedeceu com tranquilidade.

-Olá, avó. Chamo-me Cassandra mas o papá Eddie não gosta do meu nome por isso chamam-me Cassie.

Puta menina, tem que dizer sempre essa frase de "O meu papá Eddie não gosta do meu nome". As pessoas vão pensar que sou um mau pai.

Voltei a levar o meu telemóvel à minha orelha.

-Que menina tão fofa! - exclamou a minha mãe. - Não consigo assimilá-lo. Ai meu Deus! Manda-me fotos dela. Mas conta-me primeiro como foi.

-Depois envio-te, é tão gira quanto eu.

-Que filho tão convencido que eu tenho.

-Bem mãe, o que aconteceu foi que a Grace a abandonou na porta da minha casa com uma nota.

-Que filha da...

-Na nota dizia que não a queria porque era parecida comigo.

-Sempre soube que essa rapariga era uma hipócrita.

-E bem, deu-me a custódia e agora mando eu e a Grace que vá apanhar no cu.

-Edward, fala bem, que a menina vai aprender coisas más. - ralhou comigo.

-Desculpa. - desculpei-me com um risinho mesmo que ainda notasse cócegas nervosas na minha barriga.

-Estás bem com isto?

-Sim. É um pouco difícil, mas nada que não se possa fazer.

-Tem em conta que já não és apenas tu, mas que agora são dois e os dois são da tua responsabilidade.

Suspirei.

-Eu sei, mãe.

-Vou voltar para Londres. Vou ajudar-te, sim?

-Não é necessário, mãe. Eu consigo sozinho.

-Não, não consegues. Pretendes deixar de estudar?

-Não sei. Mas já estive a pensar, tenho de estar aí para a Cassie e, claro, não tenho onde a deixar e não posso pagar-lhe um infantário porque agora não estou a trabalhar por causa da lesão.

-Eu e o teu pai vamos voltar para Londres, podes estar tranquilo. Eu tomo conta dela enquanto tu vais às aulas e trabalhas. Precisas de estudos para poder dar o melhor a essa menina, sabes disso, certo?

-Sim, sei.

-Vais ver que tudo vai correr bem. -  encorajou-me.

-Papá, eu conheço a avó? - perguntou-me a Cassie ainda sem eu ter desligado a chamada.

-Não a conheces, Cassie. - respondi à menina e depois à minha mãe. - Espero bem que sim, mãe.

-A tua mãe gosta de ti, papá? - perguntou de novo.

-O que é que ela está a dizer? - perguntou a minha mãe.

-Nada, ignora porque só me dá vontade de ir buscar a Grace e atirá-la por uma ponte. Não podia ser mais filha da puta. - manifestei sem pensar e antes aperceber-me de que a Cassie estava a chorar baba e ranho.

-Edward... - começou a minha mãe. - Fala com ela, amanhã estarei aí, sim?

-Está bem.

-Adoro-te, pequeno.

-E eu a ti, mãe. 

Desliguei a chamada e atirei o telemóvel para nenhuma parte em concreto. Levantei-me e aproximei-me da menina, peguei-lhe em braços e caminhei até ao sofá. Sentei-me com ela no meu colo e depois suspirei.

-Cassie, o que se passa? - sabia bem o que se passava, mas queria que ela mo dissesse.

-A minha mãe não gosta de mim e todas as mães gostam dos seus filhos mas a minha não. - soluçou e baixou a cabeça abraçando-se a si mesma.

Abracei-a. Cada vez que isto acontecia o meu coração partia-se em mil pedaços. Realmente esta era a menina dos meus olhos; era a minha filha e não gostava de a ver chorar por coisas assim. Por culpa da sua puta mãe. Suspirei e não sei porquê, mas também chorei.

-Cassie, bebé. - expressei com doçura. Não estava habituado a falar com ela assim, mas essa ia ser a única maneira de fazer com que a pequena se sentisse bem. - Eu gosto de ti, sim? Eu gosto de ti por mim e pela tua mãe juntos e vais ter de te conformar comigo. Sei que sou um asneirento, um frio e um parvo, mas gosto muitíssimo de ti, sim? E se a tua mãe não gosta de ti, eu gostarei de ti por ela.

Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora