Eu era o tipo de pessoa que normalmente acordava com dores de cabeça mas, nesta manhã, a dor superava qualquer outra.
Grunhi e girei sobre mim mesmo agarrando nos lençóis e nos cobertores com força. Quem me mandou embebedar-me dessa maneira? Nem sequer me lembrava do que tinha feito na noite anterior, mas tinha de ir falar com a Bella e isto apenas iria piorar as coisas e a seriedade da situação.
-Foda-se, és um idiota, Harry. - falei para mim mesmo.
Tentei visualizar na minha mente alguns dos acontecimentos da noite anterior, mas nenhum chegou à minha mente para além da imagem do chão da entrada de minha casa e o teto da sala de jantar. Se os meus pensamentos e especulações eram reais, a minha mãe estava prestes a matar-me. Se é que já não o tinha feito.
A porta abriu-se, mesmo que na verdade tivesse sido empurrada já que estava apenas encostada para deixar que a minha mãe aparecesse atrás dela. Mantive-me calado reparando em como os meus nervos estalavam e a vergonha passava para dançar na divisão. De certeza que ela tinha visto tudo e agora estaria decepcionada comigo.
A minha mãe nunca me tinha visto bêbedo, e se o tinha feito nunca tinha sido no estado em que estava ontem à noite.
-Bom dia, Harry. - disse. - Continuas a querer ser namorado dos teus irmãos ou já te passou? - a sua voz entoou em brincadeira e suspirei tranquilo ante o seu tom de voz antes de arregalar os olhos. Ser namorado de quem?!
-Quê? - perguntei apoiando-me nos meus antebraços e passando o olhar pelo meu torso, que se encontrava nu.
-Ontem declaraste o teu amor aos teus irmãos. Pediste-lhes em namoro e ligaste à tua ex para lhe gritar que era uma cabra e que já não gostavas dela porque eras gay.
Demasiada informação para assimilar.
-Quê?!
A minha mãe riu, reação totalmente oposta à que eu esperava.
-E a culpa era do Edward.
-Não estou a perceber nada. - baixei o olhar. Parecia ter sido divertido para todos menos para mim.
A minha mãe abraçou-me, outro ato que me surpreendeu, mas abracei-a de volta. Escondi a cabeça no seu pescoço, sentindo como aquela sensação de proteção não desaparecera em todos estes anos. A minha mãe sabia como me fazer sentir protegido, depois de tudo continuava a ser uma criança.
-Que se passou contigo, meu amor? - perguntou a minha mãe embalando-me nos seus braços. - Porque é que te embebedaste?
Neguei com a cabeça.
-Não tem importância.
-Alguma vez te contei porque é que o amor é tão complicado?
A minha testa franziu-se enquanto o meu olhar percorria o quarto.
-Não.
-Deveria fazê-lo? - perguntou com doçura.
-Não sei se quero saber. - suspirei.
-Porquê?
-Simplesmente porque haveriam tantas razões que seria impossível encontrar uma boa. O porquê da complicação do amor é como uma definição do dicionário, uma dessas com mais de vinte significados e sinónimos. Um completo desastre.
A minha mãe sorriu.
-Isso é verdade, mas cabe-te a ti decidir o significado que queres escolher. Não te esqueças. Podes aceitá-lo ou virar-lhe as costas.
-Mas é complicado conseguir virar-lhe as costas.
-Vale a pena o esforço. - disse e abracei-me a ela com mais força.
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Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)
FanfictionQuarto livro da coleção "Os Trigémeos Styles". 4/5