Harry
Saí do teatro e não deviam ser ainda as nove da noite. Tínhamos estado a fazer os últimos ensaios e tinha a certeza de que ia ficar perfeito. Ou pelo menos esperava que sim.
As ruas de Londres estavam cada vez mais cheias de sol, já que se estava a aproximar o verão e já não era preciso levar o casaco e o gorro para todo o lado.
De manhã tinha feito um teste com a Bella e tudo saiu tão perfeito como eu tinha pensado; não descobriu. Eu e o Marcel trocámos de roupa e entrei à aula de História como sendo ele, sentei-me ao seu lado e ela nem sequer desconfiou de que quem estava ao seu lado não era o Marcel. Enquanto me perguntava coisas sobre a aula de História, eu tirava apontamentos desordenadamente e fingia uma dor de cabeça como desculpa para não saber as respostas. A minha namorada era tão inocente que não conseguia assimilá-lo. E aí apercebi-me de que tinha sido estúpido culpá-la de me ter enganado com o Edward há uns meses atrás.
Enquanto caminhava até casa com a mochila pendurada num ombro pensei em ir ver a Gemma, não falava com ela há muito tempo e a consciência pesava-me. Esse cabrão do Lucas tinha-me roubado a minha irmã e não havia maneira de que ela se dignasse a responder às chamadas, por isso decidi ir eu mesmo buscá-la a sua casa para falar e aclarar as coisas mas, para minha desgraça, quando cheguei não havia ninguém aí.
Esperei uns quantos minutos, toquei algumas vezes à campainha e inclusive pensei na opção de ela não querer abrir a porta e saí daí a suspirar. A minha irmã não queria saber da minha existência, mas eu não lhe tinha feito nada de mal, pois não? O seu namorado era um cabrão e eu fiz o que achei que ele merecia.
Cheguei a casa mais tarde. A Bella estava à minha espera na sala de jantar, ela própria se tinha encarregado de fazer as nossas malas sem que eu lhe tivesse pedido que o fizesse. Os remorsos estavam a vir a mim, se me descobria não ia poder aguentar com a culpa. Ela sorriu-me e aproximou-se de mim para me dar um beijo curto, correspondi com desconforto disfarçado.
-Estás bem? - perguntou a rapariga. - Se estás nervoso pela minha família podes estar descansado que não te vão fazer nada. Eles só me odeiam a mim.
Soltou um risinho e de seguida vi o Marcel a espreitar pelo corredor. O plano era o seguinte: ir ao quarto do Marcel, mudarmos de roupa e depois eles iriam como se nada se passasse. Simples. Mesmo assim a culpa estava a acabar comigo, não sabia se era capaz de o fazer, mas por outro lado pensava no meu sonho: ser ator e músico. E sempre quis lutar por isso, não queria deixá-lo escapar. Queria ser engolido pela terra e esperar que explodisse a bomba da situação, mas comportei-me com normalidade.
-Estou bem, amor. - respondi devolvendo-lhe o beijo. - Vou dar-lhe uma coisa e já vamos, sim?
Ela assentiu, separou-se de mim e foi em busca da sua amiga. O Marcel agarrou-me no braço e arrastou-me até ao seu quarto, onde se encontravam o Edward e a Cassie.
-Harry, estás louco. - murmurou o rapaz de óculos. Tirei a camisola e atirei-lha.
-Ouçam lá! - queixou-se Edward. - Não façam nudismo à frente da minha filha. - tapou os olhos à Cassie. - E muito menos incesto.
Revirei os olhos e, ao ver que o Marcel estava a demorar, tirei-lhe a camisola eu mesmo.
-Anda lá! - despachei-o e ele imitou a minha ação enquanto trocávamos de roupa.
-Não me digas que o Marcel se vai fazer passar por ti no funeral. - disse Edward com cinismo.
-Cala-te. - ordenei.
-Deixa estar, não vou dizer nada. - disse o meu irmão de tatuagens. - Nem a Cassie. Não é verdade, filha?
A menina assentiu.
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Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)
FanficQuarto livro da coleção "Os Trigémeos Styles". 4/5