Capítulo 16

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Harry

Saí do teatro e não deviam ser ainda as nove da noite. Tínhamos estado a fazer os últimos ensaios e tinha a certeza de que ia ficar perfeito. Ou pelo menos esperava que sim.

As ruas de Londres estavam cada vez mais cheias de sol, já que se estava a aproximar o verão e já não era preciso levar o casaco e o gorro para todo o lado.

De manhã tinha feito um teste com a Bella e tudo saiu tão perfeito como eu tinha pensado; não descobriu. Eu e o Marcel trocámos de roupa e entrei à aula de História como sendo ele, sentei-me ao seu lado e ela nem sequer desconfiou de que quem estava ao seu lado não era o Marcel. Enquanto me perguntava coisas sobre a aula de História, eu tirava apontamentos desordenadamente e fingia uma dor de cabeça como desculpa para não saber as respostas. A minha namorada era tão inocente que não conseguia assimilá-lo. E aí apercebi-me de que tinha sido estúpido culpá-la de me ter enganado com o Edward há uns meses atrás.

Enquanto caminhava até casa com a mochila pendurada num ombro pensei em ir ver a Gemma, não falava com ela há muito tempo e a consciência pesava-me. Esse cabrão do Lucas tinha-me roubado a minha irmã e não havia maneira de que ela se dignasse a responder às chamadas, por isso decidi ir eu mesmo buscá-la a sua casa para falar e aclarar as coisas mas, para minha desgraça, quando cheguei não havia ninguém aí.

Esperei uns quantos minutos, toquei algumas vezes à campainha e inclusive pensei na opção de ela não querer abrir a porta e saí daí a suspirar. A minha irmã não queria saber da minha existência, mas eu não lhe tinha feito nada de mal, pois não? O seu namorado era um cabrão e eu fiz o que achei que ele merecia.

Cheguei a casa mais tarde. A Bella estava à minha espera na sala de jantar, ela própria se tinha encarregado de fazer as nossas malas sem que eu lhe tivesse pedido que o fizesse. Os remorsos estavam a vir a mim, se me descobria não ia poder aguentar com a culpa. Ela sorriu-me e aproximou-se de mim para me dar um beijo curto, correspondi com desconforto disfarçado.

-Estás bem? - perguntou a rapariga. - Se estás nervoso pela minha família podes estar descansado que não te vão fazer nada. Eles só me odeiam a mim.

Soltou um risinho e de seguida vi o Marcel a espreitar pelo corredor. O plano era o seguinte: ir ao quarto do Marcel, mudarmos de roupa e depois eles iriam como se nada se passasse. Simples. Mesmo assim a culpa estava a acabar comigo, não sabia se era capaz de o fazer, mas por outro lado pensava no meu sonho: ser ator e músico. E sempre quis lutar por isso, não queria deixá-lo escapar. Queria ser engolido pela terra e esperar que explodisse a bomba da situação, mas comportei-me com normalidade.

-Estou bem, amor. - respondi devolvendo-lhe o beijo. - Vou dar-lhe uma coisa e já vamos, sim?

Ela assentiu, separou-se de mim e foi em busca da sua amiga. O Marcel agarrou-me no braço e arrastou-me até ao seu quarto, onde se encontravam o Edward e a Cassie.

-Harry, estás louco. - murmurou o rapaz de óculos. Tirei a camisola e atirei-lha.

-Ouçam lá! - queixou-se Edward. - Não façam nudismo à frente da minha filha. - tapou os olhos à Cassie. - E muito menos incesto.

Revirei os olhos e, ao ver que o Marcel estava a demorar, tirei-lhe a camisola eu mesmo.

-Anda lá! - despachei-o e ele imitou a minha ação enquanto trocávamos de roupa.

-Não me digas que o Marcel se vai fazer passar por ti no funeral. - disse Edward com cinismo.

-Cala-te. - ordenei.

-Deixa estar, não vou dizer nada. - disse o meu irmão de tatuagens. - Nem a Cassie. Não é verdade, filha?

A menina assentiu.

Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora