Capítulo 2

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Ignorei-o já que os seus insultos eram tão constantes que há dias que já me tinham deixado de afetar. O Marcel estava de pé apoiado no armário a contemplar como o seu quarto tinha ficado com o novo intruso; destruído. Antes de se ter ido embora o quarto estava perfeitamente arrumado, mas agora era complicado encontrar o chão.

-Isto está um desastre. - murmurou o Marcel caminhando entre todos os papéis que havia por todo o lado. Agarrou nos papéis fazendo um monte e depois deixou-os em cima do escritório. Era incrível o facto de que tudo o que estava espalhado fossem desenhos por acabar, riscos e materiais de arte partidos. Uma vez sem papéis, ficou quase tudo limpo.

-Que queres que faça? - perguntei um pouco desesperada apoiando o meu corpo na porta. Estava a começar a sentir-me mal. - Eu não sei como fazer com que o seu humor melhore.

O Marcel suspirou também e sentou-se na cama desfeita.

-Daqui a duas semanas deve tranquilizar-se. Com o cancro foi igual. E com a Grace - fez uma pausa ajeitando os óculos. - Já sabes.

-Às vezes tenho vontade de a ir buscar e trazê-la para aqui para arranjar o que estragou. - confessei e de seguida tossi. Merda, estou cada vez mais tonta.

Senti como a febre era cada vez mais forte e como tinha uma vontade irremediável de me deitar na cama e esperar que a gripe decidisse ir embora. Voltei a tossir e senti como a garganta me gritava de ardor.

-Estás bem? - perguntou Marcel preocupado quando os seus pés começaram a mexer-se na minha direção.

Fiz uma careta.

-Não é nada. Apenas tenho gripe e acho que me deveria ir deitar um bocado. - suspirei e o Marcel dedicou-me um olhar de preocupação. Levantou-se e caminhou na minha direção. Semicerrei os olhos, já que estes nem sequer pediam permissão para se fecharem.

-Deixa-me ver. - levantou a sua mão uma vez que esteve da minha altura e pô-la na minha testa. Franziu a testa enquanto a minha atenção se encontrava nele. - Vai para a cama. Tens muita febre.

Os meus olhos semicerraram-se de novo sem eu sequer o querer. Sentia como o meu corpo não respondia e como a força se me escapava. Estava tão mal que podia jurar que iria cair em qualquer momento.

Assenti.

-Vou trazer-te uns panos com água fria, está bem? - informou enquanto passava o braço por cima dos meus ombros para me ajudar a caminhar. Bufei. Odiava estar doente.

-Obrigada, Marcy. - agradeci enquanto saíamos do quarto. - Gostaria de te dar mais atenção agora que voltaste, mas desculpa. - voltei a tossir.

Quando começava com os ataques de tosse não havia ninguém que os detivesse. Era a pior coisa do mundo.

O Marcel acompanhou-me até ao meu quarto. Sentei-me na cama e pedi-lhe para me dar o meu pijama preto com um laço branco - o que o Harry me tinha dado quando começámos a namorar. O rapaz pegou nele e estendeu-mo. Depois saiu do quarto, seguido de um "Já volto". Pus o pijama e meti-me entre os cobertores para me manter erguida e assim não tossir tanto. O Marcel voltou e tocou à porta antes de entrar. Trazia uma pequena bacia com água fria, panos e um copo de vidro com um conteúdo ligeiramente amarelado nele. Deixou o recipiente perto da minha cama e colocou um pano na minha testa depois de o escorrer. Estremeci logo.

-Tens um termómetro? - perguntou deixando o copo na mesinha ao lado da cama.

-Sim. - sussurrei. - Está na primeira gaveta.

O Marcel abriu a gaveta e tirou o termómetro. Pôs-mo e fechei os olhos vítima do cansaço antes de voltar a tossir.

-Toma isto. - disse e abri os olhos para o encontrar a olhar para mim com o copo nas mãos . - É um remédio natural que a minha mãe nos fazia, funciona mesmo.

Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora