Capítulo 10

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-Cassie, está quieta. - repeti pela milésima vez enquanto a menina dançava de um lugar para o outro na sala embatendo contra tudo o que lhe aparecia à frente. - Vais cair.

A sua saia vermelha era o que a menina parecia amar mais no mundo. Dava voltas sobre si mesma enquanto contemplava como a peça de roupa voava com ela.

-Não vou cair. - resmungou e continuou a saltar de um lado para o outro. A dançar e a dar voltas. Isto ia acabar com a minha paciência.

Continuei os desenhos para o trabalho de costura. Hoje estava mais tranquilo, tinha descoberto que estar com a Cassie me tranquilizava. Talvez fosse a sua aura infantil. Talvez a sua inocência.

-Niall, ajuda-me. - queixou-se a Lottie, que se encontrava na casa de banho com o Niall.

-Foda-se Lottie, faz isso tu sozinha. - respondeu o rapaz com relutância. 

Eu estava a ouvir desde a sala.

-Mas não vês que... - fez uma pausa e ouvi como vomitava. Se de algo não me arrependia, era de não ter estado com a Grace enquanto estava grávida da Cassie. Que nojo. - Foda-se, Niall. Tenho a tua filha dentro de mim, pelo menos podias ajudar-me nalguma coisa.

-Em quê? Eu já faço tudo por ti!

-És um mentiroso. Vês-me vomitar desde o outro extremo da porta e ficas aí parado como se nada se estivesse a passar.

-Ah, claro, queres que te ajude a vomitar?

-Não! Só quero um pouco de atenção da tua parte.

Sempre a mesma coisa, que chatos.

-Atenção? Eu já te dou atenção, ontem fiz-te uma sandes, achas pouco?

-Atenção não é fazer-me um caralho duma sandes e depois ficar na rua até às três da madrugada. Estou grávida e sabes que falta pouco para ter a menina e tu apenas te vais embora e me deixas sozinha. Quero que estejas comigo!

Era sempre a mesma discussão. A mesma falta de carinho e atenção reclamada pela Lottie.

-Cassie, fecha a porta. - ordenei e ela assentiu e fez o que lhe mandei.

-Papá, quero pintar. - disse voltando a parar à minha frente. - Como tu.

Sorriu e, sem que eu lhe ordenasse, sentou-se no meu colo apoiando a cabeça e as costas no meu torso. Arqueei as sobrancelhas.

Já nem pede.

-Cassie, estou a fazer um trabalho para a aula. - aclarei enquanto ela observava os desenhos dos manequins.

-Tens de desenhar raparigas? - perguntou passando a mão pelo papel.

-Não, é roupa.

-Posso ajudar? - perguntou inclinando a cabeça para olhar para mim. - Eu quero pintar roupa. Roupa bonita, porque quando for maior vou ser estilista.

Puta que pariu, já estou a ver o que vai sair daqui. E Céus, não. Estilista não.

-Não, isto é importante, não te posso deixar.

-Mas papá. - alargou o "a" - Por favor. - fez beicinho e juntou as mãos adoravelmente. Essa menina sabia o que fazia.

Conseguia sempre convencer-me.

-Está bem, mas eu pinto contigo. - não queria que me estragasse os desenhos, portanto eu agarraria na sua mão enquanto pintava.

-Boaaaaa! - esticou-se e deixou um beijo na minha bochecha abraçando-me. - Adoro-te, papá.

Os Trigémeos Styles 4: Dreams (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora