Capítulo 15 - Remexendo o passado

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Capítulo 15

Remexendo o passado

Nos dias que se seguiram, Wei Wuxian revisou todos os encontros com o Lan, tentando entender o que o fazia manter aquele certo ar de distância quando estavam juntos. Concluiu que, escondido naquela aparência indiferente, estava uma criatura com sentimentos delicados, que uma vez magoado não se esquecia facilmente.

"Lan Zhan, por que você tem que ser tão sensível?" — perguntou-se em pensamentos. Depois, condenou-se: não havia sido pouco deixar o amigo sem notícias durante tanto tempo. — "Se você tivesse desaparecido, eu teria enlouquecido" — sentiu então o desespero do Lan e condenou-se por isso.

Decidiu estabelecer contato permanente com  ele e assim provar o seu arrependimento. Como ambos tivessem uma vida agitada, criou um sistema de localização na forma de duas peças circulares, que permitiria enviar mensagens mesmo que não se soubesse o paradeiro do receptor. Dirigiu-se para o Pavilhão do Bambu, à noite, com a desculpa de entregar a peça ao Lan, mas a habitação estava vazia. Decepcionado e sem opção, deixou um bilhete informando o uso da magia e voltou para o Palácio Demoníaco, onde estava trabalhando em seus talismãs.

Dias se passaram, antes que o amigo lhe mandasse uma resposta.

Wei Ying, tenho estado muito atarefado. Entro em contato assim que puder.

Não era, de forma nenhuma, essa a resposta que ele esperava, havia deixado um convite para que Lan Zhan fosse conhecer seu novo lar e desejava uma resposta positiva. Decepcionado, largou seu trabalho e foi fazer um passeio melancólico pela colina.

Mais dias se passaram e na falta de comunicação,  mandou mais mensagens, que ficaram muitos mais dias sem resposta. Quando já estava decidido a procurar de novo o Lan, uma mensagem chegou, na forma de uma folha verde e brilhante, que ficou girando em cima do artefato de localização.

Wei Ying, seja mais paciente. Vou me liberar alguns dias para conhecer sua nova morada. Espere uma mensagem minha.

O patriarca sorriu satisfeito com a promessa, agitado, começou a organizar a estada do amigo em sua casa, queria que fossem dias inesquecíveis.

Chegado o dia, Wei foi ao encontro do Lan em uma hospedagem de estrada, ainda nas primeiras horas da manhã. A majestade havia saído do Recanto das Nuvens, oficialmente, em busca de isolamento e descanso.

O patriarca adentrou a hospedaria e buscou a figura magnânima de Sua Majestade e não encontrou, foi até a porta e olhou a estrada.

"Lan Zhan não é de se atrasar, será que aconteceu alguma coisa? — pensou preocupado."

Dentro da hospedaria o Lan viu o amigo entrar, olhar o entorno e sair como se não o tivesse visto. Seguiu até a porta onde o encontrou, mãos na cintura, olhos na estrada.

— Wei Yin — falou baixo.

O patriarca olhou a figura bonita a seu lado e levou alguns momentos para o reconhecer.

— Lan Zhan, eu não te reconheci — olhou a figura num traje simples em bege e branco, sem todas as peças sobrepostas e mangas formais que ele usava.

— Você achou que eu estaria vestido de majestade para um encontro clandestino à beira da estrada — ironizou, ao ver a face espantada do amigo.

— Verdade, que tolice minha. Lan Zhan, pensei que fosse proibido usar roupa comum, em seu clã.

— E é, mas seria pouco inteligente seguir essa regra em tal situação.

— Certo, você como sempre está certo. Você fica bem assim — disse observando em especial o cabelo, preso de forma simples e elegante. — Onde está a sua fita?

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora