Capítulo 16 - Antecipadamente

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Capítulo 16

Antecipadamente

Wei entrou no Palácio Demoníaco, braços cheios de juncus.

"De tudo, o que eu menos gosto é de fazer papel" — lamentou-se em pensamento. Jogou o volume no chão e se preparava para ir buscar mais quando viu uma mensagem luminosa pairando sobre o receptáculo.

"Lan Zhan acha que agora que eu fiz um receptáculo que pode ser levado para qualquer lugar, que eu vou ficar com ele no bolso o tempo todo" — pensava enquanto batia uma mão na outra para limpar. — "Vamos ver o que ele quer agora".

Quando posso conhecer sua nova morada?

O patriarca ficou pensando, enquanto olhava a mensagem de luz girar sobre o receptáculo, que a estratégia de ir distanciando os encontros para esfriar o amor não estava dando certo, o Lan estava cada vez mais impaciente, coisa que nem era de sua personalidade.

Estando muito convicto que sua presença na vida do Lan era um erro, não pretendia abortar o plano de separação, mesmo que o amado se mostrasse cada vez mais presente. Via nele certa culpa, em especial por ter revelado segredos que eram essenciais à sua sobrevivência. Decidiu mudar a estratégia, voltar a ser presente na vida do Lan, mostrar a ele que já o havia perdoado, mas não demonstrar paixão, deixar que a convivência morna fizesse o trabalho de separar lentamente os dois.

Esses planejamentos produziam dor, mas eram necessários. Wei pensou na questão da casa, decidiu que terem de um novo lar onde partilhassem momentos de proximidade e criassem memórias, tornaria a separação mais difícil e isso seria mais doloroso ao final. Com um sorriso que ficava entre o triste e o maroto, resolveu a questão.

Quando o Lan chegou à caverna, trazido por Wei, olhou com má vontade o espaço externo.

— Não é muito escuro e úmido, aqui? — perguntou, observando o limo nas pedras.

— Tem alguns vilarejos próximos então eu tinha que encontrar um local escondido.

— Por que não se afastou mais?

— Pretendo encontrar outras moradas, esse seria um bom lugar para eu não ter que dormir tantas vezes na Colina, tem épocas que os espíritos estão muito agitados.

Lan Zhan não respondeu e entrou.

— Só tem uma cama? Quero dizer, um amontoado de coisas que você chama de cama.

Wei riu sem graça.

— Eu tenho andado muito ocupado, pretendo mobiliar isso e deixar em ótima situação.

— Tem água perto?

— Não, mas eu vou fazer encanamento e resolver esse problema.

— Wei, eu não acredito que você chame isso de casa — falou, demonstrando desconfiança. — Alugue uma, eu não vou frequentar esse lugar — indignou-se.

— Vou fazer isso, Lan Zhan, vou fazer isso — respondeu satisfeito, assim, fingindo estar procurando um imóvel, poderia manter o amado mais um tempo afastado do convívio muito próximo.

— Vou passar uns dias com você, então vamos escolher uma boa hospedaria — ordenou o Lan.

— E suas aulas? — perguntou um pouco nervoso, já que não contava com esse encontro prolongado.

— Eu falei que dedicaria mais tempo a você, não disse. Meus alunos estão bem, não se preocupe com eles — explicou, um pouco áspero, intuindo que a escolha da caverna era uma artimanha de Wei para mantê-lo afastado.

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora