Capítulo 2 - Mestra Assch

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Capítulo 2

Mestra Assch

A Rosa Branca tinha rosto angelical e quase infantil, mas olhos decididos. Olhos redondos, escuros e especuladores. Seu penteado deixava livre madeixas que emolduravam seu rosto. Parte era limitada por arranjos com muitas trancinhas e poucos ornamentos. Vestia-se de branco e verde água.

Seus vestidos, em geral, prendiam os seios com uma faixa bordada descendo sem recortes até o chão. Os tecidos que cobriam as saias eram transparentes e esvoaçantes. Usava mangas que lhe chegavam apenas um pouco depois do cotovelo. Queria as mãos livres para usar a espada.

A moça de nascimento nobre havia recebido educação primorosa e muita proteção. Era uma lutadora exímia, uma oradora espetacular e de uma intelectualidade surpreendente. Também não se podia deixar de ressaltar a elegância e a simpatia com que ela se portava em todos os lugares.

A moça nasceu e viveu, quase que somente, na Corte do Norte, localidade da Terra da Luz. A bela Assch se relacionava com muitos jovens, mas todos conhecidos desde a infância.

A pessoa que ela mais admirava era Liang, o jovem usufruía o tipo de vida que ela desejava. Viajava por todas as regiões conhecia diversos mundo e na volta, dessas expedições duravam meses, ele contava para ela sobre o que havia visto e aprendido. Tudo parecia maravilhoso.

Sua vida, no entanto, era limitada ao raio de movimentação de seu pai, não porque ele assim desejasse, mas porque a moça se sentia na obrigação de vigiá-lo e protegê-lo.

Desde que se entendeu por gente, o amado pai foi motivo de preocupação. Um homem nervoso e aflito que facilmente se envolvia em problemas. Quando não estava em caçadas noturnas aparentemente sem sentido, estava exilado na biblioteca.

O pai nunca ia muito longe e quando viajavam voltavam rapidamente para casa. A moça nunca entendeu o temperamento do pai e tudo fazia para vê-lo mais calmo. Assim, especializou-se em essências aromáticas, que tinham poderes calmantes e curativos.

Além disso, a jovem convidava os amigos para serões musicais, esses encontros faziam muito bem a figura paterna. Nessas poucas situações ele parecia se sentir em paz.

Quando mal havia se tornado uma moça, o pai insistiu para que ela firmasse Compromisso Afetivo e para isso levou a moça para visitar vários clãs do norte para que ela encontrasse a alma de sua preferência. A moça gostou muito desses passeios, que foram além de sua vizinhança, mas não encontrou ninguém com quem desejasse dividir a vida. Ponderou com o pai que era jovem demais para isso, pretendia viver, ainda, grandes aventuras, antes de se apaixonar.

O pai insistiu que ela fizesse a escolha antes e vivesse as aventuras depois. Com a insistência, ela decretou que não iria se comprometer, de maneira nenhuma, deu o assunto por encerrado e o pai não teve como demovê-la de sua decisão.

Tempos depois, o pai a incitou a criar um grupo de amigos para melhorar a sua formação. A moça gostou da ideia e fundou "Os Cultivadores da Lua Cheia". Para que o grupo se consolidasse, o pai mandou construir mais dois pavilhões com muitos quartos. Mandou ampliar a cozinha e criou mais salões para esses acontecimentos.

Um grupo de nobres do norte iniciaram sessões de palestras, música, narrativas, poesia, luta e meditação. Pertencer a esse grupo passou a ser o desejo de muitos, mas a entrada era seletiva, necessitando ser apresentado por um dos membros e aceito pelos outros. Se ser membro efetivo era difícil, para participar como membro tutelado bastava ter talento. Assim, jovens de todas as camadas sociais, podiam aprender com os renomados mestres.

Para estimular a permanência nos encontros, o pai de Assch mandava vir mestres famosos, músicos habilidosos, grupos de teatro e outros atrativos. Também oferecia jantares com as famílias e outros membros de sua sociedade.

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora