Capítulo 9 - Destino

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Capítulo 9

Destino

Com o desenvolvimento do Talismã Portal, Wei ousou, pela primeira vez, fazer uma viagem para fora da colina. Naquela noite fria, ele se transportou para uma mata próxima à colina sepultura. Sozinho, naquele ambiente pouco conhecido, tendo na mão apenas o talismã para voltar ao palácio, ele se sentiu vulnerável. "— Eu devia ter trazido alguns artefatos de proteção" — pensou, achando inquietante a maneira que se sentia. Acionou o talismã, que trazia entre os dedos, e voltou a sua sala de trabalho.

De volta, teve um ataque de riso: — Somente o Patriarca de Yiling se sentiria mais seguro no Palácio Demoníaco do que numa floresta qualquer.

Nem a constatação engraçada, foi capaz de desfazer aquele sentimento: "— Minha existência está totalmente enraizada nessa colina: daqui eu tiro a matéria prima e a energia para os artefatos que me dão sustento, proteção e agora transporte. Sem esse lugar eu sou mais fraco que um servo — pensou com preocupação".

Nesse momento de compreensão de sua existência, decidiu que não queria voltar a ser a criatura frágil que havia sido por tantos anos, mobilizaria todos os esforços para criar meios de se sentir em segurança.

Esse sentimento não o deixou em paz, na mesma noite construiu cinco bolsinhas com função de redução, que chamou de Bolsinhas de Salvação; distribuiu entre elas os talismãs e amuletos que tinha, um pouco do dinheiro que restava e desenhou um Talismã Portal para cada uma. Terminada a tarefa, pensou em lugares estratégicos em que deveria deixá-las — optou por colocar três na estrada de acesso à Colina Sepultura e duas na floresta que ficava próxima. Fez isso, usando magia de ocultação, logo na manhã seguinte.

Sentindo-se mais seguro, voltou sua atenção para outro problema que era urgente: confeccionar talismãs menos poderosos e encontrar um lugar para vendê-los.

Ele já sabia que precisava ir a uma cidade distante para comercializar seu produto. Depois de confeccionar muitas peças, buscou um destino. Olhando no mapa optou por Tér, região localizada na parte norte da Terra da Luz. Portando uma bússola, ele decidiu que faria a viagem usando Talismã Portal. Como só era possível viajar para algum lugar já conhecido e sendo distância alcançada pelos sua magia limitada, ele criou a seguinte estratégia para percorrer o longo caminho. Dirigia-se a parte mais alta de uma região, visualizava uma paisagem à frente e seguia para ela, lá novamente buscava um monte para ver um novo ponto de chegada.

Por duas vezes eles assustou moradores que correram aflitos, achando terem visto um demônio; uma vez aportou em um lago, que de longe parecia uma planície coberta de grama; noutra, escorregou em pedra com limo, arranhando os braços; errou a rota quatro vezes; precisou pedir informação duas e enfrentou cães bravos uma. Depois das muitas baldeações, enjoado, cansado e desolado, finalmente chegou a Tér, uma cidade com porto insular que, apesar de populosa, ficava distante da capital.

Durante os dias que esteve ali, evitou ficar muito tempo no mesmo lugar e mudou de estalagem quatro vezes. A viagem foi muito frutífera, conseguiu três compradores para suas peças, que se propuseram a comprar mais: caso fossem bem aceita pelos clientes. Nessa cidade, Wei deixou duas Bolsinhas de Salvação, escondidas em quartos de estalagens, previa que frequentaria bastante àquele lugar.

Aos poucos, ele se habituou as viagens ficando menos confuso e mareado a cada vez que usava o talismã. Mas as idas e vinda de Tér, o obrigaram a aperfeiçoar o portal e torná-lo mais poderoso. A cada percurso mais longo, que experimentava, voltava a sentir-se mal, esperava se acostumar e se aventurava mais longe. Por fim, fazia o trajeto entre o Palácio Demoníaco e a cidade onde comerciava, com apenas duas escalas.

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora