Capítulo 4 - O homem de negro

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Capítulo 4

O homem de negro

Entediado com a espera que o pedaço de pergaminho sinalizasse a data do encontro, Liang seguiu para Tér. Assim, hospedado na cidade movimentada, observando pela janela os que passavam na rua, ele viu o patriarca. Mesmo vestindo roupas mais simples e com o cabelo trançado, a moda dos navegadores, ele o reconheceu.

Wei, havia muito tempo, retornara as negociações com os comerciantes de Tér, já que seus artefatos eram muito apreciados naquela localidade. Desde que havia participado dos Encontros da Lua Cheia, havia se tornado mais cauteloso do que de costume. Chegava à cidade, hospedava-se em um hotel onde recebia os compradores, ficava pouco tempo e voltava para casa.

O lorde viu, com prazer, o patriarca entrar na mesma hospedaria que ele estava. Liang não se deixou ser visto, observou-o à distância.

Depois de ter feito suas vendas, Wei comprou uma garrafa de licor e saiu à rua, onde buscava um lugar ermo para usar o talismã e ir embora. O Lorde Distante, no tempo em que Wei ficou na hospedaria, decidiu como faria a abordagem. Quando o patriarca pagou a conta ele já sabia o que desejava.

Liang, em suas excursões, fossem nas áreas desertas ou nas cidades, nunca envergava a roupa de seu clã. Vestia-se sempre de preto e cabelo preso no alto da cabeça; gostava de não ser identificado. Trajado dessa forma, seguiu a distância o patriarca. O que o lorde queria conhecer era um pouco do poder do homem mais polêmico da Terra da Luz, cujos os contos de seus feitos eram quase absurdos. Antes de o abordar, cobriu a cabeça e a face enrolando-as com manto negro.

Wei Wuxian, que já estava fora da cidade, foi repentinamente atacado por uma espada. Inclinou o corpo para trás e evitou ser ferido. Um novo golpe e ele lançou a garrafa para o alto. Deu um salto se esquivando e pegou sua bebida na volta.

As duas figuras ficaram frente a frente, uma analisando a outra, e por alguns minutos nada aconteceu.

Mestre Wei, tomando o inimigo por um ladrão qualquer, resolveu que não iria lutar e falou debochado.

— É a bebida que você quer? Toma. — Lançou a garrafa em direção ao oponente com expressão de desprezo. O homem de negro desferiu um golpe quebrando a garrafa em mil pedaços e desperdiçando o líquido.

— Ei! Se não queria, por que não deixou para mim? — ironizou ainda mais o seu ato.

O espadachim não respondeu, somente desferiu um novo ataque. No que Wei Ying respondeu com uma série de talismãs que deixavam saltar faíscas de energia ao serem desviadas pela espada.

O ataque assustaria um marginal comum, mas isso não aconteceu. O homem de negro havia se defendido com muita facilidade. Wei resolveu então mostrar alguma coisa mais poderosa, para dar fim ao combate que não desejava.

Com um movimento de mão, retirou do corpo um dos seus talismãs tatuados, que ficou impresso no ar, em luminosas linhas vermelhas, e o lançou no oponente. O espadachim precisou saltar, para desviar, porque não sabia se aquela magia estranha podia ser defendida pela sua espada; tinha noção plena que lutava contra o patriarca. O talismã alcançou um casebre decadente que foi para o chão com grande estrondo.

"Exagerei! Wei Ying, Wei Ying, você está lutando contra um homem e não contra um exército. Se ele não tivesse desviado você o teria matado — lamentou-se."

Pensou que o opositor se retiraria depois daquele ataque desmedido, mas o que viu o deixou confuso. Os olhos do homem de negro não mostravam medo, brilharam de emoção.

Liang se impressionou com o ataque, não esperava menos do que aquilo, enfim um duelo de verdade com o Mestre do Cultivo Demoníaco. O combate parou e o patriarca voltou a negociar.

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora