Capítulo 4 - Ninguém no meu destino

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Capítulo 4

Ninguém no meu destino

A ideia de mundo construída por Wei Ying, que havia crescido e aprendido a pensar como elite da Terra da Luz, desmoronou. A Lei da Espada que tinha o princípio de disciplinar o cultivo, ou seja, a manipulação e a concentração da energia mágica dispersa no universo, não havia sido instituída por segura, mas por ser seletiva.

Não pôde crer que isso tivesse sido proposital. Acreditou que os ancestrais, que haviam organizado os processos de aprendizagem, tivessem tido boa vontade, mas, certamente, os líderes que vieram depois descobriram como tirar proveito dessa sabedoria antiga, para dominar os com menor poder.

Depois que Li havia lhe feito essa revelação, o pano da ignorância havia sido rasgado e ele soube que aquela informação tinha muito de verdade. Indignou-se com a lei que mantinha as pessoas de baixo cultivo sempre em posição inferior, enquanto a nobreza ia desenvolvendo cada vez mais novas habilidades.

"Lan Zhan! Lan Zhan! O que você pensa disso?" — conjurou em pensamentos o amigo com o qual gostaria imensamente de partilhar esse assunto e ouvir as ponderações sempre tão sábias e imparciais. Deleitou-se em recordar da face serena e da voz mansa que o Lan usava em todas as situações, mesmo em meio ao caos.

Lembrou-se de como havia sido repreendido e constrangido por ter deixado de usar a espada, após ter perdido o Núcleo Dourado, como se isso fosse uma vergonha e uma afronta aos outros cultivadores.

Entendia o fato de ter sido criticado por usar truques ladinos e energia negativa: esse tipo de cultivo estava na linha limite que dividia o certo do errado e era certamente muito perigoso. Contudo, o que os moradores da vila faziam era usar a própria energia para potencializar objetos, nada era mais ortodoxo do que isso.

Quanto à colocação de Li, quando disse que a espada utilizava muita energia pessoal, sabia que era verdade. Depois de ter perdido a força, nas poucas vezes que havia empunhado a Subian sentiu-se completamente enfraquecido.

Observou, também, que as pessoas do Extremo Leste só puderam se dedicar ao cultivo de suas técnicas por estarem longe da sombra dos grandes clãs e não serem tão ostensivamente doutrinadas sobre a superioridade e a elegância do uso da espada e os riscos que corriam se não seguissem a regra. Todos esses pensamentos não o deixaram dormir naquela noite.

Depois do episódio do fogo, Yin se tornou uma espécie de celebridade entre as crianças. Todos queriam talismãs produzidos por ele. Os adolescentes e os jovens se aproximaram mais timidamente, estavam também curiosos com a técnica.

Yin passou a ensinar a todos como produzir esses artefatos, somente os mais simples e considerados corretos. Isso porque não queria mostrar muitos talentos e não desejava deixar conhecer sua experiência com o lado ladino da magia. Ainda havia o fato de que aquele povo podia potencializar os talismãs e isso era perigoso, se feito sem conhecimento profundo e os devidos cuidados técnicos. Seria trágico se, ao final, causasse um acidente fatal.

Acima de todas essas questões, estava o fato de que seus alunos eram péssimos desenhistas de talismã. Não tendo bons professores que ministrassem esses ensinamentos desde a infância, eles não davam muita importância à necessidade de perfeição que cada traço devia possuir, além de não conhecer os poderes de cada signo. Todas as produções tinham que ser corrigidas por ele antes de serem testadas, para evitar problemas.

O patriarca entendia profundamente o significado de cada linha, cada pequena curva, a largura do risco, o número de vezes que fazia o traçado — isso mais do que qualquer um dos grandes cultivadores que ele conhecia. Havia aperfeiçoado esse talento por toda vida e em especial na sua estada na Colina Sepultura.

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora