Capítulo 18 - No clã Quon

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Capítulo 18

No clã Quon

O patriarca demorou muito tempo para se arrumar, a primeira dúvida se referia a quantidade de talismã que levaria tatuado no corpo, não queria parecer nem muito fraco, nem negativo demais. Quanto a roupas deveriam ser elegantes, mas temia ser identificado por elas. Por fim, aceitou os riscos e colocou uma quantidade segura de tatuagens e levou um tanto de talismãs grafados, era melhor garantir proteção. Também colocou suas roupas mais bonitas na bagagem, já estava inseguro demais para ainda se vestir mal.

Wei se encontrou com Lan Zhan em uma estalagem de beira de estrada, já nas imediações de Tér. Havia ficado ansioso todos os dias, temia ser reconhecido e causar algum novo inconveniente para o amado. Sabia que os do Norte não transitavam muito na capital, tinham a vida ligada a outras povoações das proximidades. Ocorre que ele estava indo a um encontro com nobres e esses tradicionalmente viajavam por muitos lugares e assim poderiam reconhecê-lo.

Lan Zhan pareceu muito satisfeito quando o viu.

— Vou despachar a nossa bagagem, poderemos ir andando ou se preferir podemos usar a espada.

— Não, vamos andando. O problema da espada, como faremos? Eu não tenho meios de usar uma.

— No Norte eles usam a espada, mas não a carregam a todo tempo como nós, é considerado deseducado levar a arma para uma festa ou para os estudos.

— De verdade? Que estranho — admirou-se Wei.

— Eu te falei que eles são muito diferentes.

Quando os dois já estavam em uma parte ermo da estrada, Wei observou:

— Essa região é tão plana que me sinto estranho nela.

— Pensei isso na primeira vez que vim aqui, a vegetação espaçada e de pequeno porte também ajuda a aumentar essa sensação de amplidão.

Wei parou, fechou os olhos, abriu os braços e sentiu o vento passando pelo seu corpo.

— Tenho a sensação de estar vulnerável, como se a qualquer momento fosse ser atingido por uma flecha, mas isso não é ruim porque me sinto entregue ao destino.

— Você se sente vulnerável, Wei?

O patriarca pensou que nos últimos tempos estava se sentindo assim, pensou que se devia à hostilidade do povo do Oeste. Minimizou esse sentimento:

— Não, foi só uma sensação que me ocorreu agora.

Sorriu e voltou a caminhar.

— Lan Zhan, é se eu for imprudente, e se eu falar demais?

— A única regra é o respeito, lembre-se disso. Cada pessoa é livre para falar o que pensa e os superiores têm a obrigação de estimular isso.

— Vou tentar ficar calado, acho melhor.

— Como se isso fosse possível — Lan Zan riu.

— Eu vou conseguir, você vai ver — Wei apressou o passo.

A Chegada da casa dos Quons, na área rural, era murada por vegetação, com um portal que não conhecia portão. Em frente a casa, pequenas mesas cobertas de toalhas verdes e brancas, cores do clã, estavam espalhadas pela grama. Pessoas sentadas ou em pé, conversavam tranquilamente. Involuntariamente, Wei sorriu, Lan Zhan ficou satisfeito ao ver que o amado tinha se impressionado com o lugar.

Duas jovens vieram recebê-los.

— Seja bem-vindo, Mestre Lan — disseram as duas em uníssono.

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora