Capítulo 14 - A morada da cordilheira

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Capítulo 14

A morada da cordilheira

Assch observava atenciosamente o mestre que dormia há muitos dias. O fenômeno da possessão havia exaurido o Lan e ele se recuperava lentamente, exatamente porque tentava acelerar o processo, não se permitindo dormir profundamente, se debatia e ficava febril. A discípula usava a terapia das essências calmantes, mas essas não estavam surtindo o efeito desejado.

A moça entendia a aflição do Lan, ela também estava preocupada. Wei Wuxian havia ficado sozinho para dominar um espírito que havia vencido dois cultivadores poderosos: seu pai e o Segundo Lan. Temia que o patriarca não conseguisse dominar a entidade ardilosa.

Por fim, Lan Zhan conseguiu abrir os olhos, isso não alegrou Assch, preferia que ele relaxasse para se recuperar. O seu pai, liberto há muito mais tempo, ainda convalescia.

— Como eu cheguei aqui? — perguntou, estranhando o espaço que estava. Ele tentou se sentar, mas não conseguiu, então se recostou na cama.

— Mestre Wei trouxe. Não force o corpo, tente descansar, está consumindo energia à toa.

— Esse é seu quarto? — questionou.

— Foi o único lugar que eu consegui pensar, que fosse seguro.

— Wei? Onde está Wei? — percebia-se sua angústia.

— O espectro se dividiu em dois, ele o conteve temporariamente, nos trouxe para cá e voltou para contê-lo.

— Em dois? — admirou-se, pensando que nunca havia conhecido nada tão complexo.

— Uma parte me possuiu e a outra ele assimilou em seu corpo. Depois ele fez algumas magias, mas eu estava confusa. Eu não sei ao certo o que aconteceu.

Lan Zhan se levantou e pegou a espada.

— Você não está forte o suficiente— repreendeu a moça.

O Segundo Mestre Lan não a respondeu, caminhou trôpego até a porta. Saindo do quarto, encontrou um belo pátio florido. Assch o observava de longe.

— Como eu saio dessa casa? —perguntou impaciente, já que a anfitriã não se propunha a guiá-lo.

— O que vai fazer? — perguntou a moça, já sabendo a resposta.

— Ajudar Wei, não posso deixá-lo sozinho com o espírito.

— Lan Zhan, já faz dez dias que você está aqui, o que tinha que acontecer já aconteceu.

O Lan ficou em silêncio, considerando que dez dias era tempo demais.

— Mesmo assim eu preciso ir. Não posso ficar aqui sem saber de Wei — desabafou.

— Eu levo você, tenho uma carruagem bem confortável.

— Eu vou mais rápido andando — impacientou-se.

— Nas condições que você está não vai conseguir ir a lugar nenhum.

Lan ponderou que a moça estava certa, era tolice ignorar a debilidade em que se encontrava. Sinalizou que concordava.

— Prometa-me ficar menos agitado durante a viagem e tentar recuperar a energia no percurso.

— Quanto tempo seu carro leva para chegar à Colina?

— Usarei mais magia do que costumo, assim poderemos alcançar boa velocidade.

— Não sei se é uma boa ideia você ir comigo — observou confuso. Sabia que ela era o motivo do destempero de Wei e temia que a moça pudesse atrapalhar o encontro novamente

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora