Capítulo 9 - Ele é meu pai

445 50 4
                                    

Capítulo 9

Ele é meu pai

De volta a casa, Wei não conseguia se acalmar, andava de um lado para outro, pensamentos agitados. Lan Zhan preparou o chá e se sentou.

— Você pode pensar sentado e com calma — provocou um pouco.

Wei o olhou enfurecido e ele sorriu. Depois que o Lan o achou um pouco mais tranquilo, perguntou:

— Então você acha que foi o Líder Quon que libertou a fera?

— Tenho quase certeza.

— Vou mandar uma mensagem para Assch, se ela tiver alguma relação com o fato vai se explicar.

— Não precisa. Se o que eu estiver pensando for certo, ela vai ao Recanto das Nuvens, em breve.

— Então devo voltar para lá e esperar?

— Assim que ela chegar, quando estiverem a sós, me mande mensagem, eu quero conversar pessoalmente.

— Você promete se acalmar até lá?

Wei lançou um olhar homicida.

— Já entendi! — exclamou o Lan, sabendo que não seria fácil para Wei se controlar diante da moça.

A invasão recente à Colina, havia trazido de volta ao patriarca ressentimentos antigos. Não queria retomar a discussão sobre os motivos que levaram o Lan a revelar segredos: se eram justos ou não. O fato era que a Colina Sepultura, fundamental para a sua existência, já que dela ele tirava toda a energia que precisava até para manter-se vivo, como tinha acontecido recentemente quando sua cura havia se dado pela ação da Lagoa de Sangue, estava exposta. Sem aquela terra inóspita seria um homem comum e não queria ser; seu relacionamento não sobreviveria se fosse. Para que pudesse continuar usufruindo do benefício de viver com as comodidades de um cultivador, a Colina precisava ser preservada, mas como fazer isso com tantas excursões em seu território.

Antes do dia terminar, a solicitação de entrada dos dois nobres do norte, ao Recanto das Nuvens, chegou às mãos da Segunda Jade.

&&&

No pavilhão do Bambu, Lan Zhan recepcionava Liang e Assch e falavam banalidades, que são necessárias antes do início de uma conversa. Emergindo das sombras, externas ao pavilhão, a figura do patriarca se destacou, todos olhavam para fora. Andar vigoroso, flauta cruzada no cinto, a face, transtornada pela raiva, sendo açoitada pelo vento frio que lhe movimentava os cabelos.

Wei não se importou em cumprimentar ninguém, o tempo que estava sozinho em casa só havia aumentado a sua raiva em relação àquela moça, que não conhecia limites na função de destruir sua vida. Mesmo sem ter sido de propósito, foram os problemas dela que levaram ao surgimento da lenda das Duas Rosas Brancas, que causaram um grande desentendimento amoroso entre ele e o Lan, que ainda tinha arestas. Esse problema repercutiu em outro, o dele ter sido vítima de um atentado. O fato de algumas pessoas atribuírem ao patriarca o fim do belo relacionamento o tinha expulsado da terra que o havia aceitado como filho: o extremo leste. Antes mesmo de digerir e resolver todos esses problemas, Assch o atropelava com um novo, a invasão de seu reduto.

— O que você contou para o seu pai? — olhos terríveis ameaçavam a cultivadora.

Assch estava tomada por dois sentimentos principais e muitos outros paralelos, mas o que dominava a sua atenção, naquele momento, era a culpa de ter contado os segredos aos quais jurara ao seu mestre nunca revelar e a preocupação imensa com seu pai. Todos olhavam para ela, que tremia.

— Tudo! — confessou, sabendo que não havia como mentir.

— Tudo?! Lan Zhan, você disse que confiava nela, não foi?

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora