Capítulo 3 - Os cultivadores do extremo leste

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Capítulo 3

Os cultivadores do extremo leste

Com a chegada dos cultivadores a cabana se movimentou: eles organizaram, limparam, repuseram a lenha e fizeram comida boa, nutritiva e quente, que muito agradou a Yin. Este há muito estava racionando as amêndoas, única alimentação que sobrara. Nesses dias, vozes fortes e risos altos eram ouvidos com frequência, assim como algumas rusgas amigáveis. Yin ficou feliz como uma criança em estar de novo no meio de pessoas, poder conversar e ouvir conversas.

As semanas que se seguiram foram intensas, os cultivadores saiam para pescar e voltavam carregados de peixes. Todo trabalho era dividido e logo eles arrumaram ocupação para o patriarca. A esse ficava reservado o serviço de limpeza do pescado e outras atividades que pudesse realizar sentado. Os peixes, já limpos, eram colocados para defumar.

À noite eles cozinhavam, bebiam e conversavam. O Wei ouvia, mas evitava falar, ainda não estava seguro sobre aquela gente.

— Sua Majestade quer propor uma lei para emancipar os pequenos clãs e patriarcados. — comentou Hui, enquanto fazia um cozido de carne e legumes selvagens.

Quando, naquela noite alegre, Yin ouviu a menção a Lan Zhan, seu coração disparou e suas faces arderam em brasas, abaixou a cabeça como quem se ocupasse muito da corda que tecia, para que não lhe vissem o constrangimento.

— Isso é bom para nós, não é Chang? — perguntou Zhao, que estava encostado na porta da cabana, de onde se podia ver um recorte de céu estrelado.

Yin levantou a cabeça, já recuperado de seu ataque emotivo, e observou os cultivadores: "Chang parece ser o líder do grupo." — pensou, uma vez que todas as questões mais complexas eram levadas ao conhecimento dele.

— Não acredito, para nós pouco vale. — Na fala de Chang era possível notar grande pessimismo.

— Por que não? Eu gostaria de me livrar dos Jin, não suporto pagar impostos para aqueles parasitas. — Zhao pegou um pão e cortando pequenos pedaços os lançava à boca, esperando a resposta.

Chang olhou desconfiado para o jovem ferido, que ouvia a conversa com interesse. Achou que já estavam revelando coisas demais para o estranho e decretou.

— Vamos comer e dormir, já é tarde.

— Minha parte está pronta — declarou Hui, afastando-se da panela.

O cozido suculento foi servido acompanhado de pão, que era feito em abundância por aqueles cultivadores; um tipo diferente que ele nunca tinha visto, grande, seco e muito gostoso quando servido com caldo.

O patriarca deu um sorriso de agradecimento quando uma generosa porção lhe foi entregue, como se movia com muita dificuldade e sentindo dor, os seus novos amigos lhe poupavam o esforço. A refeição foi regada por assuntos amenos e nada de política.

Todos se arrumaram para dormir, ele era o único que possuía cama, os outros dormiam no chão da pequena cabana. Eles tinham uma espécie de sacos de dormir, que eram muito práticos; assim que acordavam arrumavam seus lugares, de modo que a cabana estava sempre organizada e limpa.

Yin ainda sentia dor, principalmente quando o frio da noite chegava. Chang observou a expressão do rapaz e perguntou:

— Ainda sente muita dor?

— Não! Quase nada, estou bem. —  minimizou a sua situação.

— Eu trouxe algumas pílulas de dor, você quer?

— Não! Obrigado. Sou muito grato a essas pequenas maravilhas, mas elas me fazem dormir demais.

— Você provou a pílula anestésica da Ilha das Médicas? — perguntou Hui. — Elas são caras, como tudo o que as médicas fazem, mas são maravilhosas.

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora