Capítulo 9 - Enganos

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Capítulo 9

Enganos

Lan Zhan entrou no Pavilhão do Bambu acompanhado de Zewun Jun. Quando viu uma flor em cima de sua cama, mais do que depressa lançou um talismã de ocultação. Isso despertou a atenção do irmão, que não viu o que foi ocultado, mas se preocupou, mais uma vez, com os segredos do Segundo Lan.

O irmão pensou em lhe falar, mas desistiu, Lan Zhan já tinha idade suficiente para tomar suas decisões e arcar com as consequências. Ainda assim, era perceptível o seu aborrecimento.

Quando ficou sozinho, Lan Zhan desfez a magia e pegou a flor de lótus, a energia da Colina Sepultura era percebida nela. Considerou a escolha de Wei em sempre lhe mandar àquela flor, isso era uma forma dele dizer que não havia se desligado de todo do seu antigo clã, uma ligação afetiva ainda resistia. Também imaginou que, mesmo tendo muitos amigos, Wei sentia falta da convivência com os nobres, de conversar sobre os temas mais aprofundados e disputar torneios com outros grandes competidores.

Pegou a carta e leu, era desnecessária — haviam organizado o encontro, juntos — assim como àquela viagem do amado até o Recanto das Nuvens somente para deixar uma flor em sua cama. Tinha gostado do gesto, ou teria gostado, se ele não fosse mais um exagero causado pela insegurança.

"Wei Ying, você sempre prezou pela sua liberdade, nunca prestou contas a ninguém para onde ia e com quem ia. Agora que eu finalmente posso ser livre você está dificultando os meus passos." — pensou entristecido. Por alguns segundos, intencionou escrever aquilo para Wei, mas não queria discutir, só queria fazer as coisas em paz. Respondeu: Wei Ying, estou atarefado com coisas do clã. Devo chegar na véspera de nosso encontro.

Sabia que o conteúdo do bilhete era muito formal, mas estava aborrecido demais para prolongá-lo, não achava justo se vê sempre na situação de informar a sua agenda, já que Wei nunca informava a dele. Decidiu que assim que o período auspicioso passasse, teria uma conversa franca com o amado.

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Quando Wei recebeu a mensagem ficou mais ansioso do que antes. Percebeu o descontentamento de Lan Zhan e até lhe deu razão. O Lan já tinha advertido para não colocar coisas no pavilhão, já que ele usava aquele espaço, também, para receber pessoas. Suspeitou que sua imprudência tivesse causado algum contratempo. Respirou fundo e pensou:

— Por que eu estou ansioso? Por que fico querendo agradar cada vez mais Lan Zhan? Por que as coisas não estão mais naturais como eram antes? Culpa daquele anjo infernal — concluiu, falando para si mesmo. — Lan Zhan, quero nossa vida como ela era antes — falou para o nada.

"Preciso me acalmar, não posso continuar desse jeito. Faltam ainda quinze dias para Lan Zhan chegar, não posso ficar aqui esperando, vou enlouquecer" — pensou, notando que estava emocionalmente desequilibrado.

Vagou de um lado para outro analisando as possibilidades: "A Colina Sepultura vai piorar meu humor. Se eu sair para beber vou ouvir histórias das Rosas, música das Rosas, povo sem imaginação! Não posso ficar quinze dias meditando, não consigo ficar nem meia hora. Vou fazer comércio no Sul, onde ninguém sabe quem é Lan Zhan."

Determinado a se manter ocupado, pegou tudo o que tinha de artefatos e saiu para vendê-los.

Dois dias antes do combinado ele já estava de volta, organizando a casa e a gruta. Quando estava tudo pronto ele olhou com orgulho e esperou a chegada do amado. O encontro seria pela manhã, o período auspicioso terminaria ao meio dia. Teriam cinco horas inteiras para desfrutarem um ao outro.

Quando o sol se pôs, na véspera do encontro, sem que Lan Zhan tivesse chegado, Wei estranhou e até se preocupou um pouco.

"Não, Lan Zhan nunca faltaria a um encontro auspicioso, ele não fala a encontro nenhum. Se fosse o caso, teria mandado mensagem. Ele deve ter as suas razões e vai chegar a tempo" — pensou, um pouco triste.

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora