Capítulo 14 - Novos tempos

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Capítulo 14

Novos tempos

Wei ainda se sentia fraco muitas horas depois do que ficou conhecido como o Embuste do Cais, o que o levou a questionar:

- Lan Zhan, o quanto os cultivadores gastaram de suas energias para desistir tão fácil do conflito?

- Muita. Eles lutaram por horas para manter navios, com mais de trinta toneladas, estáveis e impedir que eles fossem levados pela água.

Wei olhou para o mar, onde boiavam pedaços dos navios que as ondas da noite haviam empurrado cada vez mais para a região rochosa, esfacelando-os.

- Vossa Majestade, na frente - disse muito formal quando chegaram ao galpão, onde os líderes provisórios do extremo leste e sua majestade dariam os encaminhamentos necessários ao caso do Embuste do Cais.

Lan Zhan explicou como havia ocorrido o golpe, informou que Zewun Jun já havia partido para libertar os líderes e os mandar de volta em segurança. Elogiou o povo do extremo leste e sua capacidade de organização e ação. Foi um discurso curto, como era típico do Lan, mas muito bem construído e sincero.

Ainda em sua fala, ele falou da Chenqing: a ação valorosa do patriarca estava sendo comentada por todos, muitos demonstravam certo espanto com o artefato mágico.

- A flauta usada ontem por Wei Wuxian, tem um poder especial porque nela ficaram impregnados traços de ferro yin, um artefato antigo e poderoso que já não existe mais. Seu poder só é acionado quando tocada pelo seu mestre. Como não foi identificado nenhum poder extra em seu uso, não há porque requisitar a guarda da peça. - Ele se referia a ação legal de guardar em lugar seguro um artefato cujos poderes fossem negativos ou suspeitos.

Essa explicação foi amplamente aceita pela população do extremo leste e a reunião seguiu.

- Quanto aos soldados presos e aos que debandaram eu assumo o comando deles, eles serão levados a julgamento, assim como os cultivadores que planejaram e executaram o ataque.

Terminada a fala de Lan Zhan, um representante dos líderes iniciou a sua fala:

- Nós, povo das vilas, somos uma gente pacata que gosta da paz e do trabalho, somos em tudo diferente do povo do oeste. Não temos e nem queremos ter nobreza; não temos e não queremos ter grandes centros urbanos, o movimento de nossas pequenas cidades portuárias já nos basta. O oeste não nos dá nada, mas nos cobra impostos, nos intimida e ameaça. Não queremos mais esse laço, queremos a liberdade total da Terra da Luz.

As palmas se prolongaram mostrando que aquele assunto já havia sido discutido entre eles.

Wei, que estava na plateia, foi tomado de espanto com aquela reviravolta: "O que será que Lan Zhan vai achar disso? - pensou. - Nem eu esperava um pedido tão radical."

Lan Zhan se mantinha impassível, enquanto esperava que as manifestações terminassem.

"Acima de tudo eles têm razão. - Wei continuava pensando. - Nada liga esse povo ao da Terra da Luz: nem a cultura, nem a forma de cultivo e nem a maneira de se administrarem. Somente os impostos e a violência ligavam as duas terras." - Voltou a sua atenção para Lan Zhan que iria falar.

- Essa é uma decisão que eu não posso tomar sozinho. Peço que encaminhem a proposta de emancipação, devidamente assinada por todos os líderes, para que possa ser apreciada pela Corte dos Clãs.

Wei sorriu satisfeito: "Lan Zhan é sempre tão calmo e prudente, nunca diz ou age impulsivamente."

Quando a majestade conseguiu se desembaraçar de atas e relatórios, feitos ali mesmo no local da assembleia, ele e Wei buscaram um local para conversarem. A cidade portuária estava cheia, movimentada, nervosa. Toda a adrenalina da batalha e da proposta de liberdade agitava as pessoas. Nos bares e restaurantes não havia lugar vago, filas se formavam na rua.

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora