Capítulo 15 - Por amor

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Capítulo 15

Por amor

Lan Zhan acreditava que havia se portado corretamente, usado todos os meios para salvar um homem e impedir que um espírito se tornasse um demônio. As suas escolhas certas, contudo, causaram muito sofrimento a Wei e isso não seria fácil de superar, tentou ser compreensivo com o amado:

— Wei, eu sei que você ainda está triste com tudo, sei que revelei segredos seus, mas não havia outro meio, eu sei que pareceu que eu o tinha abandonado. Desculpa.

— Não há o que desculpar se você está sendo sincero. — Havia ironia na voz dele.

— Você duvida de mim? — indignou-se o Lan. — Quantas desconfianças você acha que eu tive sobre suas amizades e nunca lhe condenei por isso.

— Talvez devêssemos aproveitar esse mal entendido para nos separarmos.

— Wei Ying!? — Lan Zhan parou, olhos perplexos, como se não pudesse acreditar que estava ouvindo aquelas palavras.

— Lan Zhan! Para de me atormentar, eu já estava quase em paz e você voltou. Quantas pessoas vagam por aí com as quais você poderia ter um relacionamento à sua altura — falou áspero, porque não podia suportar a dor que viu nos olhos do amado, mas não queria retroceder, já que tinha tido coragem de falar.

— Do que você está falando? Isso é um absurdo. Eu já te expliquei o que aconteceu.

— Você tem muitas possibilidades, nosso relacionamento é um erro — Wei tinha convicção de que a desigualdade entre ele e o nobre não poderia ser superada, que se continuassem a relação seguiria se atormentando de ciúmes e azedaria o amor.

— Você é o que eu quero. Por que não entende isso? — exasperou-se.

— Sabe o que acontece quando um casal faz as pazes depois de uma briga? Abraçam, se beijam, fazem amor. Nós faríamos o que? Um ficaria olhando para o outro sem coragem de se aproximar — Wei se torturava com o desejo de se entregar ao calor do abraço de Lan Zhan, de poder chorar nos braços dele e naufragar em seus beijos, o que não era permitido. — Esse carma é meu, não é seu.

— Como você sabe dessas coisas? Como você é versado nos meandros do amor. — falou, cínico. Lan Zhan, abalado pelo pedido de rompimento, se perdia em seus eternos ciúmes.

Wei Ying riu, um riso amargo com jeito de choro.

— Acha que eu tenho um relacionamento extraconjugal? Que eu saio por aí criando possuídos? Eu estou condenado, Lan Zhan, por que você quer se condenar também?

Mesmo com todos os arranjos da Gruta Termal, a relação deles só era possível graças à grande capacidade de Lan Zhan em dissimular a sua presença, limitando a magia. Dessa forma, mesmo com todos os seus artifícios, Wei não poderia levar outra pessoa para a gruta, a não ser que a mesma fosse tão talentosa quanto o Lan e ainda aceitasse se expor a tanto perigo.

Lan Zhan se aproximou, segurou Wei pela nuca e o puxou delicadamente, mas sem dar a ele chance de recusar. Para beijá-lo, limitou apenas a sua força física, deixando livre toda sua energia e magia.

Wei, sem ter percebido a intenção do Lan, só entendeu o que ele pretendia quando já estava imobilizado. Viu, com espanto, os lábios rosados do Lan se aproximar dos seus, sugado pelos desejos que via na face do amado e pelo calor macio do beijo, desfrutou por um minuto aquela plenitude antes de reagir, empurrando-o. Lan Zhan o soltou, desembainhou a Bichen e com movimentos fortes, acima do necessário, atacou os espectros ordinários que já os rodeavam. Esses, que não passavam de três, ainda os observaram de longe, por um tempo, antes de se afastarem.

O Grande Mestre do Cultivo DemoníacoOnde histórias criam vida. Descubra agora