...Trinta e Oito...

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Em uma madrugada fria, dois homens que se conhecem muito bem se encontraram no corredor. Esses são Riquelme e Emanuel a princípio o mais novo ignora o outro mas sente sua mão ser segurada.

Gentilmente Emanuel empurra Riquelme na parede e agora ambos tem que se olhar nos olhos em meio a escuridão parcial do lugar.

- O que você quer ? - Riquelme fala mantendo um tom baixo.

- Me desculpa. Não seja assim, me ignorando e fingindo que eu não existo quanto mais isso vai durar?- a voz de Emanuel também é baixa.

- O quanto isso me manter a salvo de você. - Riquelme fala se soltando de Emanuel.

Quando Riquelme está saindo sente seu corpo ser envolvido por trás, ele para imediatamente sentindo Emanuel se aninha a ele numa súbita demonstração de carinho.

- Eu sinto muito. Riquelme por favor fala comigo. - Emanuel pede baixinho.

O coração de Riquelme está acelerado e seu corpo parece reagir ao toque do outro. Mas ele fecha os olhos e respira fundo.

- Se essas  desculpas  forem terminar na sua cama, eu sinceramente não as quero. - Riquelme se solta do outro saindo e entrando no seu quarto.

Riquelme se apoia na porta do outro lado sentindo seu corpo ficar fraco então ele desliza pela porta até parar sentado no chão e abraçar seus joelhos.

- Se ele fizesse mais qualquer movimento eu provavelmente iria ceder. - ele fala baixinho para si mesmo.

Emanuel vai até a cozinha onde encontra uma garrafa de Whisky e fica ali bebendo aos poucos perdido em pensamentos sua mente é um turbilhão de bagunça. " Não devo me envolver com ninguém. " " Não estou pronto" "O cheiro dele é bom " "Saudade" "Porque comecei tudo isso mesmo?".

***

No outro dia de manhã, Eduardo chega na cozinha primeiro que todos a tempo de ver seu irmão caído sobre o balcão agarrado a uma garrafa de bebida.

Só de ver seu irmão se machucando desse jeito ele fica profundamente magoado e irritado. Se tem alguém com quem ele se preocupa esse é seu irmão.

Então ele leva seu irmão até o quarto tira seus sapatos e o deita na cama. Eduardo caminha apressadamente até o quarto de Dora.

- Algo está errado! - ele começa falando.

Dora estava sentada na sua mesa digitando algo no computador.

- Esse é um quarto de mulher o que iria fazer se eu estivesse pelada? Pior, e se você me acordasse? Eu poderia matar você sem perceber.

- Mil perdões Dora. - Eduardo fala envergonhado.

- O que queria falar?

- Meu irmão estava caído no balcão da cozinha bebendo até morrer. - Eduardo fala diretamente. - Ele tem agido muito estranho.

- Depois de analisar a situação com cuidado meu sexto sentido chegou a uma conclusão sensitiva. - Dora fala deixando o computador de lado.

- O que quer dizer?

- Mulheres são excelentes sensitivas, elas podem deduzir coisas com precisão. Eu não queria julgar sem peças então observei e tenho uma conclusão.

- E qual é a conclusão?

- Seu irmão está dormindo com o Riquelme. - as palavras são diretas.

- O QUE? - Eduardo disse realmente gritando.

- As provas e o comportamento deles indicam isso. Desde o hospital eles estão estranhos, eles ficaram sozinhos e depois o clima mudou. Provavelmente desabafando ou algo assim acabaram se beijando. E isso acabou virando uma bola de neve.

Família por AcidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora