𝟗 | 𝐂𝐥𝐞𝐨

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[𝐀𝐥𝐞𝐫𝐭𝐚 𝐝𝐞 𝐠𝐚𝐭𝐢𝐥𝐡𝐨: 𝐫𝐚𝐜𝐢𝐬𝐦𝐨 𝐞 𝐡𝐨𝐦𝐨𝐟𝐨𝐛𝐢𝐚]

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𝐏𝐫𝐞𝐜𝐨𝐧𝐜𝐞𝐢𝐭𝐨

Infelizmente, para a minha saúde mental e felizmente, para o meu bolso, eu era a irmã gêmea de Topper Thornton. E provavelmente, hoje era o dia mais bizarro da minha vida. Iria apresentar a Cleo como minha namorada oficial para minha família.

Família só de sangue, porque por consideração os Pogues estavam no primeiro lugar do pódio, com certeza. E depois de tanto convencer meus pais, consegui fazer um jantar para eles conhecerem a pessoa que me fez mais feliz em todo o mundo. Eu fico completamente melodramática quando estou apaixonada, então me aguentem.

Arrumei até meu quarto ('pra nada já que Cleo era a pessoa que mais visitava aquele lugar; escondido é óbvio), e organizei nossa mesa. Topper ficou coçando o saco minúsculo dele a tarde toda, minha mãe fez a comida e meu pai ainda estava no processo de compreensão do que era ser bissexual.

— Não pai, eu também fico com meninas. — coloquei a toalha branca na mesa. Nós só usávamos aquilo para datas especiais — E meninos.

— Fica tranquila filha, é só uma fase. — meu pai passou a mão em minhas costas e beijou minha testa. Eu esquivei de relance, revirando os olhos e continuei arrumando o ambiente.

Eram incontáveis as vezes que eu já tinha tido essa conversa. O único que realmente entendia e me aceitava (quando 'tava de bom humor também) era meu irmão. Tudo bem, podíamos ser como gato e rato na maioria do tempo, porém ficava grata por ele não me rotular. Odeio rótulos.

Passados alguns rápidos minutos a mesa estava posta como um banquete da Idade Média. A mesa estava lotada de comida, sem contar as sobremesas (que eu fiz), bebidas e a decoração. 'Tava sim um pouco brega? 'Tava sim, mas valia a pena pela Cleo.

A ansiedade estava tomando conta do meu corpo quando olhei no relógio e vi que já havia dado o horário da minha namorada chegar. E na mesma hora, como uma passe de não-mágica, a campainha tocou, e eu fui atender. Todos estavam em suas "posições", nada natural, mas minha mãe se posicionava ao lado do meu pai e Topper do lado dos dois... Mexendo no celular e pouco se fodendo.

— Oi amor, — dei um selinho rápido nela, já dando passagem para ela adentrar minha casa — seja bem-vinda a nossa casa. Esses são meus pais — ela cumprimentou os dois com a mão — e esse é meu irmão, provavelmente você já o conheça. — ela acenou para ele, que também retribuiu.

Um silêncio constrangedor se instalou no ambiente, e então dei a deixa para irmos jantar depressa. Tudo corria como o esperado, das minhas expectativas pelo menos. O papo estava fluindo sem ser um interrogatório, meu irmão estava se enturmando.

Mas, tudo é muito bom 'pra ser verdade, não?

— Então; — minha mãe começou — você trabalha na peixaria do Heyward, certo? — Cleo negou com a cabeça — Ah, então é garçonete no The Wreck?

Cleo negou com a cabeça novamente, e riu sem graça. Já até imaginava o porquê disso.

— Na verdade, estou fazendo faculdade de medicina.

𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦𝘴 ༚ 𝘰𝘶𝘵𝘦𝘳 𝘣𝘢𝘯𝘬𝘴Onde histórias criam vida. Descubra agora