𝟏𝟗 | 𝐉𝐨𝐡𝐧 𝐁

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— Estou ouvindo, mas não estou entendendo. Preciso que me explique de novo.

Minha mãe dizia sentada em frente ao sofá que eu estava, entreolhei meu pai andando de um lado para o outro estressado.

Eu havia voltado do meu sumiço com os Pogues na Ilha deserta, ou como batizamos: Poguelândia. Mas, eu precisava resolver esse problema do ouro; e isso não estava nem perto do fim.

— A cruz de Santo Domingo que achávamos estar perdida pra sempre... — gesticulei com as mãos — Descobrimos que vai estar em Wilmington hoje à noite.

— Tá. E a cruz é herança... — interrompi minha mãe para completar sua frase.

— Da família do Pope.

Ouvi meu pai rir e falar por cima de minha mãe e eu.

— Você tá ouvindo essa loucura?

— Falamos disso um milhão de vezes — levantei meu tom de voz, repetindo a história pela trigésima vez — Por que eu mentiria?

Me virei em súplica para John B, que estava atrás da ilha da cozinha brincando com seu boné.

— Oi.

— Uma ajudinha?

— Ward está vivo, — ele contava com os dedos das mãos — está vivendo do que roubou da gente e mandou a cruz pra Wilmington.

— Me poupa, cara — meu pai disse se virando.

— Só vi com meus próprios olhos. E a S/N também, mas beleza.

— Eu duvido, John B. Acho que é tudo conversa fiada — meu pai andou até John, me fazendo virar — E vou dizer uma coisa, você precisa entender que eu entendo.

Booker estalou os dedos, concordando e indo mais para frente.

— Deve ser um cara legal. Mata aula pra ir surfar — meu pai aumentou o tom de voz e o encarou — Porque eu já fui como você.

Olhei para minha mãe após ter revirado o olho, a chamando em forma dela parar seu próprio marido, mas ela levantou os braços em redenção.

— Eu podia inventar qualquer papo, e os Kooks idiotas acreditariam — John olhava para frente, mas não encarava meu pai — Mas, eu só me importo com a minha filha.

Meu santo pai Agostinho. Levantei mordendo minha bochecha fervorosamente.

— E eu só sei que ela estava muito melhor antes de conhecer você e os seus amigos.

O moreno travou o maxilar... E eu sei que coisa boa não estava por vir.

— Pai, eu nunca estive melhor — cheguei perto dele, gritando, fazendo com minha mãe corresse para impedir uma briga maior — Eu era infeliz.

— Infeliz?

Pude ver minha mãe nos afastando, e John ficando mais erguido e estalando o pescoço.

— Não, — meu pai berrou e apontou o dedo no garoto — esses Pogues acabaram com a vida da minha filha.

Os dois estavam frente a frente e vi John se segurando para não debochar dele.

— Não quis desrespeitar, Sr — Routledge saiu andando — Tenham um bom dia. Linda casa — passou a mão no mármore branco da pia.

— O que você tá fazendo? — disse indignada.

— Protegendo minha filha.

Minha mãe, ainda, estava tentando impedir que a discussão se tornasse maior (do que já ficou) entre eu e meu pai. Mas eu não estava nem aí, eu amava a porra do John B e não se escolhe quem ama certo?

𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦𝘴 ༚ 𝘰𝘶𝘵𝘦𝘳 𝘣𝘢𝘯𝘬𝘴Onde histórias criam vida. Descubra agora