𝟏𝟔 | 𝐃𝐫𝐞𝐰 𝐒𝐭𝐚𝐫𝐤𝐞𝐲

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Eu sentia a ânsia vindo no meu estômago ao lembrar que iria ter que gravar hoje. Recentemente, as coisas foram assim, principalmente depois de tudo.

Eu nem via mais motivação pra gravar, ou a felicidade que sentia ao ter que interpretar uma personagem. Eu só... agia no piloto automático.

Contextualizando, sou recém formada em atuação, e estava fazendo a gravação de um filme romântico-dramático com Drew Starkey.

— Eu não queria gravar hoje — dizia chorosa para minha assessora.
— Você sabe que precisa — a mesma respondia com um certo receio.

Com os olhos lacrimejando, joguei meu celular no colo da mesma, que estava sentada numa cadeira estilo diretor de cinema vintage, junto dos produtores. Raivosa, chorei um pouco, mas rapidamente enxuguei os olhos, já que iríamos começar mais um take¹ do dia.

Indo para a frente das câmeras, Drew notou meu choro e me questionou:

— Você tá bem?

— Obviamente não né — respondi seca, pois não estava de bom humor para perguntas óbvias.

— Calma, — ele riu sem graça — não precisa ser grossa.

— Desculpa, é que eu tô de mal humor — jura, S/N?!

Drew chegou mais perto de mim para sussurrar, para que ninguém mais do set ouvisse ou lesse nossos lábios pelas câmeras:

— O que aconteceu? Você quer conversar?

Mal tive tempo de respondê-lo e o diretor nos olhos com uma cara irônica para pararmos de falar. Claro que entendemos o recado, mas queria explicar brevemente a situação para o Starkey.

— Depois eu te falo — sussurrei de volta.

Ao ouvir o grito longínquo do diretor falando "Ação!", nada me vinha à cabeça. Nem o texto, nem minhas falas, nem o que tinha que fazer e onde tinha que estar. A famosa tela azul de PC estava nítida em minha cabeça.

Mas, a única coisa que me veio foi o improviso... Que mais era realidade do que tudo naquele instante.

Toquei no rosto caloroso de Drew e a primeira coisa que pensei, disse em voz alta.

— Desculpa, — olhei em seus olhos azuis — eu nunca quis te magoar.

Saí andando depressa para meu camarim, porém quando sentei na cadeira me recordei de que esta não era a cena. Literalmente, nada daquilo estava planejado.

Ouvi de um modo abafado, o diretor dizendo "Corta" do modo mais bravo possível. Ao perceber seus passos se aproximando do meu camarim, ouço um barulho da minha porta se abrindo escandalosamente.

— O que você pensa que você tá fazendo? — ele disse com uma cara carrancuda e gesticulando muito.

— Eu só tentei improvisar — retruquei desleixadamente

— Você vai voltar lá e fazer essa porra de novo.
Ele disse mais um monte de absurdos, que sinceramente, só suportava porque o cachê era bem gordo.

Ao notar ele sair, pude perceber a imensidão de tristeza que invadia meu peito. Chorei que nem um bebêzinho fazendo birra.

— Olha, — ouvi a voz suave de Drew apoiado na porta — se a gente gravar certinho, você não precisa fazer de novo, e vai ficar tudo bem.

Sorri sem mostrar os dentes para Drew, agradecendo com a cabeça. Ele começou a vir em minha direção e me deu um abraço espontâneo após eu ter levantado.

— Eu juro que vai ficar tudo bem — ele sussurrou enquanto me apertava fortemente.

— Tá bom, — me soltei contra minha vontade olhando para ele — eu confio em você.

𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦𝘴 ༚ 𝘰𝘶𝘵𝘦𝘳 𝘣𝘢𝘯𝘬𝘴Onde histórias criam vida. Descubra agora