𝟐𝟕 | 𝐉𝐉 𝐌𝐚𝐲𝐛𝐚𝐧𝐤

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[𝐀𝐥𝐞𝐫𝐭𝐚 𝐝𝐞 𝐠𝐚𝐭𝐢𝐥𝐡𝐨: 𝐞𝐬𝐭𝐮𝐩𝐫𝐨  𝐞 𝐯𝐢𝐨𝐥𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐚]

— Eu vou ficar bem, prometo. — dizia olhando nos olhos de minha irmã, contra a cela.

Notava os olhos dela se encherem de lágrimas, assim, tentei passar pelo braço pela ferradura, enxugando-as. Vi que ela olhou para os meus olhos e consequentemente deu uma risadinha para descontrair o clima, e era o que sabíamos fazer de melhor.

Viver em negação para fugir dos problemas.

— Eu te amo JJ, — ela segurou em meu pulso — por favor volta pra mim, tá bom?!

Concordei com a cabeça, indo para frente e encostando minha testa na dela, e por um segundo pudemos fechar os olhos e imaginar que depois de tudo isso, iríamos ficar bem... Ou pelo menos, imaginar que ficaríamos.

— Sra. Maybank, está na hora. — um policial chegou perto da minha cela, avisando que minha irmã teria que ir embora.

Ela abriu os olhos e novamente, as lágrimas caiam de seus olhos como gotas de chuva escorriam em vidros de carros. Apertei sua mão, inconscientemente, não querendo deixá-la ir, porém o tira a puxou, fazendo com que desabasse ao vê-la andando cabisbaixa até o final do corredor. Pude repetir essa imagem em minha mente diversas vezes enquanto chorava que nem uma criança, sentado no banco de ferro frio da cadeia.

E sinceramente, nunca estive tão apavorado como agora.

1 mês antes...

— Tarde J.

Minha irmã me dizia terminando de fazer a salada para o almoço. Ela já estava acostumada que eu acordava em torno das 2 da tarde, então nem fazia questão de me acordar... A menos que quisesse enfrentar um JJ Maybank bem mal humorado.

— Decidiu virar chef hoje? — cheguei mais perto da pia, a cumprimentando com um beijo na bochecha.

— Hoje é um dia especial. — fiz uma careta confusa para ela, para que ela continuasse — É aniversário da Sarah.

Bati a palma da mão na minha testa, sabendo que havia esquecido completamente o aniversário da melhor amiga da Maybank Jr.

— Merda, eu não comprei nem um presentinho pra ela.

— Relaxa, — minha caçula olhou para mim, depositando a salada na mesa — eu fiz um presente a mão pra ela. Mas, se você quiser — ela voltou para pôr o resto da comida no tabuleiro — pode bolar um que ela vai amar.

Rimos sabendo que Sarah seria a última pessoa a negar um baseado, ainda mais os meus.

Minha irmã e eu nos sentamos na mesa como sempre fazíamos aos sábados. Tínhamos essa tradição de sempre almoçarmos juntos no final de semana, já que em dias de semana a vida era mais corrida, e infelizmente teríamos que ralar mais do que os outros, pois tínhamos "Pogue" no sangue.

Eu e S/N sempre fomos grudados, e quase que somos gêmeos, mas eu nasci dois minutos antes que ela, então tenho vantagem. Quando crianças, tivemos uma vida conturbada: nosso progenitor, Luke, preferia voltar para casa bêbado ao invés de enfrentar seus problemas com as dívidas feitas devido as drogas que usava, e assim, descontava a raiva em nossa mãe. Consequentemente, ouvíamos e as vezes víamos tudo. Porém, quando fizemos 16 anos, no nosso aniversário, Luke teve a capacidade de destruir a festa que S/N e nossos amigos tinham feito.

Então, decidimos nos mudar, já que mamãe tinha falecido faziam dois anos e Luke não precisava de dois sacos de pancada. Ele precisava de terapia e nós, de distância. Mas, a distância fez com que nos aproximássemos, e desde então somos carne e osso, nunca nos separamos e somos meio que os pais uns dos outros. Tentamos lidar dos nossos traumas da melhor forma, mas minhas crises de raiva ainda existem, o que faz com que minha irmã se irrite, pois odeia quando elas acontecem. Entretanto, temos a ajuda um do outro para tudo, e isso é mais do que suficiente.

𝘪𝘮𝘢𝘨𝘪𝘯𝘦𝘴 ༚ 𝘰𝘶𝘵𝘦𝘳 𝘣𝘢𝘯𝘬𝘴Onde histórias criam vida. Descubra agora