Capítulo 34

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Senti o meu corpo ser abanado levando para longe a imagem da Emma que eu tinha no meu pensamento. Já estava acordado à algum tempo, porque a rapariga desajeitada, quando se levantou, foi contra algo no meio da sala e desde aí que eu não consegui adormecer.  Não fico frustrado por não ter dormido mais, às vezes faz bem estar deitado, apenas a pensar e refletir na vida. 

Fui abanado de novo, desta vez com mais força.


- Lux, deixa o padrinho dormir e vai acabar de te vestir. -disse a última voz que eu ouvira ontem.

- Está bem tia, depois ajudas-me a apertar as botas? -disse uma voz mais fininha, era a Lux.

- Claro! Vai lá acabar de te vestir, linda.


Após a fala da rapariga que ocupava a minha mente, ouvi uns pezinhos baterem no chão. A Lux devia ter ido a saltar para o quarto. Ri-me pois já vi a Emma fazer isso várias vezes, mas é espantosa a maneira como ela muda de atitude com esta criança.  Talvez queira transmitir uma postura mais responsável para a pequena rapariga.


- Harry. -chamou a voz de ainda à pouco, mas agora mais próxima de mim.

  

A sua mão pousou no meu ombro abanando-me ligeiramente. Eu respirava calmamente com os olhos fechados, parecendo que estava a dormir.


- Eu sei que estás acordado. -abanou-me de novo.

- Como é que sabes? -não resisti em perguntar mas ainda de olhos fechados

- Não sabia, mas se não estivesses, não me respondias. -ela rematou e fez todo o sentido- Mas agora, levanta-te, vamos tomar o pequeno almoço fora.


Abri os olhos com espanto. Teria ouvido bem? Ela disse mesmo que iamos sair à rua sem seguranças? Passava-se algo ou seria tudo vontade de sair de casa?


- Tens a certeza? Quer dizer, temos de ir sem seguranças. -informei-a enquanto me espreguiçava sentado na cama.

- Vai correr tudo bem. -suspirou enquanto se sentava na cama para se calçar.- Acho eu...


Dei de ombros e levantei-me da cama indo em direcção à casa de banho. Depois de me aliviar, enquanto lavava os dentes, alguém bateu à porta.


- Posso entrar, Harry? Tenho de dar um jeito ao cabelo. -disse a voz femenina que eu tanto gosto.


Sem lhe responder, abri a porta, deixando-a entrar na casa de banho. Ela riu e olhei para o espelho, eu estava cheio de pasta dos dentes e espuma. Estava muito bonito, sem dúvida. Ela aproximou-se da sanita e começou a pentear o seu cabelo. Estranhei ela não fazer aquilo em frente ao espelho como uma pessoa normal, não é que ela seja anormal...

Enquanto passava a mão pelo cabelo, uma quantidade relativamente grande de fios de castanhos escuros ficavam entrelaçados nos seus dedos. Ela suspirou pesadamente e colocou-os na sanita puxando rapidamente o autoclismo. Já em frente ao espelho, ajeitou o cabelo formando os cachos largos e bonitos que ela costuma ter.

Eu apenas fiquei encostado ao polibã, a mexer a escova de dentes dentro da minha boca, muito lentamente,sem desviar o olhar de cima dela, nem durante um segundo.


- Tia! Podes-me apertar as botas? -gritou a minha afilhada.


I hate myself because I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora