Capítulo 52

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POV ON HARRY

Atirei o meu caderno preto para a mesa de centro, desistindo por completo de tentar escrever letras para músicas como o Simon tinha pedido. Eu simplesmente estava sem concentração, pois todas as combinações de palavras iam dar a ela. Dei por mim a pensar no modo como vivia antes de novembro, antes de Emmy, que eu descobrira neste dia, que era uma junção entre Harry e Emma. Eu achava que era um rapaz realizado, mas só depois de começarmos a falar como dois adultos, é que eu vi onde andava a minha verdadeira felicidade. Era ela que agora dava o verde aos meus olhos, os caracóis ao meu cabelo e até mesmo as covinhas ao meu sorriso. Ela e toda aquela sua personalidade forte mas doce que transbordava pelo seu corpo que certamente tinha sido desenhado com o pincel mais requintado que o Homem alguma vez criou.
Refleti e a minha mente estava a ficar demasiado lamechas, um dos efeitos secundários de se estar terrivelmente apaixonado por aquela rapariga que, não tardava a chegar a casa toda sorridente pronta a contar o que tinha acontecido na companhia. Pelo menos era assim que eu esperava que ela viesse.
Eu já tinha terminado de fazer o jantar quando a ouvi o seu carro a estacionar na garagem. Coloquei os bifes nos os pratos, reguei-os com molho e pus um montinho de arroz ao lado, como tinha planeado. A salada estava temperada e sumo de laranja estava já nos copos. Sorri, parecia estar tudo a correr bem.
A porta abriu e eu senti um frio no estômago, ficava sempre assim quando sabia que ela estava por perto. Ela pousou o casaco no bengaleiro de madeira e as chaves na mesa da entrada a combinar e seguiu para o seu quarto deixando a pairar no ar um simples "Oi". Fiquei pasmado com a sua reacção e comecei a pensar que talvez eu tivesse feito algo de mal, mas deixei-me disso, porque o máximo que eu tinha feito foi por os pés em cima da mobília e ela nem tinha visto.
Subi as escadas seguindo os seus passos anteriores. A porta estava entreaberta e eu ouvia a sua voz rouca. Calculei que ela estivesse a falar sozinha como forma de desabafo, mas depois percebi que estava numa chamada telefónica com o irmão. Eu sabia que era extremamente mau ouvir a conversa dos outros mas não resisti em ficar perto da porta.

- Correu mais ou menos. -a sua voz tremeu- O George fez-nos audições para ver que bailarinos iriam fazer de Kitri e Basílio... Sim, hoje mesmo... -ela andava pelo quarto a controlar a respiração- Eu tive outro ataque de pânico, Zayn.

Eu ouvi-a começar a chorar e fiquei a pensar naquilo. "Outro ataque de pânico"? Seria daquilo que o Louis estava a falar quando referiu o problema dela, no dia de ano novo? Seria motivo suficiente para ela ficar devastada daquela maneira sôfrega e desalmada. Se ela tiver ataques constantes, não podia estar sujeita a muitas emoções e surpresas. Tudo encaixava... Era por isso que ela não gostava de não ter as coisas sobre controlo e de ser apanhada desprevenida.

- Eu estou a tentar manter a calma, mas como tu sabes, eu não o consigo fazer se me estiveres sempre a dizer para o fazer. - ela disse rápido- Sim, depois falamos.

Ela desligou a chamada e eu entrei no quarto. Vi-a deitada na cama com o braço esquerdo a tapar a zona dos olhos castanhos enquanto respirava de forma pesada. Eu sentei-me perto dela e puxei-a para o meu colo como tinha feito no dia da morte da Ava. Sabia que ela se sentia melhor se eu apenas lhe mostrasse que estava lá como ponto de abrigo e que iria esperar que ela estivesse em condições para dialogar, por isso, eu apenas beijava a sua testa. Notei que ela se estava a querer fazer de forte, pois ela tentava não derramar mais lágrimas, mas repente, ela abraçou-me e eu ouvia a chorar.

- Então, Emma? -eu passei a mão pelo seu cabelo- Não chores mais, vai ficar tudo bem.

Ela continuava a chorar e eu sem perceber o grande porquê, pois, no meu ponto de vista, não podia ter sido só o ataque que a deixara assim. Eu não sabia o que havia de lhe fazer. Custa sempre ver quem amamos a sofrer.

- Olha para mim. -eu pedi para tentar chama-la à atenção, que chorar não adiantava de nada, mas ela desviava o olhar.- Emma, pára de chorar.

- Que diferença faz eu chorar ou rir? -ela olhou para mim com olhos de Bambi.

I hate myself because I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora