Capítulo 68

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POV ON EMMALINNE

Se este fosse um dia comum, eu iria acordar de mau humor, pelo simples facto da persiana estar aberta, deixando toda a claridade passar. Mas, hoje, vi uma grande vantagem na posição incorreta da persiana de metal, mal me virei para o outro lado na cama. A luz que entrava no quarto iluminava o rosto do meu namorado fazendo pensar duas vezes se ele era, de facto, um mero humano ou se seria uma espécie de Deus ou anjo. Estava mais tentada a acreditar na segunda hipótese. A maneira como a sua cabeça descansava na almofada branca fazia-me suspirar. A sua expressão revelava serenidade e tranquilidade, de tal maneira que, quanto mais olhava para ele e o apreciava, mais calma me sentia. Aproximei-me mais dele, com cautela porque não o queria acordar e acabar com a minha terapia. Vinquei bem o lençol contra o meu corpo nu e apoiei-me no meu cotovelo direito, sem tapar a luz que me permitia ver o Harry dormir. As suas pálpebras estavam fechadas fazendo as pestanas longas caírem sobre as maçãs do rosto. Estava ansiosa para que estas abrissem para poder observar o quão bonitos ficariam os seus olhos esmeralda de encontro à luz. Brilhariam mais do que o habitual certamente, mas seria só pela claridade, ou ele também teria aquele brilho no olhar de estar apaixonado? Seja de que maneira for, os seus olhos eram preciosos. A sua pele era pálida, fazia lembrar uma escultura da época do Renascimento, mas esta tinha imperfeições que me faziam sorrir. As tais imperfeições que não apareciam nas esculturas eram o que o tornavam em algo único, ímpar, sem igual. Desde pequenos sinais, como aquele mais perto da sua covinha esquerda, às sobrancelhas nada arranjadas com pêlos fora da estrutura normal, à sua rasteira barba que ele insistia em deixar crescer mas nunca conseguia passar mais de uma semana sem a desfazer, mesmo não havendo razão para isso, às pequenas marcas que ficaram da sua recente adolescência. Tudo naquele rosto me prendia a atenção e não era perda de tempo, ele merecia ser visto daquela maneira tão natural. Perguntava-me, mentalmente, quantas pessoas eram capazes de dar tudo o que tinham para estar no meu lugar. Muitas, segundo o meu Instagram e Twitter... Mas não era momento para pensar em outras pessoas, era tempo de pensar em nós, como casal que ontem tinha dado um enorme passo na sua relação. A noite anterior, não podia ter sido melhor. Foi, sem dúvida, intensa, mas foi ótima. Trocamos o nosso primeiro "amo-te". Embora nunca o tivesse admitido em voz alta, era mais que óbvio. Era claro como a água! Eu amava-o com toda a minha essência e só um cego, surdo e mudo é que não o perceberia. Tornei-o ainda mais claro quando o deixei assumir total controlo do que nos aconteceria de noite, porque, acima de tudo, eu confiava nele para me fazer feliz. Estava com a cabeça às voltas a pensar em tudo o que podia acontecer, maior parte coisas más, e não conseguia relaxar e aproveitar aquele momento como devia. Ele notou o meu desconforto psicológico e tentou aliviar o clima. Resultou na perfeição e eu fiquei encantada com a maneira cautelosa como ele me tocava, só para garantir que eu estava a gostar e me sentia bem. Não pensava que, após o meu pequeno momento de nervosismo e vergonha, seria capaz de me rir junto dele enquanto fazíamos amor. Mas o certo era que, tanto os seus gemidos como as suas gargalhadas me deixavam mais excitada e, obviamente, mais feliz. Não podia sequer imaginar uma primeira vez com o Harry melhor que aquela a que ele me tinha proporcionado.
Interrompendo os meus pensamentos sobre o facto de estar ligeiramente dorida das pernas, vi o meu anjo a mexer lentamente o braço que estava ao longo do seu corpo, em direção aos seus olhos, abrindo os seus lábios cor-de-rosa num leve bocejar. Assim como eu outrora idealizava, os seus olhos abriram mais brilhantes que nunca e ele sorriu e, num ato involuntário, eu fiz o mesmo.

- Bom dia, Em... -ele cumprimentou-me com a sua voz matinal normalmente rouca. Os meus ouvidos foram, definitivamente, abençoados.

- Bom dia, amor.

Sim, ele era a primeira pessoa, sem ser o meu irmão, a quem eu chamara de "amor". Claramente que já o tinha dito, enquanto brincara com alguém, mas desta vez, era muito sério. Eu tinha toda a intenção de o dizer e, de seguida, de roubar-lhe um beijo suave.

I hate myself because I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora