I hate myself because I love you

Capítulo 75

POV ON HARRY

De mãos dadas, a Emma seguia à minha frente, num passo saltitante, por entre os corredores do hotel. Não havia ninguém a percorre-los, nem mesmo empregas de limpeza a tratar dos quartos, algo que eu achei estranho. No entanto, ignorei isso, assim que vi a Emma empurrar uma porta que tinha um sinal bem claro que dizia que era expressamente proibida a entrada de hóspedes.

- Tens a certeza que é por aqui, Em? -perguntei tentanto fazer com que ela parasse de andar durante uns segundos.

- Confia em mim, Hazza.

Ela pediu com aqueles olhos negros brilhantes e um sorriso meigo ao qual eu sou incapaz de dizer que não. Continuamos a andar por uns corredores frios e cinzentos que me faziam lembrar as cenas dos filmes que são gravadas em prisões. Ou ela estava a inventar e realmente não sabia que raio é que estava a fazer, ou então iria ser uma surpresa e tanto. Virámos à esquerda e depois à direita e em cada passo que dávamos sentia-se mais frio. Apenas compreendi o porquê quando a minha namorada abriu de novo uma porta e deixou a luz natural iluminar o corredor. Era um grande terraço, a uns bons metros do chão, com umas mesas e cadeiras que a gerência talvez usasse no verão. No entanto, não me parecia que pudessemos andar por ali, assim livremente.

- Emma, nós podemos estar aqui?

- Acho que não. -o seu riso foi mais alto que o meu bom senso e fechei a porta atrás de mim.

A minha mão foi puxada por ela, uns passos à frente e parou, magicamente, no seu rabo. Não a mexi nem um pouco, apenas aproximei os nossos corpos o máximo que consegui, beijando-a. A sensação dos seus dedos a passar pela minha nuca e da sua respiração quente e molhada no meu pescoço, fazia o ambiente bem mais sensual do que eu queria. Ela caminhou em frente até se dobrar sobre o parapeito de cimento branco que rodeava o terraço. O seu vestido preto, assim como o seu cabelo mais encaracolado do que o normal, esvoaçavam ao sabor do vento, criando trajetos aleatórios no ar. Cheguei-me a ela e rodiei a sua cintura com um braço, beijando-a na face ao mesmo tempo.

- A vista daqui é incrível. -ela balbucionou enquanto se inclinava pra a frente.- Quer dizer, não tanto quanto tu, mas incrível na mesma.

Era realmente bonita. Não tem nada haver com as luzes e edifícios altos da cidade poluída. O que dava para ver, do alto do Cranage Hall, eram maioritariamente zonas verdes, que deveriam ter uma grande biodiversidade e ao longe via-se umas casinhas pequenas, como aquela em que eu vivera durante alguns anos. Era bonito ver as coisas daquela perspectiva tão simplista mas satisfatória e não me importava de continuar ali não tivesse começado a chuver e o vento se tivesse tornado mais agressivo.

- Emma, vamos embora, por favor. -beijiei o seu pescoço delicadamente.

- Não me apetece ir, Harry. Estamos tão bem aqui. -ela voltou a lançar-me o mesmo olhar de à pouco, no entanto, eu já tinha coisas melhores em mente.

- Vá, temos um quarto super quente e confortável, que tu reservaste com amor e carinho, à nossa espera. -tentei persuadi-la da melhor maneira.

Comecei-me a afastar, de novo em direção à porta, esperando que ela corresse até mim e fossemos efectivamente para o quarto aquecermo-nos, de diversas maneiras. Mas, já estava a meio do caminho e não ouvia passos atrás de mim, apenas ouvi a voz rouca dela.

- Achas que consigo voar?

- O quê?

Quando olhei para trás, ela já estava de pé, em cima do parapeito, e de braços abertos. Ela encontrava-se mesmo na beira exterior e o meu coração disparou.  Comecei a caminhar até ela, mas o chão parecia ter sido transformado numa passadeira rolante ou areia movediça. Dar um passo para a frente era como dar 3 para trás ou ficar enterrado até aos joelhos. Pior, era tudo junto.