Capítulo 59

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Estacionei o meu carro em frente aos estúdios da Modest, na esperança de ainda encontrar os rapazes lá. Nunca a tinha percorrido sozinha, por isso, pedi indicações a um senhor que estava sentado por de trás da secretária branca com o nome da discográfica gravado numa placa de metal. Já com as suas orientações, eu percorri aqueles corredores e tive a sensação de estar no céu com todo aquele branco puro nas paredes. O contrário aconteceu precisamente quando eu entrei numa porta onde tinha um placar com "One Direction". Aquilo estava caos completo; roupa pelo chão, instrumentos musicais em tudo que era canto, folhas que eu supus que fossem pautas ou letras de músicas amachucadas ou até mesmo rasgadas, comida em todo o espaço que não era preenchido por roupa e um cheiro a suor idêntico ao que saia do meu saco do ballet. O Louis e o Zayn sentados num sofá encardido a jogar PES14, o Niall a dormir todo torto num puff que em tempos fora branco e o Liam e o Harry deitados no chão a conversar sobre algo. Nenhum deles pareceu notar a minha presença por isso eu tive de dar uso ao meu recurso expressivo preferido.

- Isto é que é trabalhar, rapazes!

O Harry ergueu logo a cabeça e começou a levantar-se do chão enquanto os outros, excepto o Niall, me cumprimentaram com um "Olá, Emma". O rapaz dos cachos passou por toda a sujidade do chã, foi insultado pelos que estavam vidrados na televisão e deu-me um suave beijo nos lábios deixando-me logo a sorrir. Não estava à espera que ele me beijasse junto do resto da banda, porque nós nunca demos muito da nossa relação a conhecer.

- Eu vi isso. -anunciou o meu irmão vendo-me pelo canto do olho a ficar corada.- Não nos querem dizer nada? -ele fez pausa no jogo.

Eu e o Harry rimos baixinho enquanto tentávamos formar a melhor frase para contar a novidade, aquela que eu nunca na minha vida esperei dizer. Passaram-se uns segundos e o Harry pôs o seu braço em cima dos meus ombros, juntando a lateral dos nossos corpos.

- Vocês finalmente namoram? -o Liam gritou depois de erguer o tronco.

Nós acenamos ao mesmo tempo concordando com o que o meu melhor amigo me dissera. O meu irmão olhou para o Harry com uma expressão seria bastante forçada que me fez rir. Ele levantou-se lentamente e veio para a frente do Harry.

- Que eu me lembre, -ele começou num tom grave e conciso- não me pediste autorização para namorares com a minha irmã. Mas como eu sei que vocês gostam um do outro e eu sou um irmão bestial, eu vou deixar que vocês namorem!

O meu irmão sempre teve aquele tipo de postura quando se trata da minha vida amorosa. Não o censuro, porquê eu também ajo de forma semelhante quando se trata da pessoa que conquistou o coração dele. Gostava de dizer que é uma coisa de gémeos, mas creio que é apenas uma coisa comum entre irmãos. O instinto de protecção é sempre incontrolável. Se fosse humanamente possível, eu embrulharia o coração dele com aquele fantástico papel com as bolhas de ar, para que, se caísse, as probabilidades de se partir fossem menores. E eu sei bem que ele faria o mesmo.
Entretanto, já com o loiro acordado por risos, os rapazes deram-nos os parabéns e começaram a fazer perguntas sobre a noite anterior. Para ser sincera, eu não sou daquelas pessoas que gosta de dar a conhecer a todos a sua vida e, quando o Harry começou a contar sobre o jantar, eu senti-me exposta. Um sentimento similar a estar nua perante pessoas conhecidas. Mas, depois de analisar toda a situação, deixei-me de parvoíces, pois era perfeitamente normal que o Harry quisesse contar o quão romântica foi a noite que ele planeou para nós.

- Eu até lhe tirei uma foto. –ele contou empolgado.

O Príncipe Philip, como eu achava piada a chamar-lhe dada a última parte da noite anterior, fez com que todos nos sentássemos no sofá, tirou o telemóvel do bolso e carregou no botão do topo fazendo aparecer as horas por cima de uma fotografia. Na fotografia, eu estava de perfil com uma mão perto da minha boca aberta de espanto e a outra a mexer no novo colar que o Harry me dera. À minha frente estava o cartaz que anunciava o bailado que fomos ver. Com a luz que estava, via-se com pouca nitidez os pormenores, mas os contornos do meu corpo estavam bem vincados e isso tornava a foto linda.
Ele mostrou o ecrã do telemóvel aos colegas de banda enquanto tinha um sorriso rascado na cara, mostrando o quão lindo é. Voltando a contar o programa da noite, eu pedi ao Harry que me emprestasse o seu telemóvel. Anexei a foto numa nova mensagem e, de seguida, escrevi "Emma" no remetente. Sorri porque a seguir ao meu nome tinha um coração roxo e eu achei super amoroso ele o ter posto.
Já com a fotografia no meu telemóvel, decidi coloca-la nas redes sociais. Não iria anunciar o namoro, mas sim expor a minha felicidade. Editei-a ligeiramente e escrevi uma legenda. "Ainda não acredito que me levaste a ver aquela obra prima do ballet clássico. Muito obrigada pela melhor prenda de aniversário. @Harry_Styles E"
Eu sabia que todas as fãs iriam ficar loucas por aquilo, poderiam até voltar a fazer comentários desagradáveis sobre mim, mas eu não queria saber.

I hate myself because I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora