Capítulo 60

93 5 0
                                    

A limusina preta parou mesmo à frente de uma larga passadeira vermelha contornada por fotógrafos e fãs. O motorista abriu a porta mais perto do passeio, baixando ligeiramente o seu típico chapéu, e o Tom deslizou do carro pronto para mostrar a todos o seu melhor sorriso. Ele estendeu-me a mão, sendo cavalheiro, e ajudou-me a sair da limusina para embarcar naquele oceano de flashs. A festa de abertura tinha sido bastante anunciada devido à participação especial de alguns elementos da orquestra da The Royal Opera, mas tomou dimensões completamente diferentes quando, não sei como, as fãs descobriram que os One Direction iriam atuar. Foi uma loucura nas redes sociais levando a hastag #FestadeAberturadaRoyalBallet aos assuntos mundiais no Twitter e muitas das fãs à porta do edifício esperando por os ver entrar. Pousei para diversas fotos e também tive oportunidade de pegar em muitas canetas e escrever "Um beijinho muito especial" algumas vezes. Eu tinha noção de que elas não estavam lá por eu ser a nova prima-bailarina da Royal, mas sim porque já suspeitavam que eu era namorada do Harry. A Modest ainda não nos tinha dado permissão para anunciar a relação, porque os rumores iriam alimentar mais do que a verdade. Incrível como nós não podíamos fazer aquilo que queiramos, só por fama.

- Emma, temos de entrar. -informou-me o Tom em pulgas por o anunciarem como Basílio.

Eu tinha acabado de tirar uma selfie com duas raparigas que me pareciam entusiasmadas e que me juraram que iam comprar bilhetes para o espetáculo, quando o Tom me deu a mão e puxou-me para dentro do edifício.
Infelizmente, a lesão do Robert era mais grave do que toda a gente estava a pensar e ele só poderá dançar na próxima temporada o que fez do Tom o meu parceiro de novo, essa era a parte boa. O George tinha falado com os restantes membros da companhia e todos tinham percebido quão injustos estavam a ser com o podre Tom e tudo tinha voltado ao normal. Ajeitei a camisa do Tom, pondo-a dentro das calças e pus um lado do cabelo trás da orelha porque ficava melhor assim. Todos bateram palmas assim que eu e o Tom entramos naquele grande salão de baile fazendo o meu coração sentir-se aconchegado. Ambos fizemos uma pequena vénia com a cabeça e a magnífica música clássica suou entre aquelas quatro paredes.
Eu ia em direcção à minha família, mas o George disse-nos que tínhamos de cumprimentar primeiro as pessoas importantes. Beijinhos e sorrisos falsos a uma quantidade de gente por mim desconhecida que apreciava a arte do ballet clássico e só depois é que seguir por onde queria. Só o fiz porque eu sou a cara da companhia agora e tenho de manter a boa imagem...
Tanto a minha família como a do Tom e a da Jess estavam junto dos rapazes e das namoradas, conversando animadamente. Fiquei feliz pois todos pareciam dar-se bem.

- Vejam só quem são eles. -o Liam comentou enquanto ria e deixava que eu e o Tom entrássemos na roda que eles tinham criado.

- Boa noite. -dissemos em sintonia como um cumprimento geral.

- Emma, estás tão bonita! -disse uma pequenina loira atrás de mim enquanto mexia no meu longo vestido.

- Muito obrigada, princesa Lux! -eu peguei na pequena ao colo para a abraçar.

Não estava nos meus planos convidar aquela menina para um evento destes, até porque achava que ela ia achar uma seca. Mas, contra os meus pensamentos, enquanto a Lou me colocava a base na cara, disse que a Lux estava empolgadíssima por saber que eu ia dançar como "as meninas grandes". Achei que o mínimo que poderia fazer, mesmo que já em cima da hora, era convidá-las para a festa. Obviamente que a Lux nem queria fazer a cesta por estar tão entusiasmada, mas depois eu disse-lhe que se ela não dormisse, não iria ter energia para estar acordada durante a festa. Só aí é que ela se deixou vencer pelo sono.

Todos falavam uns por cima dos outros, conversamos sobre o que iria decorrer durante a festa mas eu estava preocupada com outro assunto. Harry. Ainda não o tinha visto e isso estava a deixar-me com o coração apertado. Não queira interromper a conversa para perguntar onde estava o rapaz, até porque a minha família ainda não sabia que eu e o Harry namorávamos, por isso, eu tentei falar telepaticamente com o meu irmão. Podia parecer estúpido, mas entre olhares e expressões, eu e ele conseguíamos ter uma conversa. Ele estava na minha diagonal direita e eu tive de esperar que ele sentisse que eu estava focada nele para me dar atenção. Apenas uma expressão de dúvida enquanto mexia no colar com o pendente que o Harry me tinha dado, para que ele apontasse, com o olhar, para a beira da casa de banho. Pedi desculpa e segui a linha que o Zayn me tinha indicado. Ao som da música clássica que eu amava, vi que o Harry estava perto do corredor de acesso às casas de banho, de costas voltadas para mim, mas mesmo assim eu consegui apreciar quão bem aquele fato lhe ficava. Tudo lhe caia bem no corpo, até mesmo as suas camisolas básicas e as suas calças de ganga drasticamente rasgadas nos joelhos, ou até as sweatshirts velhas que ele usava em casa junto de umas calças de fato de treino coçadas, mas naquele momento em que ele se virou e me deixou ver todo o conjunto, eu fiquei de queixo caído. Vê-lo de fato era uma coisa de outro mundo, algo tão belo que todos deveríamos ter de pagar para o ver, como uma atracção turística. A minha vontade era beija-lo loucamente, mas não podíamos por isso apenas o abracei.

I hate myself because I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora