- Boa tarde. -eu e o Tom saudamos assim que abrimos a porta para a sala de concepção de figurinos.
Eu passava a mão por alguns manequins de costura bejes que iriam ser utilizados quando os figurinos estivessem prontos para usar. Ainda nenhum estava coberto por figurinos de aparência espanhola, mas à medida que fomos andando, vimos que já haviam alguns do corpo de baile quase acabados.
Voltámos a cumprimentar as pessoas que estavam em volta das máquinas de costura e as duas mulheres que estavam sentadas numa mesa ainda a desenhar alguns fatos com uma bíblia em cima da mesa. Não era mesmo a Bíblia que estava pousada na mesa, mas sim uma capa cheia de micas de plastico e repleta de folhas com desenhos e com todo o tipo de informação necessária sobre os figurinos utilizados noutras versões do Dom Quixote. Desde algumas medidas, a cores de tecidos, aplicações e fornecedores, tudo se encontrava ali, com fotografias inclusive. O objectivo não era criar um fato igual, até porque isso seria uma seca. O que se pretendia era criar um figurino dentro da mesma linha, porque visto que o bailado é reportório, não se podia fugir muito à linha, mas ao mesmo tempo, único e de maneira a que o bailarino criasse uma espécie de carinho por ele. Antes do público gostar, o bailarino tem de sentir integrado na personagem e bem consigo mesmo.- Boa tarde, minhas estrelas. -a Vanessa, uma das criadoras de figurinos levantou-se para nos cumprimentar.
Eu adorava aquela mulher de cabelo pintado de loiro e batom vermelho na cara com rugas. Ela era um amor para mim e eu sentia-me confortável na sua presença, por isso agradecia que fosse ela a tirar-me as medidas.
Ela encaminhou-nos para uma sala com aquecimento onde nós iríamos ficar até vermos o primeiro rascunho dos nossos trajes.- Primeiro o Tom, se não se importarem. -ela informou- Quero que fiques só de roupa interior, pode ser?
Ele acenou e a Vanessa fechou a porta assim que reparou que ele se ia despir. O Tom entregava-me uma peça de roupa de cada vez para que eu dobrasse e pusesse com delicadeza nas costas da cadeira onde eu estava sentada.
Ele fazia caretas de cada vez que a Vanessa aproximava a fita métrica do seu corpo.-Essa cena está fria. -ele fez força nos abdominais, que era onde estava a passar a fita.
Quando eu conheci o Tom, ele parecia um frango com borbulhas. Agora era um homem musculado com uma cara irresistível e espero que ele agradeça todos os dias ao ballet e à puberdade por isso. Por todo o seu corpo, os músculos eram bem definidos mostrando todo o trabalho de levantamentos, saltos e piruetas que ele tem vindo a desenvolver. Todas as raparigas iriam gostar de estar no meu lugar a ver aquele corpinho apenas tapado pelos boxers, mas eu não olhava para ele com segundas intenções. Apenas tinha esse tipo de intenções com o Harry. Mesmo que o seu corpo não seja tão bem desenvolvido como o do meu parceiro, o Harry tinha um corpo sexy que eu amava conhecer melhor.
- Vais usar dois figurinos diferentes, mas a estrutura é a mesma, por isso, não é necessário tirar mais medidas. Mesmo assim não te vistas porque daqui a pouco experimentas. -a Vanessa falou para o Tom e este acenou.- Agora és tu, Emma.
Eu acenei com a cabeça e comecei a despir-me ficando só de lingerie em frente a ela e ao Tom que era das poucas pessoas que eu não sentia vergonha de estar assim. Quando o Harry souber disso e de muitas mais coisas, ele vai ficar com uns ciumes terríveis. É só que, no ballet as coisas são diferentes. Como na última temporada, eu, a Jess e o Tom partilhamos quase sempre o mesmo quarto e até houve um espetáculo em que eu tinha de trocar de roupa e de aplicações em segundos. Aí, enquanto eu vestia o tutu, o Tom tirou-me a flor que eu tinha no cabelo apenas de cuecas. Até já houve uma ocasião em que as suas calças tinham um elástico que ele estava a forçar demasiado e eu, apenas de collants, ajudei-o a vestir-se. Isto só para provar que não havia mesmo nenhum tipo de intenções sexuais. Era só amizade.
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I hate myself because I love you
Fanfic"Destruiste o meu sonho. Aquele que eu lutei a minha vida toda. Mentiste-me e enganaste-me. Achas isso uma prova de amor? Afinal tinha razões para não gostar de ti quando te conheci... E é isso, eu odeio-me porque mesmo assim ainda te amo."