A minha coberta branca estava toda molhada devido das minhas lágrimas depois de ter mergulhado nas profundezas das minhas memórias. Olhei para o relógio e vi que já eram quase 6 horas da tarde e lembrei-me de uma coisa que queria fazer.
Levantei-me da cama e desapertei o meu vestido fazendo com que ele caísse no chão. Vesti uma roupa prática, calcei-me e peguei num antigo saco de ballet, ponto-o em cima da cama. Abri o meu armário com posters e autocolantes de adolescente e tirei de lá uns collants pretos e um fato de ballet. Na última gaveta tinha todas as pontas que eu usei antes de ir para a Companhia, foi só a questão de escolher as melhores. Coloquei tudo la dentro e fui em direcção à casa de banho sempre a pensar no que fazer se o meu irmão, de repente aparecer aí. Dei de ombros e continuei a tirar a maquilhagem da minha cara. Peguei no meu estojo com ganchos e travessões para o puxo e pu-lo dentro do saco.
Confirmei tudo o que tinha e pareceu-me bem. Ia descer as escadas mas o barulho da fechadura parou-me. Recuei e fiquei a porta do quarto a ouvir passos no andar de baixo.
xXx. Ela tem de estar cá em casa. -finalmente uma voz, que me pareceu a do Zayn, disse.
Pronta para sair disparada de casa, peguei na minha chave. Respirei fundo e desci as escadas o mais rápido. Já com a chave na porta ouvi passos atrás de mim.
xXx. Onde vais? -uma voz diferente da anterior disse. Calculei que fosse o Harry visto que ele tinha ido para o funeral connosco.
E. Não contem comigo para o jantar. -disse sem olhar para trás e saí de casa a correr em direcção à minha academia antiga.
Tudo estava igual, mas agora abandonado. Inspirei e cheirou ao que eu considerava a minha segunda casa à uns anos. Pousei o saco à beira da porta de madeira e pequenas lágrimas escorreram ao olhar para a grande janela panorâmica que iluminava aquele estúdio. Mais uma vez, memorias das minhas aulas de ballet correram na minha cabeça. Foram tempos difíceis para mim. Estive quase para desistir de tudo, mas como sempre o meu irmão e a Ava ajudaram-me. De algum modo eles compreendiam-me, mas nao o suficiente. Nunca fui muito boa a expressar-me verbalmente mas realmente, não era difícil mostrar o meu desagrado. Sentia-me frustrada por o meu esforço nunca ser recompensado, todas as dores e lesões, todas as horas em ensaios a gastar energia, tempo, dinheiro e cabelo... Todos mostravam ser melhores do que eu, com melhor técnica e parte artística, mas há algo que nunca conseguirão ter tanto quanto eu, e isso resume-se a uma simples palavra: Paixão.
Deixei-me de choros, decidi por música no meu telemóvel e sentei-me a fazer o puxo. Vesti-me e calcei as pontas. Estavam apertadas e muito moles na ponta, conseguia sentir o chão através do suposto gesso antigo. Levantei-me e comecei a aquecer lentamente. Rodei o pescoço, os ombros, os pulsos e os pés 3 vezes para a direita e repeti para a esquerda. Senti alguns músculos presos, já não dançava ballet desde o início de Novembro e já estamos em Dezembro. Pus-me no meu antigo lugar na barra a fazer os pliés e exercícios básicos, daqueles que ensina as pequeninas.
De repente ouço uma música que foi tudo o que eu precisava para me soltar. Quando danço, é como o meu corpo fosse todo preenchido por notas musicais. Balanço de um lado para o outro deixando-me levar pela música. Ao tempo que a música vai ficando mais alta, eu começo a desfazer o puxo. Dançar de cabelo solto dá outra sensação. Piruetas, quedas ao chão, espargatas no ar e tudo mais que me veio à cabeça para fazer. Tudo o que conseguisse expressar o que estava a sentir na minha alma. De um momento para o outro sinto uma dor muito grande num dos dedos do pé esquerdo mas nada me iria para agora. Nomes como o do Ava, do Jonh, do Zayn e até mesmo o do Harry entraram na minha mente. A música repetiu umas 4 vezes e no fim, solto um grande grito que fez eco por toda a sala.
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I hate myself because I love you
Fanfic"Destruiste o meu sonho. Aquele que eu lutei a minha vida toda. Mentiste-me e enganaste-me. Achas isso uma prova de amor? Afinal tinha razões para não gostar de ti quando te conheci... E é isso, eu odeio-me porque mesmo assim ainda te amo."