Capítulo 22

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Ainda a tentar controlar a respiração, depois da minha corrida, bati à porta de casa da Ava. Não ouvi qualquer tipo de som vindo do interior. Achei estranho pois o irmão dela deveria em casa a estudar para os exames finais da universidade. Tentei empurrar a porta da entrada e, curiosamente, abriu. Algo estranho tinha acontecido nesta casa. Lentamente, percorri a casa e verifiquei que ninguém estava lá, que eu tivesse notado. Dirigi-me ao quarto da Ava, visto que estava à procura dela. Abri ligeiramente a porta e vi a janela aberta com o cortinado a ser delicadamente movido pelo vento. Abri mais e vi uns pés no fundo da cama e conclui logo que ela devia estar tão cansada que veio logo para o quarto dormir. Entrei e fiquei completamente estática, só pequenas lágrimas começaram a correr pela minha cara. A Ava estava apenas de roupa interior branca com sangue a escorrer-lhe de todo o lado. Ainda havia um pouco de cor na sua pele mas duvido que tivesse mais sangue no corpo. Aproximei-me dela, muito devagar, para observar os inúmeros cortes nos braços, barriga e coxas que eram grandes e profundos. Na sua cara estava como gravado na testa “RIP”. Olhei para o chão na tentativa de digerir o que estava a acontecer e reparei que também havia cabelos loiros e compridos no chão. Corri para a sua casa de banho para passar água nos olhos e assimilar tudo. Quando cheguei à casa de banho, fiquei mil vezes pior. O espelho tinha escrito a vermelho "Demasiado tarde". Conclui logo que aquilo tinha sido escrito com sangue, pois estava algum a escorrer pelo espelho. Ela não se devia ter cortado aqui, pois haveria rasto de sangue até à cama. Levantei a cara e vi no espelho o reflexo dela atrás de mim com uma faca. O meu único instinto foi gritar. "ZAYN! ZAYN!"

Z. Emma, está tudo bem. Calma, foi só um pesadelo. -disse calmamente dando-me alguns beijos na testa. 

E. Parecia tão real, eu vi a Ava! -disse ainda apavorada. Levantei-me da cama mas o Zayn puxou-me de novo.

Z. Deita-te. Ainda é cedo para te levantares.

Olhei para o relógio digital e apercebi-me que ainda eram 4:26AM. Mentalmente, concordei com o meu irmão e deitei-me. Automaticamente, fui abraçada por ele que me fazia festinhas no braço. Ainda não acredito que foi apenas um estúpido pesadelo. Isto fez-me pensar que ainda não sei como é que a Ava foi encontrada. Ia perguntar ao meu irmão mas ele já estava com a "respiração pesada", como ele diz sempre que eu reclamo por ele ressonar, por isso resolvi fechar os olhos e dormir.

  

Acordo, já sem o Zayn a meu lado, e olho para o relógio que marca as 10AM. Sentei-me na cama e estiquei os pés e as pernas ouvindo tudo a estalar, rodei o pescoço e os pulsos ouvindo um som idêntico. Tirei os lençóis de cima de mim e saí da cama. Levantei as pernas ao lado e rodei a anca como forma de "desenferrujar". Estava na casa de banho lavar a cara e os dentes quando o meu irmão chamou por mim. Limpei a minha cara e as mãos que estavam molhadas e desci as escadas em direção à cozinha onde se encontrava o meu irmão.

Z. Os pais já saíram para trabalhar, as pequenas estão na sala a ver televisão, o Harry está a dormir e eu vou procurar a Doniya. Ficas responsável por elas enquanto eu não estiver aqui. -informou-me enquanto vestia o casaco e punha os objetos pessoais no bolso das calças

E. Bom dia para ti também mano. -disse com voz de sono

Z. Desculpa -beijou-me a testa- mas eu estou com pressa. Vá, até já! -disse saindo pela porta fora.

Suspirei e comecei a ver o que havia nos armários. Procurei e não encontrei nada, tudo tinha mudado de sítio. Entretanto, já com uma taça com leite e à procura de uns cereais quaisquer, ouvi uns passos. Virei-me para trás e vi o Harry de boxeres encostado ao caixilho da porta a olhar para mim.

H. Bom dia - disse ele entrando na cozinha ainda de olhos meios cerrados. Deu-me um beijo na bochecha e pôs-se ao meu lado, olhando também para os armários brancos superiores. Uma das mãos coçou o seu pescoço e a outra permaneceu ao longo do seu corpo elegante enquanto bocejava- Quando é que chega o tempo das coisas serem comandadas telepaticamente? Era muito mais fácil! -resmungou e sentou-se na banca da cozinha

I hate myself because I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora